Para JPMorgan, emissão de ações na AL deve cair em 2011 – e isso é ponto positivo

Em 2010 a oferta de ativos bateu recorde na região, com Brasil no topo; Rússia e Indonésia devem se destacar entre emergentes

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SÃO PAULO – De acordo com o JP Morgan, as emissões de ações na América Latina em 2011 deverão ser, ainda que robustas, menores do que no ano anterior. Apesar de muitos investidores receberem isso com certa cautela, Ben Laidler, Emy Shayo Cherman, Brian Chase e Vinay Joseph não veem essa diminuição como prejudicial.

Segundo os analistas do banco, o temor dos investidores em relação aos menores níveis de emissões em 2011 é equivocado. Primeiramente, é preciso avaliar que 2010 teve seus dados impulsionados pela oferta de ações da Petrobras (PETR3, PETR4), que contribuiu com US$ 59,2 bilhões do total de US$ 80 bilhões atingido pela região, o maior valor nos últimos 15 anos e quase o dobro do recorde anterior, de 2007 (US$ 39 bilhões). Cabe dizer que, na América Latina, o Brasil foi responsável por 97% das emissões.

A demanda, por sua vez, ficou em cerca de US$ 50 bilhões. Esse descompasso, segundo o banco, é responsável por criar certo mal estar nos mercados. “Não é surpresa alguma que os maiores emissores de ações entre os emergentes – Brasil, com US$ 78 bilhões, e China, com US$ 92 bilhões – sejam também os dois mercados com pior performance”, explica a equipe de análise.

Em relação ao mercado de países emergentes como um todo, os números também surpreenderam, com uma emissão de US$ 252 bilhões. A Ásia foi a líder, emitindo cerca de US$ 151 bilhões, o que equivale a 60% de toda a oferta para esse mercado. A América Latina, com seu desempenho histórico, vem logo em seguida.

Números de 2011
Para este ano, a expectativa dos analistas é que o pipeline dos emergentes esteja em US$ 56 bilhões – 75% dos quais destinados aos setores financeiro (38%) e de energia (29%). Rússia e Indonésia devem liderar as emissões, com 27% cada. 

Na América Latina, o pipeline é de US$ 6 bilhões, focado em Brasil e nos setores de construção e petróleo e gás. Ainda segundo o JPMorgan, 83% desse total será focado no mercado doméstico.

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Oferta e demanda
A visão positiva advém do fato que o JPMorgan espera que a demanda supere essa oferta na região. A base para o cálculo da demanda está pautada em três fatores, que são fluxos de capital externo, dividendos pagos aos acionistas minoritários acionistas e recompra de ações. De acordo com estudos econométricos, os analistas estimaram um aumento, ainda que modesto, para a demanda por ações.

As recompras diminuíram na América Latina e têm mantido essa tendência ao longo dos anos, com queda de 67% em 2010 se comparado aos níveis de 2006. Já o pagamento de dividendos está em ritmo de ascensão, cobrindo cerca de 27% das emissões de ações em 2010. Enquanto isso, o fluxo de capitais externos nos mercados acionários emergentes registrou recorde de US$ 84,2 bilhões no ano.

“Se assumirmos que as recompras de ações continuarão nos níveis atuais, e que os investimentos estrangeiros sigam sua média nos últimos três meses, vemos a demanda por ações na América Latina em US$ 53 bilhões, excluindo fundos de pensão locais e fundos mútuos”, explica o banco. “Isso representaria um avanço em relação a 2010, e um bom equilíbrio entre oferta e demanda, dando base a um desempenho positivo do mercado acionário”.