Petrobras dispara 12% em duas sessões; Ultrapar afunda 4% com aprovação de projeto no Senado

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (20)

Fredy Alexandrakis

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SÃO PAULO – Depois de subir quase 2% nas primeiras horas de pregão, o Ibovespa perdeu força e chegou a virar para o negativo pressionando pelo cenário externo, com o Dow Jones recuando. Durante a tarde, porém, o índice foi ganhando força e fechou com ganhos de cerca de 1%, impulsionado por Petrobras e bancos, com o mercado na expectativa pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) após o fechamento da bolsa. Confira os destaques do pregão desta quarta-feira (20):

Petrobras (PETR4)

À espera da decisão da Opep, que guiou um dia volátil para o petróleo, a sessão foi de alta para a Petrobras, que teve como grande vetor a repercussão de novidades sobre a cessão onerosa. Com isso, nas duas últimas sessões as ações preferenciais sobem 12%. Ciente de que terá que pagar à estatal na renegociação do contrato de cessão onerosa e para não comprometer o teto de gastos de 2019 com mais uma despesa, o governo quer finalizar a operação ainda este ano, informa a Bloomberg, citando uma pessoa do governo a par das negociações. O assunto foi tratado nesta terça-feira entre ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o presidente do TCU, Raimundo Carreiro. A cessão onerosa é vista como um dos grandes catalisadores para a estatal no curto prazo. 

Vale destacar que o Plenário da Câmara dos Deputados encerrou ontem a discussão do Projeto de Lei 8939/17, que permite à Petrobras negociar até 70% de seus direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União.

De autoria do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), o texto muda a Lei 12.276/10, que autorizou a União a repassar diretamente à sua estatal, sem licitação, uma área na Bacia de Santos (SP) ao valor de R$ 74,8 bilhões. A votação do projeto foi adiada para esta quarta-feira. 

Por fim, a Petrobras reduziu o preço da gasolina nas refinarias de R$ 1,8941 o litro para R$ 1,8841 o litro, segundo informações no website da empresa, com preços antes de impostos válidos a partir de 21 de junho.

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Bancos

As ações de bancos abriram em disparada, amenizaram fortemente os ganhos, mas recuperaram e fecharam com alta de até 3%, com destaque para o Banco do Brasil (BBAS3), seguido por Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4). Ontem, muitos investidores passaram a olhar para as “barganhas” da bolsa após as fortes quedas registradas no último mês, o que inclui as instituições financeiras.

Vale (VALE3)

As ações da Vale também fecharam em alta, com sinais de arrefecimento do pânico gerado pelo risco de agravamento da guerra comercial entre EUA x China e que fizeram o minério de ferro cair forte na véspera. 

Na segunda-feira (18), as tensões comerciais entre Washington e Pequim se agravaram depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, revelou ter pedido um estudo sobre a imposição de tarifas de 10% sobre mais US$ 200 bilhões em bens chineses. No fim da semana passada, a Casa Branca já havia anunciado planos de tarifar em 25% um total de US$ 50 bilhões em produtos chineses. Em resposta às ameaças do governo americano, Pequim disse estar preparada para retaliar na mesma medida. 

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Apesar das incertezas, alguns analistas acreditam que haverá uma pausa temporária nos desdobramentos comerciais, permitindo que o apetite por risco tome fôlego. “Na área comercial, provavelmente veremos um período de ‘hibernação’ de dois meses, enquanto os EUA levam adiante o processo legal das tarifas sobre os próximos US$ 200 bilhões e a China aguarda a resposta formal da (Casa Branca)”, apontaram estrategistas da RBC Capital Markets em nota a clientes. 

Enquanto isso, as ações da Suzano (SUZB3), também afetadas pela disputa comercial, seguiram com mais um dia de queda na bolsa após a baixa de mais de 5% na véspera. A ação foi impactada pela queda do dólar no início sessão, chegando a cair 3,5%, mas amenizou as perdas após a virada da moeda. Contudo, no ano, os papéis da companhia são de longe a maior alta do Ibovespa, com ganhos de 130%. 

Gerdau (GGBR4)

Com recomendação de compra do JPMorgan, que colocou a empresa em sua lista de favoritos para o segundo semestre de 2018, os papéis da Gerdau tiveram uma das maiores altas do pregão, chegando a liderar os ganhos com salto de mais de 6%.

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A disputa tarifária entre EUA e China também pode ter alavancado as ações da empresa, que tem operações nos Estados Unidos e se apresenta como opção para substituir o aço chinês. 

Embraer (EMBR3)
Segundo informa o Valor, a OMC vai empurrar para 2019 a decisão na disputa entre Embraer e Bombardier. Ou seja, um atraso de praticamente um ano. 

Os juízes do caso informaram aos membros da OMC que, devido à complexidade do caso, só apresentarão sua decisão no segundo semestre de 2019. Normalmente, pelas regras envolvendo esses contenciosos, isso deveria ocorrer entre agosto e novembro deste ano ainda. 

