Para investidores em busca de abrigo, não há moeda como o dólar

A valorização do dólar contradiz o consenso de fim de ano de que economias internacionais se fortaleceriam e atraíram recursos dos Estados Unidos

Bloomberg

Notas de dólar (Crédito:  Shutterstock)
Notas de dólar (Crédito: Shutterstock)

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(Bloomberg) — Operadores de câmbio em busca de proteção enquanto o coronavírus sacode mercados financeiros aumentam cada vez mais a demanda por dólares.

O dólar mostra ganhos em relação às 30 principais moedas mundiais no último mês, coincidindo com a crescente preocupação pelo impacto econômico do surto. O iene e o franco suíço, duas moedas consideradas portos seguros tradicionais, não conseguem acompanhar o desempenho.

A valorização do dólar contradiz o consenso de fim de ano de que economias internacionais se fortaleceriam e atraíram recursos dos Estados Unidos. O surto de coronavírus distorceu essa narrativa, e investidores famintos por rendimentos também evitam juros negativos na Ásia e na Europa. E, sem uma perspectiva para o fim do surto, o momento parece favorecer o dólar.

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“O crescimento dos EUA está mais isolado do impacto causado pelo vírus sobre a demanda” na Ásia e na Europa, disse por e-mail Ed Al-Hussainy, da Columbia Threadneedle. Segundo ele, os diferenciais de juros também tornam o dólar uma aposta segura “excepcionalmente atraente”.

Com o aumento das preocupações com o coronavírus, Al-Hussainy, analista sênior de juros e câmbio, disse que a gestora de ativos reduziu a exposição a moedas de mercados emergentes e fechou posições compradas em euros e libras esterlinas em relação ao dólar.

A força do dólar é uma dádiva para investidores internacionais que repatriam recursos de posições norte-americanas, mas é um possível obstáculo para empresas dos EUA com operações no exterior.

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O dólar atingiu 112,23 ienes na quinta-feira, a maior cotação em 10 meses, em meio ao temor de que os efeitos do coronavírus causem recessão no Japão. Nos EUA, o crescimento permanece sólido. O índice regional de manufatura do Federal Reserve subiu neste mês para a pontuação mais alta em três anos, segundo dados divulgados na quinta-feira.

Makoto Noji, estrategista-chefe da SMBC Nikko Securities, em Tóquio, prevê desvalorização do iene, para 115 por dólar, nível visto pela última vez em 2017, caso o crescimento dos EUA e do Japão continue divergindo.

Para Momtchil Pojarliev, chefe de câmbio do BNP Paribas Asset Management, o iene já está barato o suficiente. Ele comprou a moeda japonesa na quinta-feira sob a visão de que a tradição de ativo seguro do iene irá predominar caso o impacto do vírus comece a aparecer nos dados econômicos.

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Pojarliev ainda está otimista sobre o dólar em relação a outras moedas importantes, porque é o “porto seguro óbvio” e o vírus “terá grandes implicações para o crescimento”.

Existem outros oásis: o ouro atingiu a maior cotação em sete anos na quinta-feira, enquanto o yield da nota do Tesouro de 10 anos caiu para menos de 1,5%, o menor desde setembro. O franco suíço mostra queda de 1,7% este ano, enquanto o iene acumula baixa de 3%.

“O mercado começa a discernir melhor entre as moedas/ativos que deseja manter neste mundo nervoso pelo vírus”, disse Alan Ruskin, estrategista-chefe internacional do Deutsche Bank, em e-mail. “Na área de câmbio, o dólar americano é ‘top’.”

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