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SÃO PAULO – Mesmo após dar mais detalhes sobre o lançamento do pacote de US$ 1,9 trilhão de estímulos pelo presidente eleito dos EUA, Joe Biden, a sessão é de queda para os principais índices de bolsas mundiais, com os investidores atentos ao avanço do coronavírus em diversos países, inclusive na China.
Vale destacar que, na véspera, Wall Street encerrou em queda com as esperanças em torno do novo estímulo fiscal antes do anúncio da proposta de alívio à pandemia de Biden sendo confrontadas por investidores com a deterioração do mercado de trabalho.
Por aqui, o Ibovespa subiu 1,27% na véspera com os sinais de mais entrada de capital estrangeiro por conta dos programas de estímulo no exterior, enquanto o coronavírus agrava o colapso no sistema de saúde de Manaus após falta de oxigênio nos hospitais. Já em live nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pretende elevar a isenção do Imposto de Renda para todos que ganhem até R$ 3 mil por mês no próximo ano, depois de reiterar que não foi possível mexer na tabela do IR em 2020 devido aos impactos econômicos da pandemia de Covid-19. Na agenda econômica, atenção para os dados de vendas no varejo. Confira os destaques do noticiário:
1. Bolsas mundiais
Os índices futuros americanos e as bolsas europeias têm em sua maioria quedas nesta sexta-feira (15), apesar do anúncio do projeto de um pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Ele deve apresentar ainda um novo pacote em fevereiro. Na Europa, há instabilidade política na Itália, retração da economia no Reino Unido e a escolha do novo presidente do partido de Angela Merkel.
Com a vitória de dois candidatos nas eleições ao Senado pelo estado da Geórgia nos Estados Unidos, o Partido Democrata terá controle sobre as duas casas do Congresso, além da Presidência, o que pode permitir a aprovação de uma ambiciosa agenda de gastos. Contudo, também há a avaliação de que, apesar de bem-vindo para apoiar a recuperação econômica, o projeto, de tão robusto, terá de ser enxugado para ser aprovado pelo Congresso com mais facilidade.
Além disso, na semana passada dados do Departamento de Emprego indicaram o fechamento de 1.400 vagas nos Estados Unidos, o que aumentou a expectativa de um novo pacote de estímulos.
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Na quinta, Biden, que assumirá no dia 20, revelou detalhes sobre a proposta, chamada de “Plano de Resgate Americano”. O pacote incluirá o pagamento direto de US$ 1.400 à maioria dos americanos, somando-se aos pagamentos de US$ 600 do plano aprovado pelo Congresso em dezembro. Dessa forma, o valor total será de US$ 2.000.
O benefício federal semanal destinado a desempregados será elevado a US$ 400, e estendido até o final de setembro. O salário mínimo federal será elevado a US$ 15 por hora. Despejos de moradores por não pagar o aluguel serão adiados até setembro.
Também pagará US$ 350 bilhões em auxílio estadual e local do governo; US$ 170 bilhões para escolas do ensino primário e secundário, além de instituições de ensino superior; e direcionará US$ 50 bilhões para impulsionar testes de covid.
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O “Plano de Resgate Americano” é a primeira de duas iniciativas de gastos que Biden buscará implementar em seus primeiros meses como presidente, de acordo com auxiliares. Em fevereiro, o presidente eleito deverá apresentar um segundo projeto, mais focado em criar empregos, reformar a infraestrutura do país, combater a mudança climática e buscar impulsionar a igualdade racial.
De acordo com auxiliares, o presidente também apoia o perdão de US$ 10 mil em dívidas estudantis de alunos.
“A crise do sofrimento humano é visível, e não há tempo a perder”, afirmou o presidente eleito ao anunciar seus planos para o novo pacote de estímulos.
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“Eu sei que o que eu acabei de descrever não custará pouco, mas deixar de agir vai nos custar imensamente (…) o consenso entre economistas importantes é de que nós simplesmente não podemos arcar com os custos de não fazer o que estou propondo”, disse o presidente eleito.
“Há uma dor real impactando a economia real, aquela em que as pessoas dependem dos salários, não de investimentos, para pagar por suas contas, por suas refeições e pelas necessidades de seus filhos”, afirmou Biden.
Os índices futuros americanos têm baixas nesta sexta após o anúncio, que foi realizado após o fechamento de quinta-feira, que também marcou leves quedas das bolsas do país.
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Na Europa, os índices também têm em sua maioria baixas. Além do anúncio de Biden, também está no radar a instabilidade na Itália, após o ex-primeiro-ministro, Matteo Renzi, anunciar, na quarta, que deixará de apoiar o atual governo de coalizão.
