Petrobras (PETR3;PETR4) fecha em baixa com novas falas de Lula sobre intervenção em política de preços

Líder das pesquisas, Lula defende que os preços praticados pela Petrobras sejam em reais, mesma moeda dos custos de prospecção e refino

Mitchel Diniz

Luiz Inácio Lula da Silva (Andressa Anholete/Getty Images)
Luiz Inácio Lula da Silva (Andressa Anholete/Getty Images)

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) inibem o Ibovespa de subir na mesma intensidade que as Bolsas internacionais hoje. Os papéis da petrolífera, junto com os da Vale (VALE3), têm o maior peso do índice. Mas enquanto a ação da mineradora subiu 0,95%, PETR3 e PETR4 fecharam em baixa, respectivamente, de 0,7% e 1,35%.

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Nos últimos dias, a estatal foi impactada pela baixa nos preços das commodities, que repercutiram temores de uma recessão global. Mas nesta quarta-feira, o petróleo opera em alta no mercado internacional e as junior oils da B3, como PRIO (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), acompanham esse movimento. Não é o caso da Petrobras.

A queda nos papéis da estatal hoje coincide com a proximidade das eleições presidenciais do domingo, segundo analistas. Primeiro colocado nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, é contrário à política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional.

Em entrevista exibida ontem no canal de TV SBT, o candidato voltou a sinalizar com mudanças. “A Petrobras faz prospecção de petróleo em real, ela refina em real. Ela precisa, então que o preço seja em real”, disse Lula.

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O ex-presidente também falou que o Brasil refina apenas 80% do combustível que consome e que o país “precisa refinar [mais]”, além de ser um exportador de derivados e não de óleo cru. O atual governo, por sua vez, é a favor da venda das refinarias da Petrobras.

Sobre o teto para alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), Lula disse que não deve alterar a legislação.

“A própria Suprema Corte já provou que a partir do ano que vem o ICMS vai reduzir. Eu não quero mexer com política que é de governador, que cuida dos seus impostos. Eu quero mexer com a política do presidente da República, que é o preço da Petrobras”, disse o candidato.

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“As falas do candidato sobre a política de preços da estatal fazem com que os investidores, com a aproximação das eleições, comecem a colocar ainda mais no preço esse fator”, diz Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

“Além das falas sobre a política de preços, o candidato já deu sinalizações de que a estatal será utilizada como ferramenta de políticas públicas através de investimentos, e isso, para o acionista, significa uma menor distribuição de dividendos”, complementa o especialista.

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Marcelo Ornelas, gestor de renda variável da Kínitro Capital, diz que uma mudança de governo também tende a tirar o fluxo dos dividendos para políticas ESG.

“O candidato incumbente [atualmente no poder] não está indo nessa linha, o que preservaria o fluxo de caixa no curto prazo e seria mais bem visto pelos investidores. O outro, estaria mais em linha com energias verdes. Isso tiraria o fluxo de curto, atualmente muito canalizado em dividendos, para investir nessa linha”, diz Ornelas.

“O mercado penalizaria a ação como penalizou todas as empresas do mundo que entraram nesse tipo de investimento, de retorno mais duvidoso”, conclui o gestor. A Kínitro zerou posição em papéis da Petrobras por considerar que os papéis “não estão mais de graça” e pouco descontados em relação a seus pares internacionais.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados