Petrobras: mudanças de pessoal ligam alerta para tese na ação, mas BofA mantém compra

Manutenção da recomendação é baseada em expectativa de que dividendos se mantenham

Equipe InfoMoney

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Foto:
REUTERS/Sergio Moraes
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Foto: REUTERS/Sergio Moraes

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Em relatório às vésperas dos resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) da Petrobras (PETR3;PETR4), o Bank of America destacou algumas indicações recentes na imprensa de que, desde a nomeação da nova CEO, Magda Chambriard, várias mudanças de pessoal ocorreram na estatal, o que causa temor aos investidores.

Essas mudanças incluem diretores executivos como o CFO, Diretor de exploração e produção e o Diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, gerentes de nível médio e também mudanças no Comitê de Auditoria Estatutária. O jornal O Estado de S. Paulo estima que cerca de 60% dos gerentes executivos da empresa foram substituídos.

Para os analistas do BofA, essas mudanças decorrem, em última análise, do interesse do governo em transformar a Petrobras em um motor para fomentar o crescimento econômico (como em governos anteriores do PT) acelerando/aumentando o capex (investimentos em capital).

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“Nossa impressão é que as mudanças recentes desde que Magda Chambriard se tornou a nova CEO visam introduzir diretores/gerentes na empresa com laços mais fortes com a atual administração do PT, que talvez possam facilitar ou suavizar o processo de atingir esse objetivo”, avalia o banco.

Para os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Marcondes e Mariana Leite, essas mudanças geram algumas preocupações. “Ultimamente, em nossas interações com investidores, vários expressaram preocupação com essas mudanças e as implicações negativas que elas trazem para a governança corporativa. Em nossa opinião, a nova CEO chega com um mandato para acelerar os investimentos e isso, em nossa visão, é um dos principais riscos no caso de investimento”, avalia o trio de análise.

No entanto, em seu recente relatório de elevação de recomendação da Petrobras para compra, no fim de junho, o BofA argumentou ser improvável que, em um horizonte de 9-12 meses, o aumento do capex/fusões e aquisições desvie materialmente o principal pilar de sua tese construtiva (ou seja, retornos de caixa atraentes), dado o processo de aprovação em várias camadas para aprovar investimentos.

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Além disso, historicamente, a Petrobras tende a gastar menos do que o guidance (projeção) de capex (geralmente gasta 80% da orientação de capex). Em última análise, o banco vê assim dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) de mínimos 9% nos próximos três trimestres. Mas, com pagamentos de dividendos extraordinários, esse rendimento pode aumentar para 13,5%.

O BofA também vê alguns eventos/decisões recentes como positivos e que aumentam o conforto com a governança corporativa: (1) manutenção da atual política de dividendos de 45% do FCF (fluxo de caixa livre); (2) manutenção da política de preços de combustíveis e ajustes recentes para cima nos preços da gasolina, que agora estão com um desconto de apenas 4% em relação à paridade de importação; e, mais importante, (3) recente acordo de disputas fiscais no valor de R$ 45 bilhões com um desconto de 65% e permitindo que a empresa use créditos de prejuízo fiscal e depósitos judiciais para cobrir uma grande parte desse pagamento, implicando em um pequeno desembolso líquido de caixa.

“Portanto, em última análise, também vimos alguns eventos positivos recentes desde a nomeação do novo CEO”, aponta o BofA.