Petrobras deve subir valor do plano de negócios para total de R$ 614 bi: bom ou ruim?

Enquanto parte do mercado vê aumento dos investimentos com desconfiança, outra parte não vê investimento total sendo usado, sendo necessário saber a divisão desses valores

Lara Rizério

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Nos últimos dias, ganharam destaque as especulações sobre o novo Plano de Negócios para 2025-2030 da Petrobras (PETR3;PETR4), a ser anunciado em novembro.

De acordo com o Valor, os investimentos totais no próximo plano estratégico de 5 anos da Petrobras, podem chegar a até US$ 110 bilhões (ou R$ 613,8 bilhões), em comparação com o plano atual de US$ 102 bilhões para 2024-28. Segundo o artigo, o foco durante a próxima revisão deve ser no segmento upstream (exploração e produção), enquanto os investimentos em energias renováveis devem receber menos atenção em relação ao plano atual.

De acordo com os analistas da Genial Investimentos, a priori, as informações são marginalmente negativas.

O plano anunciado no ano passado significou um incremento em relação aos anos anteriores devido o interesse da nova gestão em realizar aquisições nos segmentos de refino e petroquímica – o que a casa de research acha pouco interessante e que acabou por não se materializar até o momento.

“Imaginamos que esse plano a ser anunciado vá ter características semelhantes, separando o capex ‘do dia a dia’ e outro volume para eventuais aquisições estratégicas (como ativos exploratórios fora do país)”, avaliam os analistas. A Genial ressalta ser sempre importante mencionar que o incremento no fluxo de investimentos deve, necessariamente, pressionar o fluxo de dividendos da empresa caso ele venha a se materializar.

Para o Goldman Sachs, as primeiras indicações do plano estão alinhadas com os comentários recentes da gestão sobre seu foco em entregar os resultados do negócio principal da Petrobras, onde a empresa possui vantagens competitivas claras.

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Além disso, acredita que o foco principal será na quantidade de projetos já sancionados pela empresa para os próximos anos em comparação com o tamanho total do plano. O plano provavelmente incluirá projetos em avaliação, que podem ou não ser executados.

“Por fim, acreditamos que há um limite para o aumento potencial do capex (investimentos em capital) no curto prazo (restrições na cadeia de suprimentos, capacidade de execução, entre outros), o que, em nossa visão, apoiaria a ideia de altos pagamentos de dividendos nos próximos anos”, aponta.

O banco vê espaço para um dividendo extraordinário de cerca de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 22,3 bilhões) a ser anunciado até o final deste ano e estimamos um fluxo de caixa livre de 12% em 2025 (a US$ 72 o barril do brent), que também poderia ser totalmente distribuído como dividendos, dado a posição confortável de alavancagem da Petrobras (1,1 vez a relação entre dívida líquida versus o Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações).

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“Além disso, observamos que a Petrobras reduziu sua orientação de capex para 2024 junto com os resultados do 2T. Nesse contexto, como mencionamos em nosso relatório de atualização, a Petrobras historicamente não conseguiu executar o total de investimentos originalmente esperado de acordo com os planos estratégicos da empresa”, avalia o Goldman.

O banco também nota que, dos US$ 102 bilhões previstos no plano estratégico atual da Petrobras (desenvolvido pela gestão anterior), US$ 11 bilhões estão alocados para investimentos em avaliação (com o restante de US$ 91 bilhões rotulado como investimentos em implementação, mais certos).

Para o Goldman, embora os investimentos totais reportados no próximo plano estratégico possam implicar um aumento nos investimentos em relação ao plano atual, será importante entender a participação dos projetos em avaliação no novo plano. Petrobras tem recomendação de compra para o Goldman, com preço-alvo de R$ 39,70 para PETR4, ainda que com um potencial de alta limitado de 7%.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.