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A Natura&Co (NTCO3), empresa do setor de cosméticos, perfumaria e beleza, está tomando medidas estratégicas para melhorar sua rentabilidade e expandir sua presença no mercado, com foco em inovação e marketing de produtos, após um período de reestruturação envolvendo a venda de ativos e gestão de passivos.
Esta é a visão do Itaú BBA, que destaca em relatório que a companhia está otimista quanto às suas operações na América Latina, com destaque para o Brasil, que continua liderando o crescimento. A recomendação para a Natura é marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 17 até o fim deste ano, representando um potencial de alta de 37% em relação ao preço de fechamento de sexta.
Para o banco, a Natura tem mostrado capacidade de gerar lucro, especialmente no Brasil. É por esse ângulo que o BBA estima que o Ebitda ajustado da companhia, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, é de R$ 3,19 bilhões em 2024, com uma margem esperada para crescimento nos próximos anos.
As alavancas de rentabilidade incluem melhorias na logística e a implementação do projeto Wave-2 (ou Onda 2), que pretende aumentar a eficiência e reduzir custos no Brasil, Argentina e México. A companhia também compartilha custos com a Avon Internacional, que pode ser um fator de melhoria de margens após a venda dessa operação.
Apesar dos esforços para gerar crescimento sustentável, o Itaú BBA prevê que a Natura passará por uma fase de volatilidade nos próximos trimestres devido à adaptação dos mercados da Argentina e do México ao modelo Wave-2. Esse impacto deve ser sentido já no primeiro semestre deste ano, com uma queda de receita de um dígito médio, mas com perspectivas de recuperação de rentabilidade nos trimestres subsequentes.
“Esses fechamentos terão um impacto negativo nos custos de transformação no quarto trimestre de 2024 (estimamos R$110 milhões). Além disso, o lançamento do Wave-2 fará com que as receitas caiam à medida que a empresa otimiza a equipe de consultores, retendo apenas os membros mais lucrativos (como lembrete, no Brasil, levou três trimestres após o início do Wave-2 para as receitas se recuperarem)”, diz o relatório.
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Expansão Internacional e dividendos
A empresa diz estar focada em aumentar sua participação no mercado global, particularmente em canais físicos e digitais. Pela conta do BBA, as lojas de varejo representam 11,6% do mercado total endereçável (TAM) da Natura, com um crescimento substancial em unidades nos últimos meses, chegando a 943 lojas na América Latina. Além disso, a Natura também está expandindo suas vendas digitais, um setor que, observam os estrategistas, ainda tem um espaço considerável para crescimento, representando apenas 7,1% do TAM da empresa.
Segundo os analistas, o desempenho nos outros países, como na Argentina e no México, está passando por ajustes, com a empresa reformulando sua equipe de consultores nesses mercados para melhorar a rentabilidade a longo prazo. A Natura também está tentando resolver a situação da Avon, que continua a ser um fator complicador. A expectativa é que a Avon seja reincorporada às finanças da Natura no 4º trimestre de 2024, o que pode trazer mais complexidade nos relatórios e análises.
Em relação aos dividendos, o BBA pontua que a Natura deverá avaliar sua geração de fluxo de caixa livre (FCF) neste ano para definir sua política de pagamento. O banco estima que, com uma estrutura de capital de 1 vez-1,5 vez dívida líquida/Ebitda, a companhia poderia pagar cerca de R$ 1,8 bilhão em dividendos, representando um yield de aproximadamente 10%. Contudo, o impacto da Avon, o projeto Wave-2 e o ambiente macroeconômico incerto no Brasil podem adiar a distribuição de dividendos para 2026.
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A Natura está projetada para gerar uma receita líquida de R$ 30,4 bilhões este ano, com um Ebitda ajustado de R$ 3,55 bilhões. As estimativas indicam um crescimento da empresa, embora o lucro líquido ainda seja negativo devido aos entraves enfrentados pela Avon e os investimentos em marketing. Em 2026, projeta o BBA, o lucro líquido da Natura deve retornar a uma trajetória positiva, com um crescimento estimado de 8,5% no P/E ajustado.
Embora o futuro imediato não seja dos mais fáceis para a Natura, principalmente pela queima de caixa da Avon, o Itaú BBA acredita que a Natura possui alavancas de crescimento no Brasil e América Latina que podem gerar valor a longo prazo, especialmente com a expansão de seus canais de vendas e a otimização de seus processos operacionais.