Para Bradesco, Arteris e CCR são as mais beneficiadas pelo novo pacote de concessões

Com os anúncios do governo na véspera, os analistas do banco estimam upside de até 43,59% nos papéis do setor, levando em consideração o fechamento do pregão da última terça

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A segunda rodada das concessões no setor de infraestrutura, anunciadas na última terça-feira (9) pelo governo, rendeu perspectivas positivas por parte da equipe de analistas do Bradesco. O pacotão que promete entregar R$ 198 bilhões para a otimização de estradas, portos e aeroportos foi visto como um avanço da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Entre os motivos para o otimismo com os planos apresentados, apesar de os detalhes ainda não serem conhecidos, estão os retornos esperados com os projetos e as expectativas pelo aprimoramento nos modelos contratuais.

Os investimentos do pacote de concessões dividem-se em: R$ 66,1 bilhões para rodovias, R$ 86,4 bilhões para ferrovias, R$ 37,4 bilhões para portos, e aeroportos com R$ 8,5 bilhões. A nova etapa de concessões de infraestrutura projeta investimentos de R$ 198,4 bilhões, sendo R$ 69,2 bilhões entre 2015 e 2018, e R$ 129,2 bilhões a partir de 2019. Os efeitos do pacote entre os investidores e especialistas rendeu opiniões divergentes. Uns ressaltavam a sinalização que mais concessões poderiam indicar, enquanto outros preferiam manter a cautela lembrando o retrospecto negativo do governo em elaborar contratos e promover negociações que agradassem o mercado.

Em relatório enviado a clientes, os analistas Victor Mizusaki, Luiz Peçanha e Leandro Fontanesi atentaram para o discurso oficial durante o anúncio e chegaram a uma conclusão que pode dar importantes sinais sobre o futuro de uma nova parceria com a iniciativa privada. “O governo foi claro ao afirmar que os retornos deveriam refletir o atual custo do capital e perfil dos riscos”, escreveram. Em segundo lugar, eles ressaltaram que R$ 30 bilhões em alterações contratuais estariam em negociação e o governo tem apresentado conforto com prorrogações.

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Neste cenário, o trio de especialistas do banco vê as ações da CCR (CCRO3) e da Arteris (ARTR3) como as mais beneficiadas no setor de infraestrutura, dentro da Bovespa. Os respectivos preços-alvos estabelecidos por eles para os dois papéis é, respectivamente, R$ 17,00 e R$ 14,00 – um upside de 10,75% para a primeira e 43,59% para a segunda, levando em consideração o fechamento do pregão da última terça.

No caso da CCR, a equipe do Bradesco enxerga uma boa possibilidade par expandir seu reinado na infraestrutura brasileira. A empresa deve começar a desalavancagem em 2016, liberando entre R$ 8 e R$ 10 bilhões para investir em novas concessões durante os próximos 2 ou 3 anos. “Tendo em vista a dimensão do programa anunciado e a improvável participação empreiteiras pesadas nos próximos leilões, a CCR pode escolher as melhores estradas (15 novas concessões, R$ 49,5 bilhões em capex) e aeroportos (4 concessões, R$ 8,5 bilhões). De acordo com nossas estimativas, cada R $ 1 bilhão investido com um retorno desalavancado de 10% pode aumentar nosso preço alvo de R$ 0,14 [sobre o papel CCRO3]“, explicam.

Já para a Arteris, eles ressaltam que o preço da proposta para a companhia terá de incorporar entre R$ 4 ou R$ 5 bilhões em alterações contratuais. “Em nossas estimativas, baseadas em um projeto de retorno de 10% (desalavancado, em termos reais), o preço de oferta deve aumentar em R$ 2,8-3,5 [por papel preferencial]”, estimam os analistas do Bradesco.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.