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Caio Megale, economista-chefe da XP, participou do programa Morning Call da XP desta segunda (17), e disse que vê a taxa de câmbio em acomodação depois de uma subida em dezembro excessiva. Isso, segundo ele, tirou pressão das taxas de juros de médio e longo prazos.
“Também dados de atividades mais fracos, especialmente vendas no varejo e serviços, mostram que o ajuste da política monetária, que foi bastante importante ano passado, está fazendo efeito”, destacou.
“Isso lá na frente pode representar uma acomodação da inflação, e se voltar à trajetória da meta, o Banco Central talvez nem precise subir tanto a taxa de juros”, disse, lembrando que o cenário base da Selic da XP é de ir até 15,50%.
Desaceleração
“Talvez a política monetária esteja fazendo efeito, e a economia deve mesmo desacelerar, mas no curto prazo as pressões de inflação vão continuar preocupando o Banco Central e também o mercado”, ressaltou.
Ele citou o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que saiu esta manhã, bem acima da expectativa de 10% do mercado, e foi a 0,87%. “Ou seja, bem mais alto do que o projetado, muito puxado pelo atacado”, comentou, acrescentando que o IGP se usa bastante dos preços no atacado.
“A pressão está ali, principalmente no atacado de industrializados. E a pressão do atacado vai bater no varejo”, pontuou.
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Sobre a divulgação do Boletim Focus, também nesta manhã, para Megale, as novas projeções para cima da inflação de 2025 e ano que vem “incomoda” no curto prazo.
Segundo o economista, é um “momento chave” para o Banco Central. “A gente vai passar por um período de atividade desacelerando, com inflação ainda alta. É o momento de perseverar a política econômica”, comentou.
Estados Unidos
Sobre os dados de inflação nos Estados Unidos, Caio Megale ressaltou que eles vieram na semana passada um pouco piores, especialmente o índice de preço ao consumidor, “mostrando que isso é ainda um problema”.
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Ele, no entanto, ressaltou que a atividade veio “mais tranquila”, o que tirou a ansiedade dos investidores.
“Quando veio o dado de inflação, houve um temor de que Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) voltasse a subir a taxa de juros, mas com a atividade mais tranquila, vai caminhando para um cenário que não há muito mais espaço para cortar juros, mas, por outro lado, parece cedo para falar de possibilidade de alta de juros”, afirmou.