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SÃO PAULO – O panorama da renda fixa sofreu grandes alterações em virtude da crise financeira e econômica. Nesse contexto, alguns agentes se perguntam se esse momento é favorável para investir nesse mercado. Para Curtis Arledge, da gestora de recursos BlackRock, o momento é “ótimo”.
Com o aprofundamento da crise, marcado pela repentina seca da liquidez global, falta de confiança nas agências de rating, colapso de grandes instituições de Wall Street e severa recessão das principais economias, investidores migraram para aplicações mais seguras, como os Treasuries, em um movimento chamado “flight to quality”.
No entanto, com a atividade econômica à beira do precipício, as autoridades tiveram de intervir, optando por reduções das taxas de juro em um ritmo e um alcance sem precedentes, reduzindo também o retorno desses títulos de dívida do governo, diminuindo assim a sua atratividade como uma forma de investimento.
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Investimento feito sob medida
O resultado disso é que, agora, os investidores estão cada vez mais procurando aplicações diferenciadas e mais especificas, que se alinhem melhor com os seus objetivos em vez de uma abordagem mais genérica que inclua apenas os tradicionais índices de mercado, aponta a BlackRock.
Segundo Curtis Arledge, a mudança mais significativa que podemos sentir no mercado de renda fixa, entre os ativos com grau de investimento, é a maior participação dos títulos do Tesouro norte-americano, que em 2007 era de apenas 25%, para chegar a aproximadamente 80% já em 2010.
Ótimo momento para a renda fixa
Sendo assim, explica ele, se nós optarmos por uma aplicação lastreada em algum índice de mercado, estaremos basicamente comprando Treasuries. Mas, nesse caso, não estariam todos os investimentos em renda fixa fadados a esse destino, sinalizando que este não seria um bom momento para investir no mercado de títulos?
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Na opinião de Arledge, é exatamente o contrário. “Essa é uma ótima época para ser um investidor em renda fixa”, afirma ele com convicção. Com a crise, muitos investidores compensaram o risco de aplicações de maior risco, como a renda variável, com outras que oferecem um risco próximo a zero. Praticamente foram de um pólo para outro.
Assim, esse movimento de busca pela segurança, considerando também o processo de desalavancagem pelo qual passaram diversas empresas e agentes de mercado, fez com que títulos corporativos de qualidade ficassem relativamente baratos. Como exemplo, a BalckRock cita os ativos com rating AAA, com boas perspectivas de retorno e baixo risco.
Três perfis, três recomendações
Dessa forma, como montar um portfólio baseado na renda fixa? Para Arledge, como os investidores não são todos iguais, não existe um padrão formal. Mas considerando os três objetivos que é típico de quem aposta no mercado (renda, preservação de capital e retorno total) é possível elaborar recomendações específicas para cada perfil.
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Para aqueles que desejam preservar o seu capital, as suas aplicações deverão continuar diversificadas em ativos lastreados em dívidas do governo, particularmente os títulos da Ginnie Mae (Government National Mortgage Association), que tem gerado fortes retornos nos últimos anos. Já para quem está interessado em uma renda contínua, a opção por ativos com menor risco deve ser priorizada, como os títulos com rating de investment grade, e outros AAA.
Por sua vez, quem busca o retorno total deve considerar todos os setores junto com o risco potencial, alterando a sua exposição à medida que as condições de mercado mudarem.