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O último fim de semana foi agitado para a Petrobras (PETR3;PETR4), o que leva as suas ações a terem uma sessão de queda. Às 10h07 (horário de Brasília), os ativos PETR3 e PETR4 caíam cerca de 1% na sessão desta segunda-feira (4).
A sexta-feira (1) terminou com a notícia de que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu à corte que investigue eventual conflito de interesse na indicação de Adriano Pires para a presidência da estatal.
Isso acontece porque Pires presta serviços para as principais multinacionais de petróleo, gás e energia, situação na qual poderia haver conflitos com base nos dispositivos da Lei nº 12.813/2013. Ele é fundador, sócio e dirigente da consultoria privada CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura.
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Ainda em destaque, Pires, segundo informações do portal Poder360, estuda se será possível aceitar o convite para ser o presidente da Petrobras. Pesa justamente na decisão uma exigência de deixar o CBIE sob comando de seu filho, Pedro Rodrigues Pires, hoje sócio-diretor do empreendimento. A Lei das Estatais impede que um executivo da Petrobras tenha parentes atuando no mercado para empreendimentos que possam ser considerados concorrentes.
Apesar do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) confirmar ao portal que o governo mantém a indicação do economista, as incertezas não se dissiparam.
Já no último domingo, o empresário Rodolfo Landim, presidente do Clube de Regatas do Flamengo, recusou a indicação ao posto de presidente do Conselho de Administração da estatal. Ele comunicou sua decisão em nota publicada no site do Flamengo e informou ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, através de uma carta. O governo ainda não informou quem será o novo indicado.
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Em nota, o empresário alegou que quer se dedicar inteiramente ao Flamengo. “Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo”, escreveu.
No entanto, riscos de questionamentos podem ter levado à desistência de Landim da indicação à presidência do conselho de administração da estatal. Nos últimos dias, as empresas de recomendação de voto ISS e Glass Lewis sugeriram a investidores estrangeiros que não votassem no empresário na assembleia marcada para o dia 13, informou o jornal Valor.
Segundo o Itaú BBA, essa incerteza quanto aos indicados aos cargos de presidente do conselho e CEO, surgindo pouco
antes da próxima assembleia geral de acionistas da empresa, prevista para 13 de abril, provavelmente desencadeará alguma volatilidade para a ação nesta semana.
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Se Adriano Pires recusar a sua nomeação, os analistas antecipam uma reação negativa do mercado. “Ressaltamos, no entanto, que essas incertezas não são motivo para desconsiderar os fundamentos – com os preços do petróleo em alta, esperamos que a Petrobras continue com uma geração de fluxo de caixa forte para este ano”, apontam os analistas do banco, que mantêm recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 38 para os ativos PETR4, ou potencial de alta de 15% em relação ao fechamento de sexta-feira (1).
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A XP também destaca que, embora veja as notícias como marginalmente negativas, pois isso poderia levar a alguma volatilidade nas ações, ainda vê a sua tese de investimento intacta, desde que o estatuto da Petrobras e a “Lei das Estatais” permaneçam em vigor, blindando a empresa. Na semana passada, a casa elevou o preço-alvo para os ativos da Petrobras, mantendo recomendação de compra e destacando o valuation barato e o potencial de pagamento de dividendos.
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O Bradesco BBI também aponta que as notícias devem trazer volatilidade às ações da PBR; especificamente sobre Pires, a volatilidade deve seguir até que seu nome seja confirmado de forma concreta.
Os analistas do banco apontam que, normalmente, a Petrobras realiza uma verificação antes que os nomes sejam votados na assembleia de acionistas. Desta vez, os nomes foram sugeridos no último minuto, então existe a possibilidade de que a verificação completa não seja totalmente realizada antes da reunião de 13 de abril.
O nome de Pires será apreciado pelo comitê de pessoas da Petrobras, e ele só assumirá oficialmente como conselheiro se seu nome for aprovado. Caso seu nome seja rejeitado, haveria duas opções: um dos diretores assume como conselheiro interino e CEO até que seja convocada nova assembleia geral extraordinária, ou o conselho escolhe outro CEO dentre os demais conselheiros. “Acreditamos que o primeiro seria mais provável”, avaliam os analistas.
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Revés importante
O Morgan Stanley, que está mais cético com o case na companhia, destacou em nota que vê as notícias como um revés importante, que podem causar volatilidade e pesar nos ativos, dependendo das soluções alternativas propostas.
“Permanecemos à margem das ações, evitando riscos políticos. A política de precificação de combustíveis da Petrobras está em destaque no Brasil, e não vemos uma maneira fácil de a empresa alterar os preços dos combustíveis para níveis de paridade enquanto o petróleo permanece em níveis altos, considerando os índices de inflação e a proximidade do ciclo eleitoral no país nos próximos meses”, avaliam.
Assim, reiteram preferirem “navegar no setor” por meio de empresas como a PetroRecôncavo (RECV3) e a 3R Petroleum (RRRP3), que acreditam “fornecer uma história mais limpa com um valuation pouco exigente”.
O Morgan Stanley, segue com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra), com preço-alvo de US$ 14 para os ADRs (American Depositary Receipt, na prática, as ações da companhia negociadas na Bolsa americana) PBR (equivalente aos ordinários), ou uma queda de 7,3% em relação ao fechamento de sexta-feira.
Já a Levante Ideias de Investimentos aponta que, desde a demissão de Silva e Luna, os mercados haviam reagido positivamente à indicação de Pires para a presidência da Petrobras, em função da sua ampla experiência no setor e seu posicionamento contrário à mudança na política de preços da companhia. No caso de Landim, já havia algumas ressalvas possíveis conflitos de interesse – que acabaram levando às articulações contrárias a seu nome.
Agora, o ambiente é de maior estresse devido às incertezas envolvendo tanto o novo nome para o Conselho quanto à permanência, ou não, do economista para a administração da petroleira.
“Como pano de fundo, ainda temos a questão dos combustíveis sem nenhum desfecho e a pressão do governo federal para que os preços das bombas sejam reduzidos, tendo em vista o cenário inflacionário e seus efeitos na popularidade do presidente em ano eleitoral. O que parecia ser um encaminhamento positivo para a Petrobras, uma vez que a demissão de Silva e Luna voltou a suscitar questionamentos sobre ingerência política na companhia, agora se tornou uma dor de cabeça para o governo e os acionistas”, avalia a Levante.
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