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BR Distribuidora (BRDT3) e Ultrapar (UGPA3)

Os papéis das distribuidoras de combustível BR Distribuidora e Ultrapar fecharam em forte queda após aprovação no Senado de projeto que permite a venda direta de etanol dos produtores para os postos, por 47 votos a favor e 2 contra. O texto ainda precisa ser aprovado pela Câmara. Com mergulho de 4%, a Ultrapar liderou as perdas do pregão.

Ainda falando sobre o setor de distribuição, o Bradesco BBI destacou em relatório que a BR Distribuidora deve perder R$ 221 milhões milhões com a greve de caminhoneiros. O impacto da greve deve reduzir o Ebitda do segundo trimestre em 29%, segundo relatório dos analistas do Bradesco BBI Vicente Falanga e Osmar Camilo.

A Raízen, joint venture entre a Cosan e Shell, deve ter perdas de R$ 192 milhões devido a greve, reduzindo Ebitda em 28%. As perdas para distribuidores foram causadas por variações de estoques, volumes mais baixos e despesas extraordinárias com segurança e mão-de-obra.

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Lojas Renner (LREN3)

No radar de recomendações, a Lojas Renner teve a recomendação elevada a outperform (desempenho acima da média do mercado) pelo Itaú BBA, com preço-alvo de R$ 37.

BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3)

O Valor Econômico destaca que, em meio a dificuldades financeiras, a BRF está se desfazendo de parte da fatia de 11,6% que detinha na Minerva – terceira maior empresa de carne bovina do país, o que exerceu forte pressão negativa sobre as ações da Minerva no início da sessão. Até o fechamento, os papéis se recuperaram e passaram para alta, ainda acumulando 6% de perdas no mês.

De acordo com o jornal, a BRF começou a vender ações da Minerva na primeira semana de junho. Desde então, as ações BEEF3 recuaram quase 20% na B3, atingindo o menor patamar em mais de seis anos. O valor de mercado da Minerva atingiu R$ 1,4 bilhão ontem, ante R$ 1,6 bilhão no início deste mês. 

A BRF se tornou acionista da Minerva em 2014, quando vendeu os dois abatedouros de bovinos que tinha em Mato Grosso e, em troca, recebeu 29 milhões de ações da Minerva. Procurada pelo jornal, a BRF informou que “qualquer movimentação dessa participação será informada ao mercado”.

Ambev (ABEV3)

Segundo o Estadão, depois da forte pressão dos grandes fabricantes de refrigerantes, o governo negocia com o setor um restabelecimento parcial do benefício fiscal para a produção de xarope concentrado na Zona Franca de Manaus em 2019. Para 2018, a equipe econômica não vê espaço para alterações.

Para bancar o “bolsa caminhoneiro” – como ficou conhecido o conjunto de benefícios concedido para interromper a greve de 11 dias que paralisou o País -, o governo praticamente retirou incentivo a produtores de concentrados de refrigerantes instalados na Zona Franca. Mas as empresas que foram prejudicadas e os parlamentares da bancada do Amazonas pressionam o governo a voltar atrás. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o governo não vai alterar a decisão de reduzir os incentivos fiscais de 20% para 4% do concentrado da Zona Franca.

Fontes informaram que há possibilidade de recompor parte do incentivo, mas não para a situação que vigorava antes. A perda da economia esperada para 2019 terá de ser compensada com outras medidas.

A alteração na alíquota, editada por meio de decreto do presidente Michel Temer, anula o incentivo fiscal que tem permitido a grandes empresas, como Coca-Cola, Ambev e Pepsi, acumularem grandes volumes de crédito tributário.

Ecorodovias (ECOR3)

A Ecorodovias anunciou ter assinado nesta terça-feira o contrato de concessão para explorar um lote de rodovias em Minas Gerais, numa concorrência vencida pela empresa em fevereiro.

O lote é composto pelos trechos BR-135 (301,2 quilômetros), MG-231 (22,65 quilômetros) e LMG-754 (40,1 quilômetros), com extensão conjunta total de 363,95 quilômetros. A Ecorodovias pagou R$ 2,06 bilhões para poder explorar a concessão do trecho por 30 anos.

Somos Educação (SEDU3) e Kroton (KROT3)

Segundo o Valor Econômico, a Somos Educação — que está em processo de venda para a Kroton — fechou a compra da Escola Santi (antigo Santo Inácio), localizada em São Paulo. A transação gira entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões, segundo o jornal apurou.

NotreDame Intermédica (GNID3)

A NotreDame Intermédica adquiriu cerca de 90% do Grupo Samed, que opera em São Paulo. 

Pelo acordo, a Notre Dame terá controle indireto de 95,14% da Samed, além de 91,86% e outros negócios do grupo de maternidade e laboratório de análises clínicas. A Notre Dame ainda fará uma oferta para comprar a participação restante pertencente a minoritários para adquirir até 100% dos negócios do grupo.

Locamerica (LCAM3)

O Conselho de Administração da Locamerica aprovou Pedro Roque Almeida para presidente do conselho.

(Com Agência Estado e Bloomberg)