Caso inflação mantenha perspectiva de alta, talvez precise subir juros, diz Megale

Para o economista-chefe da XP, “postura” do novo presidente do BC também deixa incertezas no mercado

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter os juros em 10,50% acalma o mercado, mas há indefinições mais para frente que terão que ser enfrentadas.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, que participou nesta quinta-feira (20) do Morning Call da XP, a decisão do Copom ocorreu “em meio a mares revoltos tanto pelo cenário internacional como ambiente doméstico”.

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Copom: inflação com viés de alta

De acordo com ele, no entanto, o importante foi a decisão técnica dos dirigentes do Banco Central. “Os fundamentos da inflação estavam todos sinalizando que ela poderia subir daqui para frente. A taxa de câmbio se desvalorizou, preços das commodities lá fora subiram, o mercado do trabalho está aquecido e a inflação de serviços deve continuar pressionando”, explicou.

“A combinação desses fatores sugere que a inflação, que já está rodando acima da meta (de 3%), pode até subir à frente”, complementou.

Caio Megale avalia que o Copom, ao deixar a Selic estacionada, coloca a inflação tanto de 2025 quanto da de 2026 dentro do alvo. “Se ficar parada por um bom tempo, a inflação pode ficar perto da meta. Essa é a principal sinalização”, afirmou.

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Unanimidade foi fundamental

A unanimidade também foi fundamental, disse o economista. “Na última reunião houve divisão (entre membros do Copom na decisão de queda dos juros) e havia uma percepção de que alguns dirigentes estariam mais preocupados com a inflação do que outros. A decisão unânime foi um importante sinal de compromisso do Banco Central de trazer a inflação para a meta de 3%”, disse.

“A nossa impressão é que, com isso, o Banco Central vai retomando a confiança e a credibilidade”, destacou. Para Megale, a perspectiva é de se manter a taxa de juros nesse nível por um bom tempo.

O economista da XP disse ainda que o Copom usou o termo “restritivo” com relação à taxa de juros, o que pode significar o não compromisso em manter o nível da taxa atual. “Isso pode ser uma queda de 0,25pp ou até subir. Tudo vai de depender das dinâmicas da inflação”, explicou.

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Ano que vem incerto

“Para o ano que vem, tem muita água para passar embaixo da ponte. A taxa de juros de 10,50% é alta. Mas as perspectivas de inflação são de alta. Se ela (a perspectiva de inflação) for para perto de 4 ou 4,5%, talvez tenha que subir até os juros”, ressaltou.

“Além disso, a gente não sabe quem vai ser o novo presidente do Banco Central e qual vai ser a postura da política monetária. Dado esse quadro, as previsões para o ano que vem estão incertas”, afirmou.

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Para Megale, de qualquer forma, a decisão do Copom reduz o prêmio de risco e incertezas, e pode trazer a inflação um pouco mais para a trajetória da meta. “A gente projeta a inflação estável em 4%, dentro do intervalo da meta – 4% não é um nível problemático”, disse.

“O mais importante aqui seria a taxa de câmbio. Preciso olhar para o fundamento, a balança comercial, o preço das exportações, paridade do poder de compra, o quanto o real está desvalorizado em relação a outros países”, complementa.

De qualquer forma, o economista crê que a decisão do Copom tira pressão na taxa de câmbio.