Dessa forma, o atual primeiro-ministro, Giuseppe Conte, perde a maioria parlamentar. Apesar disso, ele tem recusado a renunciar.
Esta sexta também marca o início do congresso especial de dois dias da União Democrata Cristã, o conservador partido da chanceler alemã Angela Merkel. O congresso deverá definir, até sábado, o novo presidente, que estaria em posição para suceder Merkel.
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Além disso, dados oficiais indicam que a economia do Reino Unido contraiu 2,6% em novembro, quando o país implementou novas medidas de lockdown.
O patamar foi menos severo do que a queda de 5,7% estimada por economistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters, mas marca a primeira contração da economia do país desde o início da pandemia.
As bolsas asiáticas têm resultados variados entre si. As ações da fabricante chinesa de smartphones Xiaomi tiveram quedas acentuadas após a gestão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, posicioná-la em uma lista negra de companhias supostamente ligadas aos militares do país.
Além disso, as ações da CNOOC também tiveram perdas, após o Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciar, na quinta, que adicionou a empresa a sua lista de entidades proibidas de receber certas mercadorias fabricadas nos Estados Unidos.
A China ainda informou o número mais alto de casos diários de Covid-19 em mais de 10 meses, mostraram dados oficiais, devido a um forte surto no nordeste que colocou mais de 28 milhões de pessoas em lockdown.
Veja o desempenho dos principais índices às 7h30 (horário de Brasília):
Estados Unidos
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,33%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,20%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,31%
Europa
*Dax (Alemanha), -0,55%
*FTSE 100 (Reino Unido), -0,7%
*CAC 40 (França), -0,74%
*FTSE MIB (Itália), +0,18%
Ásia
*Nikkei (Japão), -0,62% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,27% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -2,03% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,01% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -1,46%, a US$ 52,79 o barril
*Petróleo Brent, -1,61%, a US$ 55,51 o barril
*Bitcoin, +0,64%, a US$ 38.407,15
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com alta de 1,45%, cotados a 1053 iuanes, equivalente hoje a US$ 162,67 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,47
2. Agenda de indicadores
Durante a manhã, atenção para o índice de inflação IGP-10 pela FGV, relativo a janeiro no Brasil. Às 9h são divulgados dados sobre vendas no varejo em novembro no país.
Às 10h30 são divulgados dados sobre a demanda final nos Estados Unidos em dezembro, medida pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor), ligado ao governo. No mesmo horário é divulgado o Índice Empire Manufatura relativo a janeiro. Também às 10h30 são divulgados dados sobre vendas no varejo no país em dezembro.
Às 11h15 são divulgados dados sobre produção industrial e utilização da capacidade do país em dezembro. Às 12h são divulgados dados sobre estoques de empresas nos Estados Unidos em novembro. No mesmo horário, a Universidade de Michigan divulga dados sobre confiança do consumidor, condições atuais, expectativas e inflação em janeiro.
3. Novo recorde na média móvel de casos de covid, e colapso em Manaus
O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de quinta (14), o avanço da pandemia em 24 h no país.
A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 56.453, alta de 57% frente o período encerrado 14 dias antes, e mais um recorde. É a primeira vez que o índice ultrapassa a marca de 55.000. Em apenas um dia foram registrados 68.656 casos. A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.000, alta de 42% frente o patamar registrado 14 dias antes. Em apenas um dia houve 1.151 mortes.
No Amazonas, a média móvel de mortes subiu 183% em sete dias. O sistema de saúde de Manaus está em colapso com o avanço de casos de covid. Internações estão batendo recordes, unidades de saúde ficaram sem tanques de oxigênio, a ponto de profissionais de saúde transportarem o insumo em seus próprios carros, pacientes estão sendo enviados a outros estados, o número de enterros em um dia bateu recordes, cemitérios estão lotados e instalaram câmaras frigoríficas.
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, admitiu na quinta-feira, durante a transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que há um colapso do sistema de saúde de Manaus, com 480 pessoas esperando por um leito na capital do Amazonas. Bolsonaro afirmou que “está complicada a situação lá”.
Pazuello atribuiu o agravamento da crise de Manaus a questões climáticas, à falta de infraestrutura hospitalar e recursos humanos, e à falta de “tratamento precoce” da covid. Bolsonaro voltou a defender o uso de hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, zinco e vitamina D contra a covid, apesar de não haver comprovação científica da eficácia desses tratamentos.
Pazuello afirmou que “todo o tratamento da Covid é baseado em algum grau de oferta de oxigênio. Então, há uma redução da oferta e nós estamos priorizando esse oxigênio para atender as UTIs e trabalhando para entregar mais oxigênio”.
Na quinta, dois aviões da Força Aérea Brasileira transportaram cilindros de oxigênio de São Paulo. Por meio do Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, informou que irá disponibilizar oxigênio para atender os hospitais amazonenses.
