Petrobras e Vale afundam 3% e Ambev renova máxima histórica em dia de gigantes na Bolsa

Entre os destaques ainda estiveram os papéis da Gol, que dispararam no final do pregão após anúncio de que está considerando adicionar turboélices à sua frota "all-jet"

Paula Barra

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SÃO PAULO – A quinta-feira (29) foi de leves ganhos para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com alta de 0,14%, a 47.762 pontos. As ações da Petrobras estiveram entre os principais destaques do dia, em meio à teleconferência da companhia, na qual o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse que há possibilidade, em caso de uma situação de estresse na companhia, de não haver pagamento de dividendos. 

As ações ordinárias da estatal (PETR3), que registraram forte queda durante quase todo o pregão, tiveram uma disparada repentina logo após o final da teleconferência sobre os resultados. O motivo da disparada é que, sem o pagamento de dividendos tanto para as ações preferenciais quanto para as ações ordinárias, não faria mais sentido que o ratio entre as duas ações fosse maior do que 1. Então, a ação ordinária tentaria alcançar a ação preferencial (atualmente, os papéis ON pagam menos dividendos do que os ativos PN), explicou o estrategista-chefe da XP Investimentos.

Entre os destaques ainda estiveram os papéis da Vale, que fecharam com fortes quedas na sessão desta quinta em meio à fala do analista de mineração do Bank of america Merril Lynch, Thiago Lofiego, que falou no Rio de Janeiro que o minério de ferro valerá em média US$ 70 a tonelada em 2015, dizendo ainda que ele pode cair a até US$ 55 a tonelada neste ano. Outras siderúrgicas como Usiminas e CSN fecharam a sessão no negativo em meio a notícias ruins vindas da China. A Gerdau, no entanto, fechou no positivo, descolada do setor; o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, diz que sem noticiário no radar da empresa, a alta pode ter vindo pela maior exposição dos papéis aos EUA.

No positivo ainda estiveram as ações das elétricas, que encontraram sobrevida nesta quinta. Destaque para as ações de Light (LIGT3, R$ 14,67, +5,54%) e Cemig (CMIG4, R$ 12,39, +5,09%), que sem motivos aparentes fecharam com ganhos de mais de 4%. Além delas, chamaram atenção também as ações da Cielo, que divulgou seus resultados nesta quinta. Já fora do Ibovespa, destaque para as ações da Springs Global (SGPS3), que após disparada de 52% na véspera sem motivo, fecharam com queda de mais de 4% hoje.

Confira os principais destaques da Bolsa nesta quinta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 8,47, -1,85%; PETR4, R$ 8,75, -3,10%)
As ações da Petrobras voltaram a fechar com fortes quedas nesta sessão, na sequência do resultado do terceiro trimestre, que veio sem a baixa contábil, decepcionando o mercado. Nos dois dias, a queda do papel atinge 14,2%. Hoje, a companhia realizará às 14h (horário de Brasília) uma teleconferência sobre os números. O HSBC cortou nesta quinta-feira a recomendação da estatal de neutra para underweight (desempenho abaixo da média)m assim como rebaixou o preço-alvo das ações para R$ 5,70. 

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E se a Petrobras tivesse feito a baixa contábil, como ficaria seu balanço?

Vale (VALE3, R$ 18,05, -4,75%; VALE5, R$ 16,19, -3,92%)
As ações da Vale também voltaram ao cenário negativo nesta quinta em meio às preocupações sobre a China, o principal destino das suas exportações. Por lá, voltaram a surgir preocupações com as restrições do governo a empréstimos assumidos por corretoras locais. Declarações do vice-presidente da Associação de Minério de Ferro e Aço da China sobre a estabilidade da demanda por aço no País em 2014 (primeira vez em 14 anos que o consumo não crescerá na China). Acompanharam o movimento das ações da Vale hoje os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 11,41, -4,84%), holding que detém participação na mineradora. Também fecharam com perdas os papéis das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 3,55, -4,31%) e CSN (CSNA3, R$ 4,40, -3,93%). 

