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O Bradesco BBI reduziu a recomendação para as ações e os ADRs (American Depositary Receipts, na prática, os ativos negociados na Bolsa americana) da Petrobras (PETR3;PETR4), de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro, em meio a um fluxo contínuo de notícias negativas para a companhia.
O preço-alvo para os ativos preferenciais da empresa (PETR4) passaram de R$ 53 para R$ 26, um corte de 51%, e um potencial de alta de 6% em relação ao fechamento da véspera. O preço-alvo dos ADRs foi cortado pela metade, de US$ 20 para US$ 10 e um valor 3,2% abaixo do fechamento da véspera.
“O fluxo de notícias sobre a tese de investimento continua se deteriorando a cada dia”, apontando os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka, que assinam o relatório. Eles destacam a mudança do cenário político, ressaltando que, depois que vários relatos da mídia mencionaram possíveis mudanças na política de dividendos, preços de combustíveis e novos investimentos, a consultoria de risco político Eurasia (e também destaca pela XP Política) agora menciona a possibilidade de que a lei das estatais possa ser revogada por meio de medida provisória, com o apoio do Congresso.
“Se confirmado, isso seria um sinal muito negativo para a governança geral no Brasil, uma vez que a lei implantada durante o governo de Michel Temer garante diversos pontos de maior governança, incluindo a nomeação de gerentes com formação técnica (não política) na Petrobras”, afirmam os analistas. Na véspera, em meio às notícias, as ações caíram cerca de 3%; contudo, membros da equipe de transição do governo disseram desconhecer proposta para mudar a lei.
Agora, os analistas assumem que a companhia passará de uma política de dividendos de 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimento (60% do FCO menos o capex) para 50% do lucro, pois a empresa deverá desenvolver projetos em refino e transição energética.
As ações estão aparentemente baratas em relação aos múltiplos de valor da firma em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/Ebitda, na sigla em inglês) e preço sobre o lucro (P/L), com um grande desconto para pares, mas não o suficiente, na opinião de Falanga e Sadka. O desconto é entre 35% e 60% ante os pares globais, mas pressupondo a paridade de preços de combustíveis, que pode estar em risco.
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Neste sentido, no mercado local, os analistas possuem preferência por PRIO (PRIO3, recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 51) e 3R (RRRP3, outperform, preço-alvo de R$ 103), sendo bons nomes para operar a tese que os analistas possuem de preços do petróleo resilientes aliados a crescimento. “O principal risco é de mudanças na tributação do setor, que acreditamos ter diminuído com os preços atuais do petróleo”, apontam os analistas.
Cabe destacar que os últimos meses têm sido marcados por diversas revisões de recomendação para a Petrobras. No último dia 22 de novembro, o UBS BB fez um duplo rebaixamento para venda, Goldman Sachs, JPMorgan, Credit Suisse, por sua vez, cortaram as recomendações para neutra. No último dia 24, a Órama, assim como o UBS, reduziu a recomendação para venda, com preço-alvo para doze meses de R$ 22 para PETR4, também avaliando que os altos riscos já não compensavam o preço descontado.