Petrobras: ações sobem 3% com recuperação em novo dia com turbilhão de notícias

Investidores repercutem noticiário pós-reunião de Lula, Haddad, Prates e Silveira e possível indicação da Fazenda ao Conselho da estatal

Lara Rizério

Fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (FOTO ANDRÉ MOTTA DE SOUZA/AGÊNCIA PETROBRAS)
Fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (FOTO ANDRÉ MOTTA DE SOUZA/AGÊNCIA PETROBRAS)

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram recuperação parcial na sessão desta terça-feira (12), com ganhos de mais de 3%, após fecharem em queda nas últimas duas sessões. Apenas na sexta-feira caiu mais de 10%, em meio a reavaliações do risco da companhia após decisão sobre dividendos extraordinários. Já nesta terça, PETR3 subiu 3,03% (R$ 37,37) e PETR4 avançou 3,28% (R$ 36,82).

Na véspera, uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda (Fernando Haddad), o ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira) e o presidente-executivo da Petrobras (Jean Paul Prates) não trouxe novidades relacionadas aos dividendos extras, mas resultou no convite para a Fazenda passar a integrar o conselho de administração da estatal. Nesta terça-feira, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o ministro Fernando Haddad decidiu indicar Rafael Dubeux, que atualmente é seu secretário-executivo adjunto na pasta, para tal assento.

Analistas têm destacado a “montanha-russa” de acontecimentos para a estatal e os efeitos nas ações. O Itaú BBA aponta que, após os resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23) da Petrobras na última quinta-feira e a reação das ações na sexta-feira após o anúncio da não distribuição de dividendos extraordinários, houve mais uma “montanha-russsa” no mercado com o fluxo de notícias sobre a Petrobras ontem.

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O dia começou com notícias sobre uma possível revisão do anúncio de dividendos da semana passada. Foi indicado que houve alguns mal-entendidos. A notícia inicial foi recebida com algum otimismo pelos investidores, dada a indicação de um potencial revisão da decisão relativa aos dividendos extraordinários. Posteriormente, o fluxo de notícias sobre potenciais novos investimentos e a entrevista do presidente Lula ao SBT com críticas aos dividendos da estatal alimentaram mais uma vez as preocupações dos investidores sobre o nível de interferência do governo na empresa. O fluxo de notícias continuou após o fechamento do mercado com a confirmação de que Jean Paul Prates permanecerá como CEO da empresa, risco que vinha causando certo mal-estar entre os investidores desde o fim de semana, ressalta o BBA.

O Bradesco BBI, que logo após o resultado rebaixou a recomendação das ações PETR4 de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutra, ressaltou que a mensagem sobre a alocação de capital para a Petrobras está longe de ser clara e vê isso como negativo. Além disso, o fato de o Ministério da Fazenda aparentemente não ter pressionado por dividendos (conforme indicou Haddad em suas falas para a imprensa) não é um bom presságio para pagamentos mais elevados.

“Ainda acreditamos que os investidores poderão obter alguns dividendos extraordinários ao longo deste ano, mas o nosso cenário base é de US$ 2 bilhões e não mais de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões. Com isso, o rendimento de dividendos da Petrobras ficará em linha com o de seus pares globais”, apontam os analistas do banco. Abaixo o BBI cita os principais acontecimentos e qual o efeito para a tese de investimentos na Petrobras:

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1.Entrevista do presidente Lula no SBT (negativa para dividendos). Segundo o Bradesco BBI, o presidente deixou clara a sua oposição à distribuição de dividendos e quer que a Petrobras invista mais, ao mesmo tempo em que luta pela redução dos preços da gasolina, do diesel e do GLP. “A entrevista foi gravada antes da reunião do conselho da Petrobras para decisão sobre dividendos e foi exibida ontem, o que mostra que ele poderia ter tido alguma influência na decisão dos conselheiros”, aponta o banco.

2. A Petrobras poderia aumentar os investimentos (negativo para dividendos). Segundo matéria do jornal Valor, para aliviar as tensões na Petrobras, Prates concordou em acelerar os investimentos em construção naval e transição energética. Os valores mencionados, porém, eram extraordinariamente elevados (o que tira credibilidade). De qualquer forma, manteve o mercado se questionando se poderia ter outra revisão no próximo plano estratégico para alta de investimentos.

3. O Ministro Alexandre Silveira propôs uma cadeira no conselho do Ministério da Fazenda (fator potencialmente positivo para dividendos). Silveira sugeriu que o Ministério da Fazenda (comandado por Fernando Haddad) apresentasse um nome para substituir Sergio Rezende na diretoria (indicado pelo Ministério de Minas e Energia). Isso poderia dar à Fazenda mais influência no conselho de administração para tentar obter mais fundos provenientes de dividendos e deixar o CEO mais confortável para votar em linha com as propostas da administração. “Vale ressaltar que, caso o CEO se abstenha de votar e haja empate de 5 a 5, o presidente do conselho (Pietro Mendes, que votou pela retenção de 100% do caixa) tem a palavra final sobre o assunto”, aponta o BBI.

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4. Haddad apontou que o Ministério da Fazenda não pressionou por uma decisão sobre dividendos. Segundo o ministro, o resultado fiscal primário do Brasil não depende do dividendo extraordinário da Petrobras, especialmente porque outras empresas estatais tiveram resultados melhores do que o esperado. O ministro disse que o resultado fiscal será alcançado sem os recursos extraordinários e que ficou positivamente impressionado com o plano de investimentos da estatal.

(com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.