Petrobras fará expansão controversa em fertilizantes e levanta preocupação no mercado

Contudo, analistas seguem otimistas com a tese de investimentos na petroleira

Felipe Moreira

(Divulgação/Nutrien)
(Divulgação/Nutrien)

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O Conselho de Administração da Petrobras (PETR4) aprovou que a empresa avance com o projeto bilionário UFN-III, uma fábrica de fertilizantes. A decisão envolve a conclusão da construção da planta de produção de fertilizantes em Três Lagoas, no estado de MS, que está inativa desde 2015.

A XP Investimentos avalia que o projeto não é relevante para o caso de investimento da Petrobras, com capex remanescente estimado em R$ 3,5 bilhões, o que representa 0,7% do valor de mercado até 2028.

Por outro lado, a equipe de research da XP comenta que o aspecto qualitativo da decisão de investimento levanta preocupações sobre a futura alocação de capital no próximo plano de negócios.

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“A decisão de investir em fertilizantes é controversa por causa de seus retornos mais baixos, mas não é totalmente inesperada”, explica corretora. “A Petrobras assegurou aos investidores que a decisão de investimento segue diretrizes de governança muito rígidas para garantir a criação de valor para os acionistas.”

A XP, por outro lado, disse que ainda está otimista e a Petrobras continua sendo uma de suas principais opções no setor.

Embora reconheça que o projeto até o momento tenha seguido todos os protocolos de governança estabelecidos para garantir uma alocação de capital apropriada, o BTG Pactual acredita que a capacidade da companhia de gerar taxas interna de retorno (TIRs) reais acima de 20% continua amplamente restrita ao seu negócio principal de exploração e produção de petróleo e gás (E&P), e as vantagens competitivas da empresa em setores como fertilizantes não são evidentes (principalmente devido às condições específicas do Brasil).

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Diante disso, o BTG espera que os investidores, com razão, manterão um grau elevado de ceticismo em relação aos retornos esperados desses empreendimentos.

Segundo projeções do BTG, o desembolso médio anual de caixa do projeto deve representar apenas 0,2% do valor de mercado da estatal. Além disso, embora seja verdade que o projeto UFN-III não estava incluído nos “projetos em implementação” e, portanto, não tenha sido considerado em nosso modelo, para fins de dividendos, o impacto esperado da UFN-III no dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) da Petrobras é de apenas 10 pontos-base (bps) por ano.

No geral, o BTG reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 52, pois vê o papel como uma oportunidade atraente de risco-retorno, com potencial de valorização em dividendos e produção.

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Com a aprovação, o BBI explica que o capex deste projeto deve ser transferido do capex em avaliação para o capex em implementação, portanto espera um aumento na estimativa anual de capex, embora pequeno, dado que o investimento total no projeto está previsto em R$ 3,5 bilhões.

O sucesso deste projeto, na visão do BBI, depende fortemente do acesso da planta de fertilizantes à matéria-prima competitiva proveniente do gás natural barato.

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