Em evento hoje, o analista de mineração do analista de mineração do Bank of america Merril Lynch, Thiago Lofiego, que falou no Rio de Janeiro que o minério de ferro valerá em média US$ 70 a tonelada em 2015, dizendo ainda que ele pode cair a até US$ 55 a tonelada neste ano. 

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Bradesco (BBDC3, R$ 33,96, 0,00%; BBDC4, R$ 34,77, -1,05%)
Depois de subir na primeira hora de pregão, as ações do Bradesco fecharam entre a estabilidade e a queda depois do seu resultado do quarto trimestre. O banco viu seu lucro subir quase 30% no quarto trimestre, apoiado em maiores margens com crédito, robusta alta em seguros e menos despesas com provisões para calotes, embora o crédito tenha crescido abaixo do previsto. De outubro a dezembro, o lucro líquido do segundo maior banco privado do país somou R$ 3,993 bilhões, aumento ano a ano de 29,7%. Excluindo itens não recorrentes, o lucro somou R$ 4,132 bilhões, alta de 29,2%. A previsão média de analistas consultados pela Reuters apontava para lucro recorrente de R$ 3,971 bilhões.

Para a Votorantim Corretora, os resultados do quatro trimestre reforçam a visão difícil que os bancos estão enfrentando no atual cenário de economia enfraquecida. “Esperamos que o Bradesco mantenha baixo apetite por risco, e continue entregando bons resultados através de um rigoroso controle de custos e geração de receitas provenientes de taxas e seguros”, disseram os analistas Flavio Yoshida e George Chen, que assinam o relatório da corretora.

Gol (GOLL4, R$ 12,84, +4,90%)
A companhia brasileira de aviação Gol está considerando adicionar turboélices à sua frota “all-jet” para tirar proveito de uma nova lei de subsídio de voos para cidades pequenas, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto. Com isso, as ações da companhia dispararam no fim do pregão. Segundo as fontes, as conversas ocorrem com a fabricante europeia ATR, sendo que a companhia também avalia conversar com a Bombardier, que faz turboélices e aviões de maior porte. 

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Ambev (ABEV3, R$ 17,67, +3,27%)
A companhia voltou a operar no positivo nesta quinta-feira, vendo seus papéis baterem sua máxima histórica. Assim como a Souza Cruz, estes papéis voltaram a ganhar atenção dos investidores no início deste ano, uma vez que possuem perfil defensivo, com uma demanda resiliente, são pouco endividadas e possuem situação de caixa confortável. No acumulado do ano, os papéis ABEV3 acumulam ganhos de 15,40%. Com a alta de hoje, os papéis passaram a valer R$ 277,6 bilhões de valor de mercado.

Cielo (CIEL3, R$ 40,22, +2,84%)
Cielo registrou lucro líquido de R$ 803,0 milhões no quarto trimestre, um aumento de 11,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Excluindo os R$ 37,2 milhões referentes às despesas relacionadas à Joint Venture com o Banco do Brasil, o lucro líquido da companhia atingiu R$ 827,6 milhões, aumento de 14,5% em relação ao quarto trimestre de 2013. No acumulado do ano, a Cielo teve lucro de R$ 3,23 bilhões, alta de 20,5% contra os R$ 2,68 bilhões de 2013. A companhia aprovou também programa de recompra de até 2 milhões de ações em um ano. 

O Itaú BBA comentou que o balanço da Cielo mostrou que o volume de crédito e débito e preços de pré-pagamento se deterioraram, enquanto o Bradesco BBI comentou que a empresa deve enfrentar uma “batalha difícil para apresentar alavancagem operacional no curto prazo e provavelmente terá crescimento suave do lucro em 2015”. Já mais otimista, a XP Investimentos disse que o resultado operacional foi positivo. Para a corretora, a companhia focará agora mais na melhora da margem operacional, que apresentou queda, tanto na análise anual quanto trimestral, seguindo com uma visão positiva para as ações da Cielo, que segue reportando forte crescimento na sua receita líquida (+14,8%).   

