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Em meio a um noticiário movimentado dos últimos dias, a Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou na última quarta-feira (3) seu resultado operacional do primeiro trimestre de 2023 (1T23).
A companhia estatal informou que fechou o primeiro trimestre do ano com produção média comercial de 2,352 milhões de barris diários de óleo equivalente (boe, petróleo e gás natural), queda de 4,5% na comparação comum ano atrás. Em relação ao trimestre anterior, houve alta de 1,2%, impulsionadas pelo avanço contínuo da plataforma P-71 na área do pré-sal de Santos.
As vendas de combustíveis caíram 5,5% sequencialmente, principalmente devido à menor sazonalidade da demanda e impactos da venda de REMAN; e (3) As importações de combustíveis (gasolina e diesel) diminuíram sequencialmente para 109 mil bpd (barris por dia) de 173 mil bpd no 4T22 também devido à menor sazonalidade da demanda. Além disso, as exportações líquidas de petróleo bruto aumentaram significativamente para 529 mil bpd no 1T23 (de 431 milbpd) devido ao menor consumo de combustível, bem como ao acúmulo de estoque no segmento downstream devido a paradas importantes no trimestre.
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O Bradesco BBI, assim como outras casas, destacou que não houve grandes surpresas no resultado operacional do 1T23 e as tendências do trimestre devem ser impulsionadas principalmente pelos cortes no preço do diesel.
Para o resultado do 1T23, a ser divulgado no próximo dia 11 de maio, o banco estima que a estatal registre um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 65 bilhões (US$ 12,6 bilhões), uma queda de 13% no trimestre, devido aos cortes nos preços dos combustíveis, preços mais baixos do petróleo e impostos de exportação em março.
Além disso, projeta um lucro líquido de R$ 39 bilhões (US$ 7,5 bilhões; -15% no trimestre), ajudado por um impacto não caixa da valorização do real no período.
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O Itaú BBA destaca que a utilização da refinaria foi de 85%, queda de apenas 1 ponto percentual (p.p.) no trimestre, apesar das paradas recordes para manutenção no trimestre, sinalizando os esforços da empresa para fortalecer a produção doméstica.
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Os analistas esperam que a empresa reporte Ebitda de US$ 13,2 bilhões no trimestre, queda de 8% em relação ao trimestre anterior, devido a menores volumes de vendas domésticas, menores preços de petróleo e menores margens de refino.
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Proventos: a grande expectativa
Com números sem grandes surpresas, o foco segue sendo nos dividendos da companhia. Sobre o tema, se a empresa decidir manter a atual política e pagamentos trimestrais, isso implicaria em um provento de cerca de R$ 2,50 por ação para o 1T23, representando um dividend yield (provento em relação ao dividendo) de cerca de 11%, ou US$ 6 bilhões, avalia o BBA.
Para o Bradesco BBI, o FCFE (fluxo de caixa) será sólido e o mercado precisará voltar a ficar atento aos dividendos. “Com base na política atual, acreditamos que a Petrobras pode anunciar US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões em dividendos. No entanto, será vital saber se a Petrobras anunciará uma nova política de dividendos antes da divulgação de seus resultados em 11 de maio”, apontam os analistas.
Na avaliação do Goldman Sachs, acontecimentos recentes (caso da manutenção integral dos dividendos do 4T22, sem a reserva estatutária) aumentam a chance da Petrobras anunciar um dividendo em linha com a sua política de pagamento atual (60% do fluxo de caixa menos capex), o que resultaria em um dividendo de cerca de US$ 4,7 bilhões para o 1T23.
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Contudo, os analistas do banco seguem com recomendação neutra para Petrobras, pois, apesar de um valuation relativamente barato (rendimento potencial médio de dividendos de cerca de 20% entre 2024 e 2026), veem o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos.
O Credit Suisse aponta que os dados de produção dão um viés positivo para a próxima publicação de resultados.
“O maior destaque ficou para a queda de 190 mil barris por dia de estoques, indicando uma venda maior do que a produção no trimestre, o que geralmente indica resultado forte à frente”, aponta.
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O banco prevê um Ebitda de US$ 14,1 bilhões no 1T23 (-2% no trimestre e -6% no ano), queda explicada por um preço de petróleo mais baixo. Os analistas também projetam uma forte geração de caixa, da ordem de US$ 6,4 bilhões. O caixa também se beneficiará de um fluxo inorgânico de cerca de US$ 2,1 bilhões, principalmente puxado por desinvestimentos, levando a um FCFE (orgânico + inorgânico) na casa de US$ 8,5 bilhões.
Os analistas esperam uma continuidade da política de dividendos e que isso possa se traduzir em um pagamento de US$ 4,3 bilhões (7% de yield) no 1T23. “Estamos com uma visão mais otimista nessa frente de dividendos e uma possível manutenção dos pagamentos”, avaliam.
Também na visão do Morgan Stanley, a Petrobras não trouxe surpresas para a produção de petróleo e gás, mas sim para exportações líquidas, acima de suas estimativas. Mesmo com o volume de vendas de gás natural ficando moderadamente abaixo do seu modelo, a contribuição de maiores exportações proporcionou um aumento no Ebitda do segmento de downstream (todas as transações de trading de petróleo são registradas na unidade de negócios de downstream).
“Aumentamos nossa estimativa de Ebitda do 1T23 em 6%, para US$ 13,5 bilhões (…) Prevemos um fluxo de caixa livre de US$ 8,5 bilhões após os juros, ou US$ 9,4 bilhões antes dos juros e de acordo com a fórmula da empresa sobre a política de dividendos”, apontam.
Os analistas do Morgan também acreditam que os resultados serão menos relevantes para o trimestre, com os dividendos continuando a ocupar o primeiro lugar.
“Debatemos extensivamente o potencial de distribuição de dividendos da PBR com os investidores nos últimos meses e concluímos que o consenso é uma distribuição de cerca de 40% do lucro líquido no 1T23. Também ouvimos expectativas mais construtivas, incluindo a possibilidade de manter a política de dividendos existente. Não ouvimos novos comentários da empresa desde que a nova diretoria assumiu e o novo Conselho foi eleito, o que gera muita incerteza sobre o próximo anúncio de dividendos, juntamente com os resultados do 1T23, em 11 de maio. Continuamos trabalhando com um cenário de 32,5 % de distribuição em nosso caso base, que é a média histórica entre 2000-2013. Mas a faixa de yield potencial é ampla (3–10%), tornando o 1T23 um evento importante para a ação”, avalia.
Já a XP projeta um Ebitda ajustado de US$ 13,5 bilhões (-3% no trimestre) e estima dividendos a serem declarados em cerca de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 1,9 por ação ou cerca de US$ 0,70 por ADR), mas há riscos de a nova diretoria optar por ignorar a atual política de dividendos e não declarar remuneração aos acionistas. “Ainda vemos as ações da Petrobras muito baratas, mas os riscos políticos continuam aumentando, enquanto os dividendos daqui para frente devem ser menos previsíveis”, avaliam.
Assim, todos os olhos se voltarão para o próximo dia 11 de maio, quando serão divulgados os resultados da companhia, que também devem dar mais indicações sobre a política de proventos da estatal.