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Payroll e trader: entenda como os dados podem mexer com os juros nos EUA

Relatório de emprego dos Estados Unidos afeta a volatilidade dos ativos, especialmente no mercado futuro de índice e dólar

Bruno Nadai

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Nesta sexta-feira (7) a atenção dos investidores estará voltada para a divulgação do Payroll nos Estados Unidos. O economista Rafael Perretti, trader e influencer do grupo XP, destaca a importância do Payroll, principal indicador do mercado de trabalho dos Estados Unidos, e que segue como um dos dados mais esperados pelo mercado.

“O Payroll sempre tem sua relevância porque ele mostra a criação de empregos não-agrícolas e traz uma perspectiva de como pode estar a atividade econômica nos Estados Unidos. Quanto maior a criação de empregos, mais pessoas estarão empregadas, maior a possibilidade de consumo e, assim, temos uma atividade econômica mais robusta”, explica Perretti.

No atual cenário econômico, sua relevância se intensifica devido às incertezas na política monetária norte-americana e às possíveis mudanças nas tarifas comerciais sob a gestão de Donald Trump. “Se ele realmente implementar tarifas de 25% para México e Canadá e 10% para a China, isso pode impactar diretamente no aumento da inflação nos EUA”, alerta Perretti.

Porém, no atual contexto de incertezas, o indicador se torna ainda mais crucial para as decisões do Fed (Federal Reserve; o banco central dos EUA) sobre a política monetária. Segundo o economista, a taxa de juros dos EUA é um balizador das políticas monetárias globais e, por isso, qualquer oscilação fora do projetado para o Payroll pode mexer com os mercados internacionais.

Impacto do Payroll

Com uma estimativa de 169 mil novos empregos não-agrícolas, a divulgação do Payroll pode influenciar os juros americanos de forma significativa. “Se o Payroll vier muito acima do esperado, isso pode impactar diretamente a inflação e reduzir o espaço para cortes de juros pelo Fed. Já se vier abaixo, pode reforçar a necessidade de um estímulo econômico por meio da redução das taxas de juros”, explica.

Para o Brasil, um maior diferencial entre os juros internos e os norte-americanos favorece a atração de capital estrangeiro e operações de carry trade.

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Efeito na volatilidade

A divulgação do Payroll também impacta diretamente na volatilidade dos ativos, principalmente nos contratos futuros de índice e dólar. Esse efeito ocorre em função dos ajustes que os investidores realizam nas suas posições antes da divulgação dos dados, reduzindo a liquidez do mercado.

“A meia hora que antecede o dado do Payroll, já vemos um menor volume financeiro no mercado. Três minutos antes, já notamos o book enxugado, com menos contratos apregoados por nível de preço. Quando sai o dado, qualquer pequeno lote tende a gerar uma forte volatilidade”, observa Perretti.

Segundo ele, a duração da volatilidade dependerá do quanto os números divulgados divergem das projeções. Se forem muito diferentes, a oscilação pode persistir por mais tempo.

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Influências

A relação entre o Payroll e os juros futuros também merece atenção. “Se o dado vier acima do projetado e houver menos espaço para cortes de juros pelo Fed, o dólar pode ganhar força perante outras moedas. Isso gera um impacto inflacionário no Brasil, pressionando os DIs futuros para cima”, analisa Perretti.

Por outro lado, caso os números venham abaixo do esperado, o cenário pode se inverter, com um dólar mais fraco e alívio na curva de juros. Esse movimento ocorre porque um Payroll abaixo do esperado pode reforçar a necessidade de um relaxamento monetário nos Estados Unidos, incentivando o Fed a cortar juros para estimular a economia.

Como consequência, a menor atratividade dos títulos americanos pode levar a uma fuga de capital para mercados emergentes, beneficiando moedas como o real e reduzindo a pressão sobre os juros futuros no Brasil.

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Para o Brasil, esse cenário tem um duplo efeito: “Se houver desaceleração externa, pode ser positivo para que nossa taxa de juros não precise subir tanto para controlar nossa inflação. Por outro lado, nós temos o ponto negativo, se formos pensar em relação a balança comercial e as exportações”, conclui.

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