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BRASÍLIA (Reuters) – As consequências da falta de dividendos extraordinários da Petrobras (PETR3;PETR4) podem ter mudado o equilíbrio de forças em um cabo de guerra entre o CEO da empresa estatal e o ministro de Minas e Energia que controla o conselho de administração.
O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, viu sua proposta de dividendos extraordinários, amplamente esperada pelos acionistas, ser rejeitada na quinta-feira passada, bloqueada por membros do conselho nomeados pelo governo. No dia seguinte, as ações da Petrobras despencaram mais de 10%.
O episódio fez soar o alarme no mercado sobre os riscos políticos para a maior empresa petrolífera da América Latina, que estava sobrecarregada com dívidas pesadas, investimentos improdutivos e escândalos de corrupção quando o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no poder pela última vez, há alguns anos.
Prates avisou Lula em uma reunião no início da semana passada que a retenção dos dividendos extraordinários seria um desastre, prejudicando a confiança dos acionistas minoritários, disseram à Reuters pessoas familiarizadas com o assunto.
Mas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que exerce influência por meio do conselho da Petrobras, convenceu Lula, na reunião da semana passada, de que a estatal deveria usar o dinheiro para aumentar os investimentos, disseram as fontes. Elas disseram que o chefe de gabinete de Lula, Rui Costa, também simpatizou com a opinião de Silveira. A Petrobras, a assessoria de imprensa de Lula e o Ministério de Minas e Energia não responderam aos pedidos de comentários.
Embora Lula tenha escolhido Prates pessoalmente para o cargo na Petrobras, e o relacionamento entre eles tenha resistido a um primeiro ano difícil, o CEO percebeu que estava em desvantagem. No fim de semana, ele procurou o ministro da Fazenda Fernando Haddad, buscando “contrabalançar” a pressão de Silveira e Costa, de acordo com uma das fontes, que falou sob condição de anonimato.
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A confiança de Lula em Haddad ajudou o ministro da Fazenda a aprovar novas regras orçamentárias e a lutar pela disciplina fiscal, apesar do fogo amigo da base política do presidente esquerdista. Um grande pagamento de dividendos extraordinários ao governo, o maior acionista da Petrobras, também ajudaria a equilibrar o orçamento federal.
Quando Lula, Prates e Silveira se reuniram novamente na segunda-feira para discutir os planos para a Petrobras, Haddad estava presente na reunião. Depois disso, tanto Haddad quanto Silveira repetiram as garantias do CEO de que o dinheiro reservado do lucro do ano passado seria eventualmente usado para os dividendos dos acionistas.
Talvez mais importante, Silveira disse que Haddad nomearia um membro do conselho da Petrobras em uma reunião de acionistas no próximo mês, diluindo a influência do ministro de Minas e Energia no conselho.
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Haddad planeja nomear Rafael Dubeux para o assento no conselho, disseram duas fontes à Reuters. Dubeux é um funcionário sênior do Ministério da Fazenda, responsável por um programa para impulsionar o investimento em desenvolvimento sustentável.
A medida marca uma reversão em relação ao mês passado, quando fontes disseram que o governo estava planejando renomear seus seis membros do conselho da Petrobras, em um sinal da influência contínua de Silveira.
O ministro da Energia tem sido um crítico aberto da administração da Petrobras sob o comando de Prates, criticando o que ele chama de preços altos dos combustíveis e planos de investimento abaixo do esperado. Essas críticas têm se alinhado frequentemente com a retórica do próprio Lula sobre a empresa estatal, que ele criticou por pagar dividendos excessivos durante o governo anterior.
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Lula pediu novamente em uma entrevista de TV na segunda-feira que a Petrobras pague dividendos menores aos acionistas e invista mais em projetos que ajudem todos os brasileiros.
Ainda assim, com Haddad ao seu lado, Prates pode achar mais fácil levar a melhor em futuros debates no palácio presidencial — e no conselho da Petrobras. “Até a semana passada, parecia que Prates estava por um fio. Mas o cenário mudou — ele está se segurando”, disse uma fonte do governo.