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Fibria (FIBR3, R$ 31,20, +2,87%)
Fibria apresentou seu balanço de fim de ano reportando um prejuízo líquido de R$ 128 milhões, uma melhora ante os R$ 185 milhões negativos registrado um ano antes. No anualizado, a companhia encerrou 2014 com lucro líquido de R$ 163 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 698 milhões do ano anterior. 

Para o Itaú BBA, o prejuízo líquido foi devido ao efeito não caixa negativo da variação cambial sobre a dívida denominada em dólar. Os analistas destacaram uma esperada reação positiva do mercado em função de resultados sólidos. O Bradesco BBI comentou que o balanço foi positivo, ajudados por melhores volumes e preços mais fortes, combinados com a redução surpreendente de custos de caixa. 

PDG Realty (PDGR3, R$ 0,58, +1,75%)
Após fecharem com fortes quedas nos últimos dias, as ações da PDG buscaram recuperação nesta quinta. Ontem à noite, a empresa divulgou seus dados operacionais do quarto trimestre. Segundo a incorporadora, o VGV (Valor Geral de Vendas) do período ficou em R$ 624 milhões, contra R$ 768 milhões do terceiro trimestre, enquanto os distratos subiram para R$ 180 milhões, ante R$ 102 milhões no trimestre anterior. 

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A XP Investimentos ressaltou, após a divulgação da prévia, que o endividamento da construtora segue preocupante, lembrando que a forte derrocada recente dos papéis estaria relacionada a rumores de que a companhia estaria tendo dificuldades nas negociações com credores em relação às dívidas da companhia. A PDG disse, no entanto, que a empresa está em negociações avançadas com seus credores para o equacionamento das eventuais necessidades de rolagem da dívida a partir de março. A companhia informou que não tem vencimentos relevantes em janeiro e fevereiro no seu cronograma de amortização de dívidas corporativas.

Marfrig (MRFG3, R$ 5,00, +1,63%)
A Marfrig deverá anunciar hoje se aceita a solicitação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Alegrete, no Rio Grande do Sul, de manter o frigorífico localizado no município em atividade por mais seis meses. No momento, a decisão da companhia é pela suspensão das operações por tempo indeterminado, o que coloca em risco o emprego de 600 pessoas. As partes têm uma reunião de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, em Porto Alegre, às 10h.

Na semana passada, a Marfrig comunicou ao governo do Rio Grande do Sul a decisão de fechar a fábrica em Alegrete por tempo indeterminado, concentrando as operações no Estado em Bagé, São Gabriel e Pampeano.

Totvs (TOTS3, R$ 32,90, -3,94%)
A Totvs divulgou ontem à noite seu balanço registrando um crescimento em lucro líquido, receita líquida, receita recorrente, Ebtida e geração de caixa. O lucro líquido anualizado subiu 17,8%, somando R$ 263 milhões no ano passado, com uma margem líquida de 14,8%, a maior desde a abertura de capital da companhia, em 2006. No último trimestre de 2014, o crescimento do lucro líquido foi de 13,7%, em um total de R$ 69 milhões. O Conselho de Administração da companhia aprovou proposta de distribuição de dividendos, ainda a ser submetida à deliberação em assembleia geral, de R$ 124,4 milhões, referentes ao exercício de 2014, e que corresponderia a R$ 0,767518916 por ação. 

Springs Global (SGPS3, R$ 0,88, -4,35%)
Depois da disparada de 52% de ontem, as ações da Springs Global tiveram pregão de queda nesta quinta-feira. Ontem, o departamento de Relações com Investidores da empresa disse, em resposta ao InfoMoney, que desconhecia o motivo da arrancada dos papéis naquela sessão, mas salientou que pode estar relacionado à divulgação de um relatório de cobertura elaborado pela Empiricus Research.