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A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgará seu tão esperado plano de negócios 2025-2029 nesta quinta-feira (21), após o fechamento do mercado, já havendo uma prévia dos números no início desta semana como forma de esclarecimentos ao mercado.
O plano foi aprovado pela Diretoria Executiva, mas ainda está sujeito à aprovação do Conselho de Administração da empresa em uma reunião marcada para esta quinta. A companhia também agendou uma teleconferência com analistas para sexta-feira (22) às 14h20 (horário de Brasília).
O comunicado de imprensa de segunda contém informações parciais, mas parece estar mais ou menos em linha com as expectativas e também trouxe sinais para os proventos, apontam os analistas.
O plano prevê um capex (investimento) total de US$ 111 bilhões para o período de 2025-29, o que é maior do que as expectativas da XP de um capex total que estaria mais ou menos em linha com o plano anterior.
O capex desse plano aumenta em US$ 9 bilhões em relação ao plano anterior de US$ 102 bilhões (2024-28). Cabe ressaltar que o plano anterior foi dividido entre “em implementação” de US$ 92 bilhões e investimentos “em avaliação” de US$ 9 bilhões. O aumento em relação ao plano anterior é explicado por US$ 4 bilhões em E&P (exploração e produção) para US$ 77 bilhões em 2025-29 (de US$ 73 bilhões em 2024-28), dos quais o capex exploratório permaneceu praticamente inalterado em US$ 7,9 bilhões.
O downstream (refino) aumentou US$ 3 bilhões, de US$ 17 bilhões para US$ 20 bilhões (dos quais US$ 12 bilhões estavam “em implementação” e US$ 5 bilhões “em avaliação”).
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Além disso, no início da semana a estatal informou sobre um único número de produção de 3,2 Mboed (milhões de barris por dia) de produção total – a XP acredita que essa pode ser a produção total em 2029. Essa seria a mesma previsão de produção para 2028 no plano anterior.
O plano ainda projeta dividendos ordinários de US$ 45 bilhões ao longo de cinco anos, com espaço para distribuir mais US$ 10 bilhões em dividendos ordinários. Isso seria comparado a dividendos ordinários de US$ 52 bilhões em nossas próprias previsões (assumimos US$ 70/bbl Brent).
“No entanto, as distribuições de dividendos dependem da premissa do preço do petróleo, sobre a qual o comunicado à imprensa não comentou”, aponta a XP, que espera obter informações adicionais nesta quinta, quando o plano for aprovado pelo Conselho de Administração.
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Fora do plano de negócios 2025-2029, a XP acredita que a Petrobras ainda pode anunciar dividendos extraordinários com base nos resultados do ano fiscal de 2024. “Em nossa opinião, há espaço para uma distribuição de até US$ 4,5 bilhões com base no balanço do 3T24 (e US$ 6 bilhões se considerarmos os fluxos de caixa projetados até o final de 2024). Outra possível referência para dividendos extraordinários vem do orçamento do governo para este ano. Em nossa opinião, a Petrobras precisaria pagar um dividendo extraordinário de cerca de US$ 3,5 bilhões em 2024 para atender às previsões de dividendos da empresa embutidas no orçamento”, apontam os analistas.
Na visão do Bradesco BBI, a expectativa de pagamento de dividendos extraordinários de US$ 10 bilhões não limita os dividendos da Petrobras em um eventual cenário de possíveis preços mais altos do petróleo, um real mais depreciado ou desembolsos menores do que o esperado em capex nos próximos 5 anos.
O plano não deve interferir no pagamento de dividendos de US$ 3,6 bilhões que os analistas esperam ser anunciados nesta quinta, pois esse valor está relacionado à reserva de dividendos composta sobre o lucro líquido de 2023. “Em geral, com base nas informações preliminares divulgadas, continuamos esperando um plano amplamente favorável aos dividendos. Também esperamos que a Petrobras anuncie os dividendos extraordinários restantes relativos a 2023, que estimamos em US$ 3,6 bilhões”, avalia o BBI.
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Na visão da Genial, considerando os dados preliminares a serem plenamente divulgados, observa uma piora marginal pela perspectiva dos investimentos em relação ao Planejamento Estratégico do ano passado tendo em vista o incremento nos investimentos esperados (US$ 111 bilhões versus US$ 102 bilhões no ano passado, diluídos ao longo dos próximos cinco anos) e o fluxo de dividendos esperados pra o mesmo período (cerca de US$ 40-55 bilhões, entre 40-60% do valor de mercado atual da empresa versus US$ 45-65 bilhões no plano anterior).
Os analistas apontam ser importante mencionar que as ações da PETR4 negociam a múltiplos bem baixos em relação aos seus fundamento, fazendo com que exista espaço o suficiente em seu valuation para suportar eventos como esse. “Antes de qualquer coisa, vamos esperar o evento para maiores conclusões em relação a tese da empresa”, ressalta a Genial.
O Bradesco BBI também reforça que, embora a divulgação deva ajudar a ancorar as expectativas, o mercado não deve tirar conclusões precipitadas ainda.
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Isso porque o documento não especifica as premissas usadas para os preços do petróleo ou o câmbio na elaboração do plano.
Além disso, não especifica o nível de capex em avaliação. “Em nossa opinião, esta é uma informação importante, pois o mercado tende a se concentrar mais no capex em implementação, visto que o que está em avaliação ainda requer aprovação geral da governança para ser colocado em movimento e não tem um cronograma definido para desembolsos”, avalia. O cronograma sobre o tema também é uma informação importante, pois o mercado tende a se concentrar mais nas expectativas de capex de curto prazo, pois define o tom para a geração de FCFE (fluxo de caixa ao acionista) de curto prazo e, consequentemente, dividendos.
“Também ainda esperamos que o nível de capex esperado para 2025 seja reduzido dos US$ 21 bilhões do plano atual para um nível mais viável de US$ 15 bilhões a 17 bilhões”, avalia o BBI. Assim, ainda que a Petrobras já tenha divulgado alguns “spoilers” no início da semana sobre o plano de negócios, algumas definições ainda são aguardadas para o plano desta quinta, após o fechamento de mercado, com o detalhamento a ser dado na próxima sexta em teleconferência.