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Com o preço do petróleo em torno de US$ 80 e US$ 90, a avaliação é que a Petrobras aguenta “desaforo”, mas é preciso olhar para a companhia com atenção, diante da ingerência política e das mudanças no plano de investimentos para projetos que não são o foco da empresa.
A avaliação foi feita pelo economista Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista do setor de energia, durante evento promovido pela TAG Investimentos nesta terça-feira (14), em São Paulo. “O Governo olha o modelo de economista mista e acha que a Petrobras é do ‘governo de plantão’. O presidente Lula só falta passar a Petrobras para o Imposto de Renda dele. Ele acha que é dele. O Bolsonaro também achava. Todos acham. Não funciona”, afirmou.
Pires chegou a ser indicado para assumir a presidência da petroleira em 2022 durante o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas desistiu. A petroleira tem sido algo de preocupação para o especialista, diante da possibilidade de que ela volte a investir em áreas como energia renovável e refinarias.
Pires também criticou os rumores de que a companhia retome a Petrofértil, subsidiária da Petrobras que atuava no setor de fertilizantes até meados dos anos 90. “Não vai dar certo. Vai ser um horror outra vez você implantar isso. Eu acho o contrário. Acho que a sociedade brasileira está ‘madura’ para discutir a privatização da Petrobras”, afirmou.
Para o economista, é preciso estatizar ou privatizar a companhia de vez e há chance de que ela repita erros do passado. “Você olha para a Petrobras pelo retrovisor. Lula acha que tem que ser um instrumento de política econômica, que tem que investir em tudo que é canto. Quem dirige olhando pelo retrovisor vai bater com o carro. A Petrobras vai bater outra vez com o carro se continuar assim”, resumiu.
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Balanço ruim e ações poderiam valer o dobro
Na visão de Pires, as ações da petroleira poderiam “valer o dobro” por ser uma “tremenda empresa”, com custo baixo de produção e com potencial de produção que pode chegar a 4 milhões de barris por dia.
O número seria um incremento em relação aos 2,77 milhões de barris de óleo ou equivalente por dia (boed) que a companhia produziu, em média, no primeiro trimestre deste ano, segundo a prévia operacional divulgada há cerca de duas semanas.
O especialista também comentou rapidamente sobre o balanço recente divulgado pela petroleira, ao dizer que “caiu tudo”.
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Na véspera, a Petrobras (PETR4) informou que o lucro líquido foi R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024, com queda de 37,9% na base anual e com recuo de 23,7% na base sequencial. O montante foi menor do que esperava o consenso da LSEG, que previa R$ 30,1 bilhões.
Segundo a estatal, o resultado é principalmente atribuído aos menores volumes de vendas e à redução do preço do petróleo e da margem de diesel.
A receita líquida da Petrobras, com isso, ficou em R$ 117,721 bilhões no primeiro trimestre, queda de 15,4% no anual e recuo de 12,3% na base trimestral. Frente ao consenso, de R$ 126,2 bilhões o número ficou um pouco abaixo do esperado.
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O resultado foi influenciado, principalmente, pela menor receita com as vendas de diesel no mercado interno e com exportações.
O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 60,044 bilhões, queda de 17,2% no ano, recuo de 10,2% no trimestre e abaixo do consenso, que era de R$ 67,9 bilhões.
O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 60,701 bilhões no primeiro trimestre de 2024, um recuo de 17,2% na comparação com igual etapa de 2023.
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As despesas operacionais somaram R$ 16,217 bilhões no 1T24, um crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2023.