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Qual o efeito dos últimos eventos da Petrobras (PETR3;PETR4) para os investidores “gringos”? O Itaú BBA se reuniu com investidores institucionais americanos e, como esperado após o anúncio da estatal de que não pagaria dividendos extraordinários e o intenso fluxo de notícias sobre a empresa, ela esteve no centro das discussões dos estrategistas do banco com os estrangeiros no setor de petróleo.
Com uma aversão maior ao case da estatal ganhando espaço no mercado, o banco também aponta que discutiu outros nomes que poderiam funcionar como complemento ou alternativa a uma posição na estatal, incluindo as empresas petrolíferas independentes, distribuidoras de combustíveis e a Cosan (CSAN3). Entre esses, PRIO (PRIO3) continua sendo o nome mais conhecido e a de maior exposição dos institucionais atualmente.
Para os investidores internacionais, segundo o BBA, o medo de uma maior interferência do governo na Petrobras pesou mais negativamente do que a decisão de não pagar dividendos extraordinários em si. “Os investidores ficaram surpresos com a decisão do conselho de reter os dividendos extraordinários, mas o que gerou mais frustração para eles foi perceber a potencial influência política nessa decisão, combinada com o subsequente fluxo de notícias”, destaca relatório.
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No geral, os investidores acreditam firmemente que a governança da empresa pode impedir que projetos “imprudentes” sejam executados – e que, mesmo se alguns passarem, levariam muito tempo para se materializarem. Alguns investidores veem o risco de a Petrobras subsidiar novamente os combustíveis como mais prejudicial para a empresa do que um potencial aumento de capex (investimentos).
Mesmo que os eventos recentes sugiram para alguns investidores que a Petrobras poderia ser usada para cumprir propósitos políticos, outros ainda estão tentando entender quanto dessa conversa se traduzirá em mudanças reais nas decisões da empresa. Alguns investidores estão se perguntando se o recente fluxo de notícias é apenas um ruído negativo. Se for o caso, para eles “não seria tão ruim, seria apenas ruído”. Os investidores provavelmente se apegarão apenas ao rendimento de dividendos ordinários daqui para frente para avaliar o quão atrativo é o carrego da ação. Alguns investidores acreditam que o conselho eventualmente será convencido de que a escolha mais razoável seria pagar os dividendos extraordinários (pelo menos parte dos US$ 9 bilhões) ao longo do ano de 2024. Mas a maioria deles indicou que não considerará os dividendos extraordinários como garantidos.
Esses investidores mais céticos relataram ter sempre incorporado algum nível de influência política em seus casos base para a Petrobras, mas se perceberem um alto nível de influência (levando a uma má alocação de capital em projetos e aquisições de baixo retorno e preços subsidiados de combustíveis), possuir a ação, segundo eles, só seria justificado se oferecesse um prêmio significativo sobre seus pares (um rendimento de dividendos ordinários, ou dividend yield, o dividendo sobre o preço da ação, abaixo de 12% não seria suficiente).
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No geral, a cautela elevada provocada pelos eventos recentes ainda não se traduziu em mudanças materiais de posicionamento para a maioria dos investidores com quem o BBA conversou. A maioria deles já estava underweight (exposição abaixo da média do mercado) ou neutra em relação à Petrobras antes do anúncio de não pagar dividendos extraordinários e, neste ponto, ainda está tentando digerir os últimos desenvolvimentos. “Os investidores acreditam que a Petrobras é uma empresa forte, fundamentalmente falando, e que a ação poderia ter um bom desempenho se a empresa continuar entregando produção”, destaca relatório.
Em termos de preço, na avaliação de investidores, o valor atual das ações não reflete o pior cenário de uma influência governamental severa, e para alguns deles, tornou-se “muito difícil explicar” aos seus clientes por que eles deveriam possuir Petrobras em suas carteiras. No entanto, como os investidores internacionais estão menos envolvidos no fluxo de notícias do que os investidores brasileiros, eles podem estar mais dispostos a acreditar que isso é apenas ruído em vez de um risco adicional significativo para a história (e, portanto, menos propensos a fazer grandes mudanças de posicionamento).
O Itaú BBA aponta que empresas petrolíferas independentes são vistas como histórias de crescimento alternativas à Petrobras e PRIO é de longe o nome mais conhecido e com maior exposição dos investidores entre as empresas petrolíferas independentes brasileiras, mas compete com a Vista no espaço da América Latina. O banco destaca que os investidores recebem bem a história de crescimento de qualidade da PRIO e sua distância do ruído político que envolve a Petrobras.
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De acordo com relatório, a principal preocupação dos investidores em relação à PRIO é como a empresa continuará crescendo no médio a longo prazo se não encontrar boas fusões e aquisições. Em relação ao Wahoo, um possível atraso no projeto para 2025 não parece incomodá-los tanto, já que os investidores americanos têm uma orientação mais de longo prazo.
“Alguns investidores também estão observando as empresas onshore no Brasil, com a proposta de consolidação chamando a atenção para esses nomes”, diz relatório. “Enauta [ENAT3] permanece desconhecida, mas muitos investidores acharam a história interessante e pareciam dispostos a dar uma olhada mais de perto, dado que poderia ser uma alternativa ou complemento offshore para a PRIO”.
Para os investidores, empresas distribuidoras de combustíveis são vistas como histórias de qualidade, mas estão sendo negociadas a múltiplos pouco atrativos. Os investidores reconhecem que 2023 foi um ano incrível para as distribuidoras de combustíveis brasileiras e alguns lamentam não terem feito um movimento DE COMPRA antes, mas o sentimento geral foi de que as ações agora estão muito caras.
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Segundo o BBA, os investidores estão tentando descobrir quais serão os próximos passos para os principais players do setor (que eles esperam ser fusões e aquisições, especialmente para a Ultrapar [UGPA3]) e talvez estejam esperando por um ponto de entrada melhor.
Os estrategistas do BBA comentaram que a Cosan é vista como um investimento no Brasil (“um pequeno pedaço de tudo”), mas a complexidade ainda é mencionada como um impedimento. Entre os poucos investidores com quem discutiram o nome, os aspectos positivos da história são a qualidade da gestão, o modelo de negócios único da Compass e a percepção de que o desconto da holding é maior do que deveria ser neste momento. Por outro lado, o investimento na Vale (VALE3) permanece como um ponto de atenção, dada sua importância no portfólio da Cosan e a complexidade aumentada que trouxe para a história de investimento.