Petrobras (PETR3;PETR4) ganha R$ 22 bi de valor de mercado em apenas uma sessão, após alívio com novos nomes para a estatal

Analistas destacaram positivamente a indicação de nomes técnicos para a estatal, além de redução de incertezas sobre Assembleia dia 13

Lara Rizério

(Shutterstock)
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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram um dia de alívio, com os ativos ON subindo 5,01% (R$ 36,69) e os PN fechando em alta de 5,19% (R$ 34,04) com a melhora do humor do mercado em geral na reta final do pregão, mas também com o maior ânimo após a indicação de novos nomes – e considerados técnicos – para cargos de comando da estatal. Em valor de mercado, a companhia passou de R$ 441,32 bilhões para R$ 463,75 bilhões, ou um avanço de R$ 22,43 bilhões apenas na sessão desta quinta-feira (7).

Na noite da véspera, o Ministério das Minas e Energia (MME) enviou ofício com a indicação de José Mauro Ferreira Coelho e Márcio Andrade Weber para assumirem, respectivamente, o comando da estatal e de seu conselho. Os dias anteriores na semana tinham sido de muitas especulações e de corrida contra o tempo, após o impasse com a desistência de Adriano Pires e Rodolfo Landim para os respectivos cargos.

Os nomes abrem espaço para a manutenção da assembleia de acionistas, que precisa aprovar os nomes na próxima quarta-feira (13) e foram bem recebidos pelo mercado, por serem nomes considerados técnicos.

Coelho, indicado ao cargo de CEO, já ocupou importantes cargos técnicos no setor de Óleo & Gás (O&G) no governo e, em passado recente, defendeu a política de paridade de preços de importação da estatal em entrevista à Agência Brasil. Ele afirmou que o Brasil precisa acompanhar os preços externos para garantir o abastecimento, já que não refina todo o combustível consumido. Com isso, há uma maior indicação de continuidade da política de paridade de preços.

Para o Morgan, a indicação de Coelho foi uma surpresa, pois seu nome não havia sido mencionado entre mais de dez potenciais candidatos que circulavam na imprensa brasileira nos últimos dias. O banco destaca a sua atuação no exército brasileiro entre 1993 e 1995, o que poderia lhe dar uma vantagem na comunicação com diferentes áreas do governo. “Embora ele não tenha experiência em administrar uma grande empresa, seu conhecimento no setor deve tornar mais clara sua nomeação sob as regras da Petrobras, acreditamos”, apontam os analistas.

O UBS BB espera que, dado seu histórico mais no lado técnico e seu papel no PPSA (que trata da comercialização da participação do governo no campos do pré-sal), não exista nenhuma interferência na estratégia e no foco em andamento.

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Já Weber, indicado à presidência do conselho, já é membro do colegiado, o que facilita a sua aprovação como presidente. “Weber também é um nome altamente técnico, tendo trabalhado na Petrobras por 16 anos e contribuído para o desenvolvimento da Bacia de Campos e nas atividades internacionais da Petrobras. Possui também sólida experiência no setor privado”, destaca o Bradesco BBI.

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Para o UBS BB, Weber pode contribuir para a continuidade da estratégia da Petrobras e proporcionar alguma estabilidade em um período de mudanças, especialmente antes das eleições.

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O Itaú BBA acredita que ambos os indicados atendem aos requisitos estabelecidos no estatuto da Petrobras e aos critérios da lei das estatais. O Morgan Stanley aponta que a nomeação mostra que, até o momento, os mecanismos de governança e proteção da Petrobras estão funcionando. “Ainda assim, vemos essas nomeações como temporárias antes de um consequente ciclo eleitoral no Brasil no final do ano”, avalia o banco americano.

O Bradesco BBI avalia que ambos os nomes são indicações técnicas. “Acreditamos que até as eleições haverá pouco tempo para tentar implementar quaisquer mudanças na política de preços da Petrobras, e a abordagem deve ser muito semelhante às que estão sendo implementadas até agora”, ressaltam os analistas.

“As nomeações e o processo destacam a governança da empresa e a independência, reiterando assim nossa visão positiva para a Petrobras, vendo o risco fortemente inclinado para o lado positivo, aponta em relatório o UBS BB, destacando também o potencial de pagamento de dividendos da companhia.

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Apesar de terem projetado uma reação positiva do mercado, que se concretizou, o BBA avalia que a empresa pode continuar enfrentando desafios recorrentes para garantir a convergência de preços para paridade internacional no contexto dos altos preços do petróleo. Os analistas, contudo, seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações PN da estatal, com preço-alvo de R$ 38 (ou potencial de valorização de 17,5% frente o fechamento da véspera).

O Bradesco BBI também tem recomendação outperform para PETR4, com preço-alvo de R$ 50, ou um potencial de valorização de 55%. Na mesma linha, o UBS BB tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 44 para o ativo PETR4, ou upside de 36% em relação ao fechamento de quarta.

O Morgan Stanley, por sua vez, segue com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra), com preço-alvo de US$ 14 para os ADRs (American Depositary Receipt, na prática, as ações da companhia negociadas na Bolsa americana) PBR (equivalente aos ordinários), ou uma queda de 5,3% em relação ao fechamento de quarta-feira.

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“Permanecemos à margem das ações, evitando riscos políticos. A política de precificação de combustíveis da Petrobras está em destaque no Brasil, e não vemos uma maneira fácil de a empresa alterar os preços dos combustíveis para níveis de paridade enquanto o petróleo permanece em níveis altos, considerando os índices de inflação e a proximidade do ciclo eleitoral no país nos próximos meses”, avaliam.

A Levante Ideias de Investimentos ressalta que a  indicação de nomes com experiência no setor reduz parcialmente as incertezas relacionadas à direção da companhia. Com a expectativa de que os indicados para o comando da estatal continuem praticando a política de preços vigente e seguindo o plano estratégico já elaborado pela companhia para os próximos anos, a projeção era justamente de uma reação positiva nas ações no curto prazo.

“Vemos com bons olhos a estratégia seguida pela Petrobras desde 2017, que reduziu consideravelmente sua alavancagem, se desfez de ativos não estratégicos para focar em sua atividade core (exploração e produção em água profundas) e ainda possibilitou uma forte distribuição de dividendos. Apesar de acreditar que os futuros diretores da companhia continuem seguindo esta estratégia, qualquer mudança de direção pode afetar de forma contundente as ações da companhia”, avaliam.

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Assim, mesmo com essa temporária redução das incertezas, a Levante aponta seguir cética com a empresa, visto
que há uma eleição este ano que pode mudar tudo de uma hora para outra. “Desta forma, preferimos nos expor ao setor através de outros players que não possuem este risco político”, conclui.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.