Petrobras e Vale sobem mais de 3%; Usiminas ON dispara 35% e B2W salta 21% em 2 dias

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa virou para alta na reta final do pregão desta quarta-feira (6), acompanhando o mercado americano, após a ata do Fomc (Federal Open Market Committee) mostrar menos confiança dos membros do Federal Reserve para elevar os juros em um futuro próximo. 

O movimento foi seguido pelos preços do petróleo, que viraram para alta nesta tarde, puxando para cima as ações da Petrobras e contribuindo para essa arrancada do Ibovespa. Outras ações ligadas a commodities, como Vale e siderúrgicas, também passaram a figurar no campo positivo nesta tarde. 

Fora do índice, chamou atenção as ações ordinárias da Usiminas, que atingiram alta de 36% na máxima do dia, em meio à disputa pelo controle da empresa, com a Nippon Steel acirrando conflito com seus sócios na siderúrgica. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira:

Usiminas (USIM3, R$ 7,12, +34,85%; USIM5, R$ 2,07, +1,97%)
As ações ordinárias da Usiminas deram um salto de 35,61% na máxima do dia, indo para R$ 7,16, em dia de forte volume financeiro, que atingiu R$ 4,029 milhões, contra média diária de R$ 495,3 mil dos últimos 21 pregões. Com a disparada de hoje, as ações ONs da companhia atingiram seu maior patamar desde novembro de 2015. Enquanto isso, os papéis preferenciais da siderúrgica seguiram em leve alta nesta sessão, com volume abaixo da média diária (R$ 57,9 milhões, contra média de R$ 61,15 milhões).  

A “explosão” da ação ocorre em meio à briga pela Nippon Steel & Sumitomo Metal pelo controle da empresa, disse o operador da mesa do Daycoval, Renan Alpiste. No radar da companhia, a Nippon Steel & Sumitomo Metal endureceu seu conflito com a sócia no bloco de controle da Usiminas, o grupo TerniumTechint, por meio de um informe publicitário divulgado ontem no jornal Valor Econômico e uma entrevista coletiva de um de seus principais executivos no Brasil. A siderúrgica japonesa não aceita a eleição de Sergio Leite, indicado pela Ternium com apoio dos empregados, da Previdência Usiminas e do minoritário BTG Pactual, classificando a decisão como irregular e ilegal.

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Em entrevista coletiva realizada em São Paulo, Yoichi Furuta, diretor da Nippon Steel e conselheiro da Usiminas, declarou que a melhor solução seria acertar as pontas para resolver o conflito societário, que se arrasta há dois anos, embora não haja nenhuma negociação em curso. Uma das possibilidades aventadas por ele seria uma reestruturação do setor, por meio de fusões e aquisições que incluíssem a empresa mineira. No entanto, ele ponderou que uma consolidação dependeria de uma liderança em nível nacional, o que não deve ocorrer agora, principalmente por conta da atual turbulência política no país.  

Vale e siderúrgicas
Com o mercado buscando recuperação esta tarde, as ações da ações da Vale (VALE3, R$ 16,29, +1,43%; VALE5, R$ 13,19, +2,25%), Bradespar (BRAP4, R$ 9,38, +3,08%) – holding que detém participação na mineradora – e as siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 9,06, +5,23%), Gerdau (GGBR4, R$ 6,14, +2,33%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,07, +2,48%) viraram para alta, afastando-se do mau humor registrado mais cedo. 

A recuperação dos papéis, no entanto, aparece descolada do movimento do minério de ferro desta sessão. Nesta quarta-feira, o minério cotado no porto de Qingdao, na China, recuou 0,52%, a US$ 55,93 a tonelada. 

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Petrobras (PETR3, R$ 11,69, +3,09%; PETR4, R$ 9,50, +2,26%)
As ações da Petrobras viraram para alta, em meio à reviravolta do petróleo, que retomou para o campo positivo nesta tarde. Depois de dois dias de queda, os compradores voltaram para a commodity, apesar de analistas alertarem para o fato de que o mercado provavelmente permanecerá sob pressão do excesso de gasolina nos Estados Unidos e preocupações econômicas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. O contrato Brent registrou alta de mais de 1%, a US$ 48,72 o barril, enquanto o WTI subiu 1,78%, a US$ 47,43 o barril. 

