Petrobras (PETR3;PETR4): Credit Suisse corta recomendação para ADR e entra no modo “esperar para ver” resultado da eleição

Analistas veem que fundamentos fornecem bases para atual preço das ações, mas que assimetria de curto prazo levando em conta a eleição não é mais favorável

Lara Rizério

(Shutterstock)
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O Credit Suisse reduziu a recomendação de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutro dos ADRs (recibo de ações, ou ativos negociados na Bolsa de Nova York) da Petrobras (PETR3;PETR4) PBR (equivalente aos ordinários). O preço-alvo  foi reduzido de US$ 20 para US$ 16, ou um potencial de valorização de 14,70% em relação ao fechamento de sexta-feira (14).

Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, analistas do Credit Suisse, apontam que o segundo turno presidencial do Brasil está a apenas duas semanas (30 de outubro) de acontecer, mas a Petrobras está negociando perto de máximas recentes.

“Certamente, os fundamentos fornecem bases sólidas para o atual preço das ações – ou valuations ainda mais altos. No entanto, após o forte desempenho das ações, pensamos que a assimetria de curto prazo levando em conta a eleição não é mais favorável. Assim, rebaixamos o papel, pois preferimos reduzir a exposição e esperar a etapa final da volatilidade eleitoral”, avaliam os analistas.

Eles esperam que os mercados avaliem o lado dos riscos considerando a próximas eleições. “Esperamos volatilidade à frente e acreditamos que PBR pode oferecer um ponto de entrada mais atraente com menos incerteza em um futuro relativamente próximo”, apontam.

Cardoso e Gumiero reduziram a sua estimativa para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para 2022 em 7%, para US$ 67 bilhões, enquanto mantiveram as estimativas para 2023. Já o corte no preço-alvo para US$ 16 ocorreu em meio ao custo de capital assumido mais alto. Os riscos para o case de investimento incluem (i) possíveis mudanças no capex, política de preços ou política de dividendos; (ii) risco de queda dos preços do petróleo; e (iii) o tema da transição energética de longo prazo.

De forma recorrente, os analistas estimam que a Petrobras gere cerca de US$ 7,5 bilhões em Fluxo de Caixa do Acionista (FCFE) orgânico por trimestre (rendimento de 8,6%) a preços atuais de petróleo e derivados. De forma anualizada, o rendimento seria de 34%, o que seria substancialmente maior do que seria normalmente o retorno exigido sobre os papéis.

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Além disso, todo esse fluxo de caixa livre provavelmente reverte em distribuição aos acionistas como dividendos – se o resultado das eleições não mudar direção da empresa, avaliam os analistas. “No entanto, a realidade é que o resultado eleitoral pode sim alterar a direção da empresa. Preferimos esperar e ver se esse será o caso”, apontam.

E complementam: “Corremos o risco de ficar fora de PBR quando os fundamentos sugerem o contrário. Talvez as eleições possam até ser o catalisador que as ações estão tanto esperando. No entanto, de uma perspectiva de risco-recompensa, preferimos ficar à margem e não ter medo de perder um rali em potencial”.

Os analistas apontam também o risco de queda dos preços do petróleo. Se o petróleo brent recuasse a US$ 70 o barril em 2023, o FCFE cairia para cerca de US$ 15 bilhões, mas isso ainda levaria a um yield (rendimento) alto, de 17%.

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Os riscos se tornam maiores se os mercados começarem a precificar aumentos significativos de investimentos. Ainda seria necessário algum investimento adicional de US$ 6 bilhões por ano além do plano de negócios para reduzir os rendimentos para um dígito. Por último, existe também o risco de descarte da política de dividendos e interrupção deles em
antecipação a investimentos futuros.

“Não achamos que isso seja muito provável no curto prazo, mas o mercado de ações pode precificar alguns dos riscos de longo prazo, especialmente se estiver em um mau humor pós-eleitoral”, aponta,

Já para o terceiro trimestre de 2022, os analistas esperam resultados fortes e altos dividendos novamente, uma vez que os preços médios do brent foram de US$ 98 o barril no período.

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“Na verdade, acreditamos que a Petrobras poderia anunciar dividendos de US$ 6 bilhões a US$ 9 bilhões (rendimento de 7%-10%) no 3T22. (…) Não completamente descartado, há também um cenário mais remoto em que a empresa poderia pagar até US$ 12 bilhões em dividendos, dependendo de quanto embolsou de desinvestimentos e do fluxo de caixa livre esperado no 4T22”, destacam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.