Petrobras (PETR4): Jean Paul Prates é eleito CEO por unanimidade pelo Conselho; ações fecham em queda de 2,7%

O nome de Prates foi indicado no último dia 12 e desde então passou por análises de departamentos de governança da companhia

Equipe InfoMoney

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A Petrobras (PETR3;PETR4) informou que seu Conselho de Administração, em reunião realizada nesta quinta-feira (26) nomeou Jean Paul Prates como Conselheiro até a próxima Assembleia Geral de Acionistas e o elegeu para o cargo de presidente da estatal, este último com mandato até 13 de abril de 2023. Prates tomou posse em ambos os cargos nesta data.

O novo presidente fica assim no cargo até a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que irá efetivá-lo.

Nesta quinta, um pouco antes da confirmação do nome e depois do anúncio oficial, as ações da Petrobras registravam queda na Bolsa, apesar da alta do petróleo, e fecharam neste sentido. As perdas para as ações ON foram de 2,79%, a R$ 29,57, enquanto as PN caíram 2,75%, a R$ 26,20. Prates assume o comando interino da Petrobras já sob pressão da União, acionista controladora, por uma mudança nos rumos da política de preços de combustíveis, mas uma alteração significativa no curto prazo não é esperada por especialistas do mercado.

O nome de Prates foi indicado oficialmente pelo governo à Petrobras no último dia 12 e desde então passou por análises de departamentos de governança da companhia, que checam a integridade e a elegibilidade do senador para assumir o cargo tanto de CEO quanto de membro do conselho.

Pelas regras da Petrobras, Prates precisaria ser aprovado primeiro para membro do conselho. Em seguida, é nomeado presidente interino da companhia até ser realizada a assembleia geral de acionistas, quando poderá ser formalmente nomeado. A assembleia, cabe destacar, precisa ser convocada com ao menos um mês de antecedência.

Prates apresentou na quarta-feira sua renúncia do mandato de senador, conforme publicado no Diário do Senado desta quinta, horas antes da reunião do conselho de administração da estatal.

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A estatal era até então comandada por Henrique Rittershaussen, que passou ao cargo de CEO interino com a saída de Caio Mário Paes de Andrade. Paes de Andrade assumiu uma secretaria no governo de São Paulo.

Ao comentar a mudança no comando da estatal, o Itaú BBA apontou esperar uma mudança completa dos representantes do conselho indicados pelos acionistas controladores, e uma subsequente mudança significativa na diretoria executiva.

“Dado o cronograma do mandato e o fato de que o Ministério de Minas e Energia ainda não emitiu uma carta com seus indicados ao conselho, esperamos que as mudanças no conselho de administração e a extensão do mandato de Prates como CEO sejam concluídas no final do 1T23 [primeiro trimestre de 2023]”, apontam os analistas do banco.

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O Goldman Sachs destaca que a notícia de Prates na Petrobras não foi uma surpresa e que ele deve começar a anunciar os novos diretores da Petrobras em breve; o banco se atenta às mudanças que a nova gestão deve propor.

“As notícias sugerem que a intenção do novo presidente é mudar gradualmente a estratégia da Petrobras, tranquilizando o mercado de que não há nada drástico na agenda – principalmente no que diz respeito à política de preços de combustível da empresa”, avaliam.

Apesar de consideram os ativos com um valuation atrativo, os analistas seguem cautelosos em relação à empresa. “Reconhecemos o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos”, avaliaram.

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Tanto o Itaú BBA quanto o Goldman possuem recomendação equivalente à neutra para a ação da companhia.

Quem é Jean Paul Prates

Prates é advogado e economista, possui mestrado em Planejamento Energético e Gestão Ambiental (Universidade da Pensilvânia) e mestrado em Petróleo e Gás e em Economia de Petróleo e Motores pelo Instituto Francês do Petróleo.

Ele tem mais de 37 anos de experiência assessorando empreendimentos público-privados nas áreas de petróleo, gás, biocombustíveis e energia renovável no Brasil. Prates é coautor do atual quadro regulatório e de royalties para o setor de energia do Brasil e atuou como Secretário de Estado de Energia do Rio Grande do Norte, onde fixou residência desde 2005.

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Fundou o CERNE, o Centro de Estratégias em Energia e Recursos Naturais, um think-tank dedicado a ajudar o governo e as empresas a implementarem a inclusão social e estratégias multilaterais de investimento nesses setores. Ele também atuou no conselho consultivo de grupos de energia no Brasil e presidiu o Sindicato da Empresas do Setor Energético do Rio Grande do Norte (SEERN).

Prates, que também integrou equipe de transição de Lula, foi consultado pelo presidente eleito diversas vezes durante a campanha para o levantamento de informações ligadas ao setor de petróleo.

Ele já tem dado algumas sinalizações sobre como será a sua gestão na Petrobras. Prates tem expressado o desejo de transformar a Petrobras em uma empresa com forte presença em energia eólica offshore (no alto-mar), hidrogênio verde e biocombustíveis.

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Além disso, tem falado muito como vê a precificação dos combustíveis da estatal. No início do ano, Prates afirmou que não haverá intervenção direta nos preços de combustíveis, mas destacou que a ideia seria deixar de seguir o preço de paridade de importação – ou PPI, atualmente usado para reajustar os combustíveis – para calcular as cotações de venda de seus produtos refinados. “Hoje você simula um diesel feito em Roterdã, mais um frete, mais outras despesas e aplica no preço. Isso não premia quem produz aqui”, disse a jornalistas no último dia 4.

Prates também falou sobre suas ideias de aumento da capacidade de refino da estatal: ele apontou que elevar a capacidade é diferente de construir novas refinarias. Ele disse ser possível aumentar a capacidade de refino usando as mesmas instalações da refinarias já existentes com pedaços novos para determinados tipos de combustível”.

Analistas de mercado têm mostrado ceticismo para as ações da Petrobras com a “era Prates” no comando da estatal, com projeções de menores dividendos e maiores investimentos de capital da companhia.