“Por instruções do presidente Nicolás Maduro, conversamos com o governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, para disponibilizar imediatamente o oxigênio necessário para atender o contingente de saúde em Manaus. Solidariedade latino-americana acima de tudo!”, escreveu. O governador do estado, Wilson Lima (PSC), respondeu que “o povo do Amazonas agradece!”.
Ainda no radar das vacinas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, afirmou na quinta que o país ainda está avaliando a possibilidade de exportar doses de imunizantes produzidos em seu território. Durante uma coletiva semanal, afirmou que é “muito cedo” para dar uma resposta sobre o tema.
A declaração ocorreu um dia antes de o Brasil enviar um avião para buscar em Mumbai 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela parceria entre Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca. Srivastava participava de uma coletiva de imprensa semanal quando foi perguntado sobre a exportação.
4. Live de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, também na transmissão ao vivo nas redes sociais , que pretende elevar a isenção do Imposto de Renda para todos que ganhem até R$ 3 mil por mês no próximo ano, depois de reiterar que não foi possível mexer na tabela do IR em 2020 devido aos impactos econômicos da pandemia de Covid-19.
Bolsonaro ainda reforçou que o governo federal não tem planos de aumentar impostos federais. Ele criticou o aumento “em plena pandemia” do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) realizado em São Paulo. “No meu governo não temos aumento de imposto federal”, declarou o presidente.
Ele ainda afirmou ter conversado durante toda a semana com os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, a respeito do preço dos combustíveis e do gás de cozinha. Durante transmissão semanal pelas redes sociais, Bolsonaro disse que o botijão de cozinha sai da refinaria a um custo de 38 reais, mas chega na “ponta da linha” a R$ 80 em média, sendo que há lugares com o valor de R$ 100.
O presidente afirmou, sem dar detalhes, que conversou também sobre a situação dos combustíveis. Bolsonaro disse ainda que, após conversar com Paulo Guedes, deve zerar a partir da próxima semana a tarifa de importação de pneus para os caminhoneiros, acrescentando que a categoria “passa dificuldades”.
Ainda no radar econômico, até o momento sem grandes avanços, a equipe capitaneada por Guedes pretende promover a votação de reformas econômicas entre fevereiro e setembro, segundo o jornal Valor. O enfoque será no ajuste fiscal, com a aprovação da PEC Emergencial, que cria os gatilhos que seriam acionados para garantir o cumprimento da lei do teto de gastos. Outro enfoque deverá ser a PEC da reforma administrativa.
5. Radar corporativo
Quatro construtoras divulgaram prévias operacionais do quarto trimestre. A MRV registrou alta das vendas, mas um recuo nos lançamentos do quarto trimestre, nos comparativos anuais, enquanto busca equilíbrio diante da forte atividade do setor imobiliário marcado pelos efeitos da pandemia da Covid-19. A companhia anunciou que suas vendas de outubro a dezembro somaram R$ 2,06 bilhões, um salto de 49,1% ano a ano e de 4,7% na base sequencial, à medida que seguiu acelerando ao longo do ano, infladas pela crescente oferta de financiamento imobiliário com juros da economia em mínimas recordes.
Os lançamentos da Even caíram 42% no quarto trimestre de 2020 na base de comparação anual, passando de R$ 917 milhões para R$ 532 milhões, número este levando em conta os imóveis lançados em empreendimentos com parceiros.
Já as vendas líquidas da Melnick foram R$ 31 milhões no quarto trimestre de 2020, segundo a prévia operacional divulgada pela companhia na quinta, montante quatro vezes menor do que o valor apresentado no mesmo intervalo de 2019, de R$ 136 milhões.
Por fim entre as prévias, a Mitre lançou R$ 463,7 milhões em VGV no quarto trimestre do ano passado, 46% maior frente igual período de 2019. Houve lançamento de 930 unidades, 47,4% acima do comparativo anual.
Já a estatal mineira Cemig informou nesta quinta-feira que estuda abrir uma filial de sua unidade de comercialização de energia elétrica em São Paulo, de olho no potencial local para negócios no chamado mercado livre de eletricidade.
Também em destaque, o governo de Minas Gerais disse que segue em negociações com a Vale sobre um eventual acordo global para reparação de danos pelo desastre de Brumadinho, após uma reunião entre as partes na última quinta-feira. A Vale disse em comunicado que permanece empenhada em reparar integralmente os atingidos e as comunidades impactadas.
A Marfrig precificou emissão de 10 anos no valor de US$ 1,5 bilhão em bônus, em operação que faz parte de estratégia da companhia para alongar e reduzir custo da dívida.
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