No radar da Petrobras, a estatal informou que concluiu esta semana as investigações da comissão interna de apuração sobre desvios em contratos de fornecimento de mão de obra e prestação de serviços das empresas Hope e Personal e sobre o Benefício Farmácia, que verificaram desvios de normas e procedimentos internos que constituem violações passíveis de punições. As investigações apuraram o envolvimento de 26 pessoas e recomendaram sanções a 20 delas. A Petrobras conduz, regularmente, apurações internas de denúncias, além de encaminhar os relatórios finais às autoridades competentes.

Segundo notícia do Valor de ontem, a investigação da Petrobras sobre irregularidades nos contratos de fornecimento de mão-de-obra terceirizada da Hope Recursos Humanos e da Personal Service Recursos Humanos e com o Benefício Farmácia detectou envolvimento de 26 funcionários, sendo que 20 receberam sanções por desvios de conduta que a empresa não especificou. Desses, três foram demitidos na sexta-feira, inclusive “empregados com níveis gerenciais”, mas não foram mencionados.

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B2W (BTOW3, R$ 11,35, +7,28%)
As ações da B2W dispararam pelo segundo pregão seguido, acumulando no período alta de 20,8% e indo para a máxima desde maio deste ano, após conclusão – no dia 30 de junho – do prazo para exercício do direito de preferência na subscrição das ações no aumento de capital da companhia. No período, foram subscritas 55.087.727 ações ordinárias da empresa, ao preço de emissão de R$ 10,00 por ação, totalizando o montante de R$ 550,8 milhões. Sobraram 27.212.273 ações para serem subscritas, segundo comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pela companhia na noite da véspera.

Das 82,3 milhões de ações disponíveis, a Lojas Americanas (LAME4, R$ 17,00, -1,03%) subscreveu 45,8 milhões de ações e os minoritários 9,3 milhões. Até agora, a Lojas Americanas injetou R$ 458 milhões na B2W, podendo chegar a mais de R$ 684 milhões ou R$ 730 milhões, dependendo do nível de interesse dos minoritários, o que resultaria em uma fatia de 62,27% a 63,62% da varejista online, comentaram analistas do BTG Pactual. “O mercado estava no aguardo para saber qual seria a participação da Lojas Americanas e, agora que isso já é conhecido, não temos mais ‘overhang’ (excesso de liquidez no mercado)”, disseram os analistas. Em suma, o “overhang” ocorre porque do lado da oferta conta-se com uma maior quantidade de papéis para vender sem, necessariamente, contar com um aumento na procura por esses ativos, desequilibrando a relação entre “ofertaXdemanda”. 

Já o Credit Suisse ressaltou que o resultado ficou em linha com as expectativas dado o incentivo limitado para os minoritários subscreverem. Eles acrescentaram que, embora acreditem que a estratégia está correta e que a empresa esteja construindo uma vantagem competitiva real, não estão convencidos de que essa será a última recapitalização. 

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Cosan (CSAN3, R$ 34,29, +1,72%)
As ações da Cosan subiram, apesar de o Credit Suisse ter cortado hoje a recomendação das ações da companhia de outperform (desempenho acima da média) para neutra. Por outro lado, o banco manteve São Martinho (SMTO3, R$ 52,60, -0,17%) e Biosev (BSEV3) em outperform. 

Apesar da revisão para baixo na recomendação da Cosan, os analistas do banco comentaram em relatório divulgado nesta manhã que aumentaram comentários sobre a possibilidade de retirada em breve de incentivos fiscais das companhias/aumento de tributos, dentre eles da elevação da Cide, que deve beneficiar essas ações do setor de açúcar e álcool, sendo uma boa opção de compra no curto-médio prazo.  

Cemig (CMIG4, R$ 7,45, -4,49%)
Após rali de 7 pregões, as ações da Cemig desabaram nesta sessão, aparecendo como a maior queda do Ibovespa. Na mínima do dia, os papéis da elétrica chegaram a cair 9,10%, a R$ 7,09. 

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Nos últimos dias, os papéis da Cemig subiram na esteira do movimento do setor, que ganhou força com as notícias de venda de ativos das empresas, como foi o caso da CPFL Energia, que anunciou na segunda-feira que a chinesa State Grid comprou a fatia da Camargo Corrêa, de 23,6%, na empresa, por R$ 25,00 por ação.  

Depois do rali, outras elétricas que também subiram nos últimos pregões caíram hoje, como Eletrobras (ELET3, R$ 13,55, -1,45%; ELET6, R$ 18,58, -0,75%), Cesp (CESP6, R$ 12,53, -0,24%), Taesa (TAEE3, R$ 19,80, -2,41%) e Copel (CPLE6, R$ 30,22, -1,18%).

