Para BofA, ação cara não justifica visão negativa para Weg; banco reitera compra após “resultado espetacular”

Preço-alvo para ação foi elevado de R$ 75 para R$ 90 depois do balanço do terceiro trimestre, com analistas destacando a forte execução da empresa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Mesmo com uma forte execução e mais um resultado positivo no terceiro trimestre, a maior parte dos analistas está cética sobre se a ação da fabricante de equipamentos elétricos, tintas industriais e produtos de automação e controle industrial Weg (WEGE3) pode subir muito mais na B3 após os ganhos de mais de 100% em 2020.

Isso se refletiu no pregão após o balanço. Na véspera, apesar dos bons números divulgados pela companhia, a ação caiu 6,16%.

De acordo com compilação feita pela Refinitiv com casas de análise, 4 (30%) recomendam compra, 5 manutenção (40%) e outras 4 venda dos ativos (30%), em meio a questões sobre o bom desempenho operacional da empresa e o limite de alta para a ação após as recentes valorizações. Veja mais clicando aqui.

Dentre os poucos bancos recomendam a compra da ação, está o Bank of America. Após o resultado da Weg, que mostrou alta do lucro de 54% na base anual e crescimento de receita de 41%, os analistas Murilo Freiberger e Gustavo Tasso reiteraram a recomendação de compra e elevaram o preço-alvo para a ação de R$ 75 para R$ 90, o que configura um potencial de valorização de quase 15% na comparação com o fechamento da véspera.

“Não vemos o valuation relativo da Weg (atualmente de 71 vezes a relação de preço sobre o lucro esperado para 2021 ante a média de 28 vezes em 5 anos) como razão suficiente para adotarmos uma visão negativa sobre as ações da empresa. Acreditamos que o valuation é justificado por sua exposição a tendências disruptivas, prêmios de execução, valor de escassez e um momentum de ganhos estelar. Portanto, reiteramos nossa recomendação de compra”, apontam os analistas em relatório chamado, em tradução livre, “Há o bom, há o ótimo e há a Weg”.

Classificando os resultados da véspera como “espetaculares”, Freiberger e Tasso atribuíram o bom desempenho a: 1) uma infinidade de ventos favoráveis ​​do setor, incluindo a exposição ao segmento de energia solar em expansão e a recuperação da demanda de linha branca no Brasil; e 2) uma execução soberba, mantendo os índices de produção em um ambiente desafiador e permitindo, deste modo, capturar a demanda reprimida. “Como esses fatores tendem a se manter no curto prazo, a ação deve ser sustentada por um forte impulso de lucros”, avaliam.

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Entre várias surpresas positivas, o destaque do terceiro trimestre, segundo o BofA, foi o crescimento de 51% na base anual das receitas domésticas, impulsionado pelo bom desempenho dos produtos de ciclo longo. Além disso, avaliam os analistas, houve recuperação de vendas de ciclo curto em ritmo acelerado.

Entre os negócios de ciclo longo, estão os motores de média tensão e painéis de automação destinados principalmente a projetos de papel e celulose e mineração, água e saneamento e óleo e gás, bem como na área de Transmissão & Distribuição (T&D). Já os equipamentos de ciclo curto são equipamentos como motores elétricos de baixa tensão.

“Já ao olhar para o segmento internacional (mesma moeda), as receitas aumentaram 5%, uma conquista impressionante em comparação com os pares globais. Finalmente, a expansão robusta da margem Ebitda [Ebitda/receita líquida] reforça nossa tese de que um mercado doméstico forte é um fator chave para a lucratividade da empresa”, afirma o banco.

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Para destacar a forte execução da empresa, os analistas voltam um pouco atrás no tempo, apontando “a impressionante trajetória da WEG na última década”.

“Investidores devem lembrar que, em 2012, quando as vendas anuais eram de R$ 5 bilhões, a empresa lançou um ambicioso plano para atingir receitas de R$ 20 bilhões até 2020. Bem, um viajante do tempo vindo do passado olharia para a receita trimestral atual (R$ 4,8 bilhões) e concluiria: “Legal! As coisas deram certo. Não estão longe de sua meta”. Agora, imagine explicar que o PIB do Brasil contraiu 4% por 2 anos consecutivos nesta década, o cenário político e macro foi o mais turbulento que poderia existir e estamos em meio a uma pandemia global. Ainda assim, a Weg sustentou um CAGR [taxa de crescimento composta anual] para a sua receita de 15%. A nosso ver, essa impressionante conquista destaca a execução incomparável da Weg e a força de seu portfolio de produtos premium”, afirmam os analistas.

Próximos passos 

Assim, após a forte queda da véspera, as ações registram uma sessão de recuperação, com alta entre 2% e 3% de seus ativos.

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Vale destacar que a companhia realizou teleconferência de resultados nesta quinta-feira para comentar o balanço.

De acordo com os executivos, a carteira de pedidos de ciclo longo da companhia é saudável para 2021 e ela está tendo um desempenho muito positivo na América do Norte. A companhia ainda apontou que vai aproveitar o câmbio (com o real desvalorizado frente ao dólar) para buscar participação de mercado por meio de exportações. Contudo, o dólar pode representar uma pressão para os seus custos. Segundo a empresa, ela pode abrir mão de parte de sua margem para continuar com a estratégia de crescimento de longo prazo.

Sobre as oportunidades, a companhia destacou que o mercado de energia solar deve continuar crescendo no médio e longo prazos no Brasil, apesar dos riscos regulatórios. Já na área de saneamento, a Weg avalia que o mercado para a empresa é de 4% a 5% do valor total a ser investido em cada projeto.

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Cabe ressaltar que, na véspera, o Bradesco BBI apontou que o volume de investimentos no setor de saneamento pode representar um mercado endereçável de R$ 28 bilhões em receitas para a companhia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.