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A semana foi movimentada para a Petrobras (PETR3; PETR4), em meio a declarações na imprensa que levaram a revisões de análise para a companhia, ainda mais levando em conta a proximidade da divulgação do Plano de Negócios 2025-2030 (a ser revelado entre novembro e dezembro).
De acordo com o Bradesco BBI, os comentários recentes reforçam a visão de uma perspectiva para os dividendos da Petrobras seguindo sólida.
Com base nos comentários do CFO, Fernando Melgarejo, a visão é de um: (1) o capex (investimento) esperado da Petrobras para 2025 de US$ 17 bilhões (caindo de US$ 21 bilhões no plano atual), (2) a estatal não precisará necessariamente trabalhar com um nível de caixa ideal de US$ 8 bilhões (sugerindo que pode ser menor), e (3) a Petrobras poderia aumentar sua meta de dívida bruta total acima de US$ 65 bilhões, dado que a maior parte (dois terços) é composta por leasing (arrendamento mercantil, que funciona como um contrato entre duas partes).
Como resultado, o banco tem a percepção de que os investidores começaram a se interessar novamente pela ação, vendo a Petrobras como uma boa oportunidade de valorização até o final do ano, já que não apenas a probabilidade de um sólido dividendo extraordinário aumentou até o final de 2024 (provavelmente US$ 4 bilhões), mas também a perspectiva para 2025 melhorou.
Como resultado, o banco publicou cenários base, otimista e pessimista para os rendimentos de dividendos (dividend yield) em 2025.
Os três cenários são listados a seguir:
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(1) CASO BASE: preço do Brent a US$ 76/bbl (barril) no próximo ano, capex a US$ 17 bilhões e pagamento total de dividendos de US$ 11,7 bilhões. Do total, US$ 2,2 bilhões são com base nos resultados do 4T24, US$ 2,0 bilhões em dividendo extraordinário e US$ 7,5 bilhões relacionados ao 1T25-3T25; O nível de caixa seria de US$ 8,5 bilhões ao final de 2025.
(2) CASO OTIMISTA (BULL): preço do Brent a US$ 76/bbl no próximo ano, capex a US$ 17 bilhões e pagamento total de dividendos de US$ 15,2 bilhões. Do total, US$ 2,2 bilhões são com base nos resultados do 4T24, US$ 5,5 bilhões em dividendo extraordinário e US$ 7,5 bilhões relacionados ao 1T25-3T25, resultando em um nível de caixa de US$ 5,0 bilhões ao final de 2025.
(3) CASO PESSIMISTA (BEAR): preço do Brent a US$ 50/bbl no próximo ano, capex a US$ 17 bilhões, pagamento total de dividendos de US$ 5,3 bilhões. Do total, US$ 2,2 bilhões são referentes aos resultados do 4T24 e US$ 3,0 bilhões relacionados ao 1T25-3T25, resultando em um nível de caixa de US$ 2,0 bilhões ao final de 2025. Aqui, para manter sua política de dividendos, a Petrobras provavelmente teria que aumentar sua alavancagem com linhas de liquidez, ou a empresa poderia reduzir seu capex.
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“A perspectiva para os dividendos é sólida para 2025, especialmente se os preços do petróleo permanecerem acima de US$ 70/bbl e o nível de caixa ideal for reduzido para US$ 5 bilhões”, avalia o BBI. Por outro lado, a atratividade do rendimento de dividendos da estatal sob um cenário de petróleo a US$ 50/bbl dependeria em grande parte das políticas de dividendos de outros concorrentes.
“No entanto, um rendimento de 5,7% ainda seria ligeiramente mais atraente do que os 5% da Aramco dentro do contexto da América Latina”, veem os analistas.
Compradores em Petrobras
Em relatório, o BTG Pactual também destacou suas projeções de investimentos e dividendos para a companhia levando em conta as recentes declarações da estatal.
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O banco revisou para baixo sua projeção de investimento para 2025, de US$ 19 bilhões para US$ 16 bilhões. Isto implica um crescimento anual de 20% no próximo ano, o que, embora ainda significativo, é muito mais realista do que a orientação atual da empresa de US$ 21 bilhões para 2025, segundo os analistas.
No futuro, esperam que o plano estratégico de 5 anos aumente para US$ 94,5 bilhões a partir de 2025 vindo de US$ 91 bilhões (assumindo apenas investimentos em implementação), sem incorporar nenhuma operação de fusão e aquisição.
Com isso, as projeções para a geração de fluxo de caixa e distribuição de dividendos aumentaram. Com base na fórmula da Petrobras (FCF operacional menos capex), o BTG vê agora as ações sendo negociadas com um yield (rendimento) de fluxo de caixa operacional de 22% em 2025.
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Já usando o cálculo de fluxo de caixa para o acionista (que inclui todas as obrigações, amortização de arrendamento, resultados financeiros), o yield de fluxo de caixa para o acionista é de 11% . Isto se traduz em um dividend yield (dividendo em relação ao valor da ação) ordinário (45% do fluxo de caixa operacional menos capex) de 10% no exercício de 2025.
O modelo pressupõe que a posição de caixa da empresa será de cerca de US$ 10 bilhões no ano de 2025, o que significa que pagamentos extraordinários ainda serão possíveis se a administração decidir atingir seu saldo de caixa de referência de US$ 8 bilhões, embora isso não faça parte do cenário base do banco.
O BTG segue com compra para a ação e ainda acredita que uma combinação de assimetria positiva de estimativas de dividendos, uma nova equipe de gestão que tem apresentado surpresas positivas e riscos operacionais menores justificam a manutenção de uma visão construtiva.
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“Como não recomendamos mais a Petrobras como nossa tese principal (top pick) em agosto, o desempenho das ações provou (estarmos errados) que seus melhores fundamentos estão entre os melhores da categoria e que os riscos políticos estão precificados”, diz o banco. Os analistas ainda preveem novas revisões positivas das estimativas de lucro por parte do mercado, apesar de uma onda de revisões positivas os últimos meses, e consideram o preço do petróleo o principal risco de curto prazo para a sua tese.