Petrobras: em sessão turbulenta, ações fecham em queda com críticas de Lula sobre dividendos

Segundo o presidente, "a Petrobras não é apenas empresa de pensar nos acionistas, precisa pensar nos investimentos", tendo que "pensar também em 200 milhões de brasileiros que são sócios dessa empresa"

Equipe InfoMoney

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Mais uma sessão de turbulência da Petrobras (PETR3;PETR4). Após o tombo na sexta-feira (8), as ações da estatal abriram em queda, viraram para alta com os investidores atentos a notícias sobre uma possível reversão na decisão do Conselho de Administração de represar os dividendos extraordinários da companhia, amenizaram os ganhos com os investidores digerindo a notícia e viraram para baixo novamente no fim do pregão com as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O saldo final do pregão foi negativo: PETR3 caiu 1,92%, a R$ 36,27, e PETR4 caiu 1,30%, a R$ 35,65.

Mais cedo, o Broadcast apontou que integrantes do conselho da estatal ligados ao governo Lula poderiam mudar seus votos contra o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas. Eles derrotaram a proposta da diretoria dos 50% dos dividendos extraordinários para reserva e 50% para pagamento agora. Segundo a versão dessas fontes, Lula não teria gostado da repercussão negativa da decisão e da queda de ações e, no fim de semana, interpretou que foi induzido a erro, apesar de alertas de Jean Paul Prates, que está em conflito com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Já em entrevista ao SBT divulgada no fim da tarde, com divulgação de trechos por volta das 16h40, Lula expôs a contrariedade com a política de pagamento de dividendos robustos da estatal, fazendo as ações virarem para baixo.

Confira abaixo o movimento das ações durante o pregão:

Segundo o presidente, “a Petrobras não é apenas empresa de pensar nos acionistas, precisa pensar nos investimentos”, tendo que “pensar também em 200 milhões de brasileiros que são sócios dessa empresa”. O presidente afirmou na entrevista não ser correto a Petrobras distribuir R$ 80 bilhões de dividendos e que R$ 40 bilhões a mais poderiam ser colocados pela estatal para investimentos, pesquisa, navios e sondas.

De acordo com ele, houve uma “conversa séria do governo com a direção da Petrobras porque é preciso a gente pensar no povo brasileiro” e que tem compromisso com o povo de reduzir o preço da gasolina, do gás de cozinha e do diesel. Ele ainda afirmou que não tem por que ter preço dos combustíveis equiparado ao mercado internacional.

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O presidente da República ainda fez novas críticas ao mercado: “se eu for atender apenas choradeira do mercado não se faz nada; mercado é dinossauro voraz, quer tudo para ele e nada para o povo”.

Mais cedo, esteve no radar dos investidores a entrevista de Prates para a GloboNews desta segunda. O executivo da estatal disse que a decisão do não pagamento de dividendos extraordinários não partiu de ordem do presidente Lula (PT), ao contrário das especulações na semana passada. “O presidente não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos. Nós estamos discutindo isso com o acionista majoritário dentro dos espaços possíveis. Houve uma discussão a tempo do anúncio do balanço, havia necessidade de fechar o balanço. E foi definido que a gente adiaria a discussão”, disse.

Mais cedo, analistas do Goldman Sachs mantiveram a recomendação de “compra” para os papéis, mas reconheceram que aumentou o risco de se investir na companhia após os eventos recentes e cortaram o preço-alvo das ações.