No radar, a Polícia Federal deflagrou nesta manhã mais uma operação sobre desvios de empreiteiras nas obras da Usina Nuclear de Angra 3, no município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A unidade é gerida pela Eletronuclear, uma das subsidiárias da EletrobrasUm dos alvos é o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. Ele deixou o cargo no ano passado após ser citado em delações da Lava Jato e chegou a ser preso preventivamente, acusado de receber proprinas de até R$ 4,5 milhões. Othon depois teve concedida prisão domiciliar.

A Operação Pripyat, um desdobramento da 16ª fase da Lava Jato, investiga a atuação de um “clube de empreiteiras” no pagamento de proprinas ligadas às obras da usina. Segundo a PF, seis funcionários da empresa são alvo de prisão preventiva. Os crimes investigados são de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Prypiat é o nome do município que foi arrasado pelo desastre da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, e hoje é uma cidade fantasma.

General Shopping (GSHP3, R$ 3,70, +6,94%)
As ações da General Shopping dispararam nesta sessão e vão para a máxima desde setembro de 2015, após a empresa aprovar a oferta de troca de US$ 150 milhões em bônus de dívida subordinados e perpétuos, segundo comunicado enviado nesta manhã pela empresa. 

Pela oferta, para cada US$ 1.000,00 em perpétuos serão pagos US$ 200,00 em novos bônus e um certificados de depósito de ações (GDS). A troca envolve emissão, no exterior, pela GS Investments de até US$ 30 milhões em novos títulos (10%/12% Senior Secured PIK Toggle Notes), com vencimento em 2026 e com garantia. Entre as garantias está a de hipoteca em 2º grau sobre 50,1% do imóvel no qual está o “Parque Shopping Maia”. Segundo a empresa, interessados que aderirem à troca receberão ainda certificados de depósito de ações globais com lastro em ONs na proporção de 55 para cada GDS. 

Educacionais
As ações da Kroton (KROT3, R$ 13,57, -2,02%) e Estácio (ESTC3, R$ 16,00, -3,96%) afundaram com a negociação de fusão das empresas possivelmente de volta à mesa, após Chaim Zaher renunciar ao cargo de presidente interino da Estácio apenas 20 dias depois de ter assumido essa posição. Segundo analistas Bruno Giardino e Leonardo Olmos, do Santander, o movimento pode indicar que Zaher não estava satisfeito com os termos financeiros da proposta da Kroton, e pode tentar influenciar a empresa a elevar sua oferta. “Nós não acreditamos que esse movimento coloca em risco a fusão (que segue como cenário-base), mas a saída de Zaher pode atrasar a decisão do conselho de administração da Estácio (esperada para 8 de julho) e adicionar alguma volatilidade para as ações no curto prazo”, disseram. 

Ontem, a Estácio anunciou que o seu diretor presidente interino renunciou apenas 20 dias depois de assumir o cargo. No dia 16 de junho, o então CEO Rogério Frota Melzi pediu para deixar a companhia, que colocou Chaim Zaher de forma interina na posição. Porém, na terça-feira, Zaher enviou uma carta renunciando ao cargo. Com isso, o Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Pedro Thompson Landeira de Oliveira, assumirá as funções de Diretor Presidente até que o Conselho de Administração se reúna para eleger uma nova pessoa para a função. Zaher recomendou o atual Diretor de Operações, Gilberto Teixeira de Castro para assumir seu lugar.

Segundo reportagem do Valor de hoje, a família Zaher, que detém 14,13% da Estácio, vai procurar novamente os fundos e bancos que sinalizaram interesse em participar da oferta para aquisição do controle da companhia carioca, a fim de convencê-los a aumentar o valor. A família Zaher ainda não fez uma oferta pela Estácio, apenas sinalizou que pode vir a fazer. As primeiras negociações de Chaim com os investidores consideravam aportes de cerca de R$ 2 bilhões por 36% da Estácio. No entanto, com a nova proposta da Kroton, que precifica a Estácio em R$ 18,00 por ação, esse valor dificilmente poderá ser inferior a R$ 3 bilhões, diz a reportagem do jornal.

Para os analistas do Santander, no entanto, a recente valorização das ações da Estácio vai limitar a habilidade de Zaher fazer uma proposta atrativa. Desde as primeiras notícias sobre o assunto, os papéis ESTC3 subiram 49% na Bolsa (do dia 31 de maio até esta sessão). Vale mencionar, no entanto, que desde a última sexta-feira, quando a Estácio anunciou que aceitaria a oferta da Kroton, suas ações corrigiram os ganhos e caíam 6,3% em 3 pregões.