Para onde vão os preços do petróleo no segundo semestre?

Analistas esperam estabilidade para segundo semestre e antecipam desaceleração no crescimento de demanda tanto nos EUA quanto na China

Camille Bocanegra

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Os preços do petróleo têm oscilado nas últimas semanas. Se, por um lado, a queda do dólar faz o petróleo subir, uma vez que países detentores de outras moedas optam por ir às compras, incertezas na demanda tanto nos Estados Unidos quanto na China levam a commodity para patamares mais baixos em outros momentos.

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“A redução do preço do petróleo vem especificamente de uma demanda menor do que a esperada. Além disso, a percepção de risco no suprimento em função do conflito em Israel também se reduziu. Estes dois fatores podem justificar o decréscimo nos preços”, comenta Camila Affonso, sócia da Leggio Consultoria.

Diferentes fatores impactam nessa percepção de demanda, caso da queda no dado de confiança dos consumidores nos EUA em junho, que fez a commodity cair.

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“De um lado, temos os produtores de petróleo que buscam o retorno dos altos preços por meio do controle da produção por parte da OPEP+. De outro, temos as principais economias do mundo buscando reduzir o impacto inflacionário em seus respectivos países. E, para completar o cenário, existem tensões geopolíticas que trazem volatilidade para o mercado energético com um todo, seja na Guerra da Ucrânia ou no Oriente Médio”, afirma Lucas Balzano, responsável pela área de Inteligência de Mercado de Vinílicos e Especialidades na Braskem.

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A demanda na China também tem sido acompanhada de perto por analistas e investidores. A commodity teve seu maior nível de preços em um mês, no meio de junho, com a possibilidade de cortes na produção de importantes exportadores. Ainda assim, as expectativas da demanda no país asiático assustam.

O aumento da demanda da China por petróleo deverá ser significativamente menor este ano. Por exemplo, a Agência Internacional de Energia (AIE) espera um aumento de 500 mil barris por dia na China este ano, após um aumento de 1,5 milhão de barris por dia em 2023.

“A demanda chinesa é um fator importantíssimo na recuperação do mercado energético como um todo, principalmente quando falamos dos produtos refinados”, reforça Balzano. O analista destaca que o crescimento de demanda por petróleo em 2024 foi de 3%, enquanto em 2023 foi de 6,6% no país asiático.

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“Isso ilustra o momento delicado na região, que vem racionalizando as operações das petroquímicas, devido à menor demanda por bens de consumo e redução no consumo energético, além da crise na construção civil que vem forçando o governo chinês à implementar políticas que suportem a retomada local”, pontua.

Qual a tendência do preço do petróleo?

Os cortes pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) ainda devem seguir até o mês de setembro para manter os preços da commodity. Assim, as expectativas são de estabilidade para os preços.

“Com relação à tendência para o ano, é esperada a manutenção dos cortes pela OPEP+ em função da oferta crescente em outros países e demanda estável, mirando a manutenção dos preços em torno de 80 USD/bbl”, afirma Affonso.

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A análise do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) é similar e considera que, no curto prazo, será mantida oferta confortável de petróleo e desaceleração no crescimento da demanda. Isso se dá tanto pela divulgação de resultados econômicos aquém do esperado quanto pelo acúmulo nos estoques da commodity tanto na China quanto nos EUA.

“Com isso, a expectativa é de que o preço continue no patamar verificado até então, com pequenas flutuações até o fim do ano. Contudo, é válido destacar que o cenário geopolítico instável pode alterar significativamente o preço do petróleo, caso ocorra alguma eventualidade que afete os fluxos comerciais globais da commodity”, afirma o instituto.

2025

A perspectiva de um mercado mais balanceado em 2025 é vista também por Balzano, que considera que a volatilidade de 2024 deve se reduzir.

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“No ano que vem, o mercado deverá estar mais balanceado, com as empresas já acostumadas às novas rotas logísticas (restrições no Mar Vermelho) e os níveis de estoques controlados, o que deve trazer mais estabilidade nos preços”, pondera.

O analista da Braskem destaca, contudo, que o comportamento da demanda global deve ainda ser observado de perto.

Com taxas de juros ainda elevadas, que funcionam com detratores da demanda por desacelerarem a economia, a evolução do consumo no mercado mantem-se ainda distante de evolução.  

(Com Estadão Conteúdo)