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A Petrobras (PETR4) normalmente divulga seu plano estratégico de cinco anos no final de novembro/início de dezembro, e a visão é de que o próximo plano estratégico (2025-2029) pode fornecer mudanças significativas que darão (i) à administração mais margem de manobra em termos de estrutura de capital e (ii) aos investidores mais visibilidade sobre a capacidade da empresa de continuar pagando dividendos extraordinários em 2025, aponta o Santander.
Os analistas do banco destacaram terem ficado mais confiantes de que a Petrobras poderia (i) aumentar seu teto de dívida bruta do nível atual de US$ 65 bilhões; (ii) dar mais clareza sobre sua posição mínima de caixa, que o banco acredita ser inferior a US$ 8 bilhões; e (iii) reduzir a projeção de capex (investimento) esperado para 2025 para um nível mais próximo de US$ 17 bilhões, dado o fluxo de notícias recentes e falas com o CFO.
“Acreditamos que tais mudanças seriam bem-vindas pelo mercado e poderiam desbloquear dividendos extraordinários adicionais para 2025, em um período em que o Governo Federal continua buscando soluções para seu problema fiscal”, apontam os analistas do Santander.
Além disso, o banco vê (i) espaço para pagamentos extraordinários de dividendos ainda em 2024 e (ii) projeta que o momentum operacional comece a melhorar em outubro em diante, o que reforça a sua visão otimista sobre a Petrobras e a torna a ação preferencial para navegar no atual mercado volátil de petróleo dentro de sua cobertura.
Confira os 3 pontos destacados pelo Santander para ficar de olho no plano de negócios:
1 – Um ajuste no teto da dívida bruta de US$ 65 bilhões. Com base nas estimativas do banco, os passivos de arrendamento da Petrobras atingirão perto de cerca US$ 43 bilhões até o final de 2025, dados os FPSOs (plataformas) arrendados adicionais a serem adicionados ao portfólio (FPSOs Marechal Duque de Caxias, Maria Quitéria, Almirante Tamandaré e Alexandre Gusmão).
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Se o teto da dívida bruta da Petrobras permanecer em US$ 65 bilhões, a empresa teria que reduzir a dívida financeira para US$ 22 bilhões (versus US$ 26,3 bilhões no 2T24). “No entanto, acreditamos que o teto da dívida bruta poderia ser alterado para dar mais margem de manobra para a administração acomodar arrendamentos no balanço. Além disso, acreditamos que a meta atual de US$ 65 bilhões foi criada em um período em que as operações da Petrobras eram menos lucrativas (ou seja, menos mix do pré-sal) e o custo da dívida estava bem acima do nível atual, reforçando nossa visão de que um teto maior poderia ser introduzido”, avalia o banco.
→ O CFO da Petrobras, Fernando Melgarejo, mencionou que a empresa está atualmente analisando várias métricas para seu plano estratégico, incluindo seu teto de dívida bruta de US$ 65 bilhões, em uma entrevista ao Valor. Além disso, Melgarejo observou que um aumento no teto da dívida bruta não significa que a empresa assumirá automaticamente mais dívidas, mas visa dar mais flexibilidade à gestão da estrutura de capital da empresa.
2 – Mais clareza sobre as posições de caixa mínima e de referência. No plano estratégico anterior, a Petrobras se concentrou em sua “posição de caixa de referência” de US$ 8 bilhões, enquanto em planos anteriores a empresa também se referiu à sua “posição de caixa mínima” de US$ 5 bilhões.
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“Dado que o novo CFO da empresa tem uma vasta experiência em tesouraria e histórico técnico, acreditamos que seria razoável esperar que ele desse mais clareza sobre este tópico, especialmente considerando o fato de que a Petrobras tem cerca de US$ 9 bilhões em linhas de crédito rotativas”, avalia.
→ Em uma entrevista ao Broadcast na última segunda, Melgarejo observou que a referência de caixa de US$ 8 bilhões está sendo revisada, mas sem detalhes específicos. Além disso, ele mencionou que a administração prefere trabalhar com caixa mínimo, e o excesso de caixa deve ser distribuído como dividendos extraordinários.
3 – O capex de 2025 pode ser reduzido para um nível mais próximo de US$ 17 bilhões (versus US$ 21 bilhões no plano atual). O Santander vê que a Petrobras só pode aumentar o capex em cerca de 20-30% a cada ano e, dado que o guidance para 2024 é de US$ 13,5-14,5 bilhões, acredita ser razoável esperar um capex de 2025 mais próximo de US$ 16-18 bilhões (versus US$ 21 bilhões no plano atual) — o banco já assume cerca de US$ 17 bilhões para o capex em 2025.
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→ A Reuters informou que a Petrobras poderia reduzir seu capex de 2025 para um nível mais próximo de US$ 17 bilhões, em um esforço para lançar um plano mais realista. Além disso, o artigo da Reuters mencionou que a Petrobras também poderia reduzir seu capex de 2025-29, priorizando projetos de E&P (exploração e produção) e focando em projetos que tenham investimentos menores e entreguem retornos maiores/mais rápidos.
Sobre o tema, o Bradesco BBI aponta que o nível de investimento, sendo reduzido para US$ 17 bilhões (cerca de US$ 15 bilhões excluindo leasing de equipamentos), está um pouco abaixo de sua estimativa. Além disso, os comentários do CFO sugerem que o nível ideal de caixa poderia ser reduzido.
“Ambos os comentários favorecem o pagamento de dividendos no curto prazo, o que deve ser bem recebido pelo mercado. Em relação ao plano de 5 anos, que atualmente é de US$ 102 bilhões, esperamos que este valor aumente”, avalia.
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Com o capex de 2025 menor, o Itaú BBA vê como um fator positivo para os dividendos de curto prazo, com os analistas do banco também estimando que o tamanho da revisão para baixo nos investimentos de 2025 indicado pelas notícias seria maior do que estimaram.
“Se assumirmos que a Petrobras anunciará US$ 17 bilhões de capex para 2025 e excluirmos os US$ 2 bilhões de leasing, chegaríamos a US$ 14,7 bilhões de capex potencial para 2025 (versus nossa estimativa de US$ 16,2 bilhões). Nesse cenário, vemos um rendimento de FCF [fluxo de caixa livre] para 2025 de 17,1% (versus nossa estimativa de 16,0%) e um rendimento de dividendos ordinários de 12,7% (ante nossa estimativa de 11,9%), o que implicaria um dividendo total de 14,6% incluindo dividendos extraordinários”, aponta o banco, que também tem recomendação equivalente à compra para as ações.