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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) inibem o Ibovespa de subir na mesma intensidade que as Bolsas internacionais hoje. Os papéis da petrolífera, junto com os da Vale (VALE3), têm o maior peso do índice. Mas enquanto a ação da mineradora subiu 0,95%, PETR3 e PETR4 fecharam em baixa, respectivamente, de 0,7% e 1,35%.
Nos últimos dias, a estatal foi impactada pela baixa nos preços das commodities, que repercutiram temores de uma recessão global. Mas nesta quarta-feira, o petróleo opera em alta no mercado internacional e as junior oils da B3, como PRIO (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), acompanham esse movimento. Não é o caso da Petrobras.
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A queda nos papéis da estatal hoje coincide com a proximidade das eleições presidenciais do domingo, segundo analistas. Primeiro colocado nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, é contrário à política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional.
Em entrevista exibida ontem no canal de TV SBT, o candidato voltou a sinalizar com mudanças. “A Petrobras faz prospecção de petróleo em real, ela refina em real. Ela precisa, então que o preço seja em real”, disse Lula.
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O ex-presidente também falou que o Brasil refina apenas 80% do combustível que consome e que o país “precisa refinar [mais]”, além de ser um exportador de derivados e não de óleo cru. O atual governo, por sua vez, é a favor da venda das refinarias da Petrobras.
Sobre o teto para alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), Lula disse que não deve alterar a legislação.
“A própria Suprema Corte já provou que a partir do ano que vem o ICMS vai reduzir. Eu não quero mexer com política que é de governador, que cuida dos seus impostos. Eu quero mexer com a política do presidente da República, que é o preço da Petrobras”, disse o candidato.
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“As falas do candidato sobre a política de preços da estatal fazem com que os investidores, com a aproximação das eleições, comecem a colocar ainda mais no preço esse fator”, diz Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.
“Além das falas sobre a política de preços, o candidato já deu sinalizações de que a estatal será utilizada como ferramenta de políticas públicas através de investimentos, e isso, para o acionista, significa uma menor distribuição de dividendos”, complementa o especialista.
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Marcelo Ornelas, gestor de renda variável da Kínitro Capital, diz que uma mudança de governo também tende a tirar o fluxo dos dividendos para políticas ESG.
“O candidato incumbente [atualmente no poder] não está indo nessa linha, o que preservaria o fluxo de caixa no curto prazo e seria mais bem visto pelos investidores. O outro, estaria mais em linha com energias verdes. Isso tiraria o fluxo de curto, atualmente muito canalizado em dividendos, para investir nessa linha”, diz Ornelas.
“O mercado penalizaria a ação como penalizou todas as empresas do mundo que entraram nesse tipo de investimento, de retorno mais duvidoso”, conclui o gestor. A Kínitro zerou posição em papéis da Petrobras por considerar que os papéis “não estão mais de graça” e pouco descontados em relação a seus pares internacionais.