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O cenário de maior alívio dos investidores se concretizou após a Assembleia de acionistas da Petrobras (PETR4) com a aprovação do pagamento de 50% dos dividendos extras (cerca de R$ 22 bilhões, ou US$ 4,4 bilhões), após muita turbulência no início de março com a proposta anterior do Conselho de reter totalmente o pagamento dos proventos.
A notícia de que o acionista controlador voltaria atrás (ainda que parcialmente) já era esperada, uma vez que o governo federal vinha dando sinais de que estava disposto a reverter sua decisão de reter os recursos. Além disso, o voto do governo federal na assembleia geral da última quinta (25) também sinalizou que a administração da Petrobras poderia decidir até o final do ano (31 de dezembro de 2024) pagar mais 50% restantes da reserva de dividendos, o que sinaliza que mais pode estar por vir.
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Com base nisso, o Bradesco BBI fez algumas análises sobre se a Petrobras teria caixa suficiente para pagar os 50% restantes dos dividendos complementares.
Se não houver fusões e aquisições este ano, o banco vê a Petrobras encerrando o ano com cerca de US$ 14 bilhões em caixa, o que lhe permitiria amortizar cerca de US$ 4 bilhões em dívidas com vencimento neste ano e ainda permanecer confortavelmente acima do nível ideal de caixa de US$ 8 bilhões estabelecido pela administração. No entanto, com um pressuposto de fusões e aquisições de cerca de US$ 3 bilhões, a equação torna-se um pouco mais desafiadora e, em última análise, dependerá dos níveis do Brent e das perspectivas para os preços.
O banco também fez uma análise de como seria o rendimento de dividendos para 2025 em comparação com seus pares com e sem o incremento do dividendo extra.
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“Embora a decisão de fazer ou não o pagamento incremental deva ser tomada este ano, esperamos que o pagamento aconteça apenas em 2025. Como resultado, vemos o rendimento de dividendos (dividend yield, ou dividendo em relação ao preço da ação) para 2025 variando de 12% a 16%, o que é bastante atrativo”, avaliam os analistas do BBI.
O banco ainda não incorpora o pagamento dos 50% adicionais, embora veja uma chance razoável de que a estatal possa pagar talvez 20% a 30% da reserva retida. De qualquer forma, ainda considera a tese de investimento da Petrobras atraente e mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações.
O Morgan Stanley ressaltou que a aprovação de dividendos extraordinários de 50% era amplamente esperada e, olhando para a perspectiva de dividendos para os próximos doze meses, calcula um rendimento total de 15,2%, o que pode ser atraente para investidores que procuram retornos no curto prazo.
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Contudo, o Morgan segue cauteloso com a ação e ainda vê ruído sobre intervenção governamental ainda elevado para justificar um posicionamento fundamentalista e de longo prazo, mantendo assim recomendação equalweight (exposição em linha com a média, equivalente à neutra) para as ações da companhia. Ainda assim, o banco elevou o preço-alvo por ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) PBR (equivalente ao PETR3) de US$ 18 para US$ 19.
“As mudanças sob a atual equipe de gestão foram equilibradas e principalmente pró-mercado, na nossa opinião, o que eliminou importantes riscos de cauda no case de investimento e abriu o caminho para uma perspectiva robusta de retorno total. O nível de ruído sobre intervenção, no entanto, aumentou recentemente com a tentativa dos representantes do Conselho de Administração do governo de reter 100% dos pagamentos extraordinários de dividendos, o que nos mantém à margem da tese”, reforçam os analistas.
Para o JPMorgan, o saldo da assembleia foi positivo e também destacou que mais está por vir. “Para 2024, estimamos US$ 11,3 bilhões em dividendos mínimos, o que por si só totalizaria 10,3% de dividend yield (dos quais metade deve ser paga em 2024). Se o Conselho de Administração avaliar positivamente a distribuição da reserva remanescente como dividendos intermediários durante o atual exercício fiscal, poderá haver um rendimento adicional de 4,0% para as ações da Petrobras”, avalia o banco. Contudo, o banco também tem recomendação neutra para a estatal.
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O banco também ressalta que a agenda da Assembleia Geral também incluiu a eleição do Conselho. Nesta matéria não foram feitas muitas alterações. A União elegeu uma chapa com seis indicados; o atual presidente do colegiado, Pietro Mendes, também foi reconduzido à função. Assim como Mendes, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, e os já conselheiros Bruno Moretti, Vitor Saback e Renato Gallupo foram reeleitos ao colegiado, todos com o mesmo número de votos, 5,16 bilhões. Rafael Dubeux, secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, pasta que o apoiou dentro do governo, foi eleito pela primeira vez ao colegiado. “Durante o pregão de ontem, o mercado já acolheu tais decisões e acreditamos que o potencial de dividendos intermediários deve continuar no radar”, avalia.