Os 27 momentos mais assustadores da crise financeira, segundo a Business Insider

O colapso do Lehman Brothers foi a "gota d'água", levando a economia mundial a maior crise desde a Grande Depressão, mas houve muitos outros momentos entre 2007 e 2009

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No dia 15 de setembro de 2008, os mercados amanheceram diferentes: naquele dia, o banco de investimentos Lehman Brothers, o quarto maior dos Estados Unidos, anunciou a concordata, um dia depois de falharem as negociações de compra da instituição.

O colapso do banco foi a “gota d’água”, levando a economia mundial a maior crise desde a Grande Depressão. Quando o Lehman  quebrou, a economia norte-americana já vinha sofrendo, há alguns meses, em meio ao subprime, ou os créditos imobiliários de alto risco.

Os subprimes envolviam também, além de crédito imobiliário, cartões de crédito e aluguel de carros e eram concedidos, nos EUA, a clientes sem que fosse comprovada a renda e/ou com histórico ruim de crédito. As dívidas eram “roladas”, fazendo com que a valorização dos imóveis se tornasse possível ao permitir que os mutuários obtivessem novos empréstimos de forma a liquidar os anteriores, em atraso, dando o imóvel como garantia. Contudo, a queda dos preços dos imóveis levou várias instituições para uma situação de insolvência e gerando os “créditos pobres”.

Com isso, a Business Insider destacou, seis anos depois da queda do banco, os 27 momentos mais assustadores da crise financeira entre 2007 e 2009, que teve o ápice com a queda do Lehman Brothers.

Confira:

1 – 8 de fevereiro de 2007: o HSBC disse que as suas provisões para devedores duvidosos “explodiram” devido a uma queda no mercado imobiliário norte-americano. “As pessoas normais passam a aprender o que é subprime”.

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2 – 2 de abril de 2007: a corporação financeira New Century entra em falência. Foi o maior financiador do subprime nos Estados Unidos. 

3 – 21 de junho de 2007: Merryll Lynch vende ativos em dois hedge funds uma vez que os fundos tiveram uma hemorragia de bilhões de dólares em más apostas em créditos de subprime. 

4 – 9 de agosto de 2007: o maior banco da França, BNP Paribas, congela a retirada de três fundos de investimentos depois dos EUA registrarem perdas no mercado de hipotecas. “A completa evaporação da liquidez em certos segmentos do mercado de securitização do mercado dos EUA tornou a situação impossível para determinados ativos, independentemente da sua qualidade ou classificação de crédito”, disse o BNP.

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5 – 4 de setembro de 2007: a Libor – a taxa de juro interbancária – atinge 6,7975%, seu nível mais alto desde dezembro de 1998.

6 – 24 outubro de 2007: Merrill Lynch anuncia uma perda trimestral de US$ 8,4 bilhões, a maior de sua história, graças a perdas de valor em hipotecas subprime.

7 – 31 de outubro de 2007: Meredith Whitney diz que o Citigroup terá de cortar seus dividendos. É o que acontece mais tarde. 

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8 – Outubro-novembro 2007: Muitos CEOs não sofreram tanto as consequências da crise financeira. Stan O’Neal do Merrill e Chuck Prince do Citigroup saem “pela porta de trás”, mas com pacotes de indenização enormes. O’Neal, por exemplo, saiu com US$ 161,5 milhões.

9 – 11 dezembro de 2007: O FOMC reduz a taxa de fundos federais para 4,25% e reduz a taxa de crédito primário para 4,75%.

10 – 16 de março de 2008: O JP Morgan Chase compra o Bear Stearns por US$ 2 por ação (com um preço extremamente descontado, que mais tarde seria elevado para US$ 10 por ação). O Fed financia o negócio, proporcionando US$ 30 bilhões para o Bear não ir à falência.

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11 – 2008: As seguradoras como a MBIA, que escreveram contra o fracasso de CDOs (Collateralized Debt Obligation), rebaixou-se entram em colapso. O fundo de hedge Bill Ackman faz mais de US$ 1 bilhão com uma posição short.

12 – 7 de setembro de 2008: a saga de Fannie Mae e Freddie Mac, garantidoras da metade das hipotecas dos EUA, culmina com a aquisição pelo governo dos EUA.

13 – 14 de setembro de 2008: Bank of America compra o Merrill Lynch por US$ 50 bilhões.

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14 – 15 de setembro de 2008: Enquanto isso, o Lehman Brothers não encontra um comprador e entra em falência.

15 – 16 setembro de 2008: pela segunda vez na história, um fundo do mercado monetário quebra e reporta valores das ações abaixo de US$ 1. Americanos se refugiam em massa e US$ 140 bilhões são retirados desde o primeiro dia do janeiro.

16 – 17 de setembro de 2008: O Fed resgata a gigante dos seguros AIG da falência por US$ 85 bilhões.

17 – Outono de 2008: as gigantes bancárias de longa data como Wachovia e Washington Mutual começam a desaparecer à medida que são compradas por outros bancos por poucos dólares.

18 – 29 de setembro de 2008: A Câmara dos Representantes dos EUA rejeita uma proposta de pacote de resgate de emergência no valor de US$ 700 bilhões de dólares por 228 votos a 205. Os mercados mergulham 788 pontos com os votos sendo contados ao vivo.

19 – 3 de outubro de 2008: O TARP passa no Congresso, ao aprovar um resgate bancário de US$ 700 bilhões de dólares, mas as ações continuam a cair com preocupações dos investidores de que o resgate não será suficiente.

20 – 8 de outubro de 2008: O Federal Reserve de Nova York socorre a AIG pela segunda vez por US$ 37,8 bilhões.

21 – 13 de outubro de 2008: o secretário do Tesouro Hank Paulson se reúne com nove CEOs dos bancos. Quando acaba a reunião, horas mais tarde, fica-se sabendo que o governo federal tomou uma posição enorme de capital em Wall Street. O pacote total de resgate era de US$ 2,25 trilhões, bem mais do que o original disponível de US$ 700 bilhões.

22 – 15 de outubro de 2008: o mercado de ações tem mais um dia infernal, mergulhando 733 pontos (7,9%).

23 – 16 outubro de 2008: o “Oráculo de Omaha” Warren Buffett escreve um artigo no New York Times chamado “Buy American. I am” (Compre ações americanas. Eu estou, em tradução livre). Ele é atacado pela crítica quando os mercados caem mais. Porém, o aumento dos preços das ações nos anos do pós-crise viria a justificar a estratégia do bilionário.

24 – Outubro 2008: os comentaristas se perguntam se este é o fim da vida como se conhece nos EUA. “A pior crise financeira desde a Grande Depressão está reivindicando mais uma vítima: o capitalismo de estilo americano”, escreveu o jornalista Anthony Faiola, do The Washington Post.

25 – 11 de dezembro de 2008: o NBER (National Bureau of Economic Research) anuncia que a economia está oficialmente em recessão.

26 – 17 de fevereiro de 2009: Obama assina a Lei de Recuperação e Reinvestimento de 2009.

27 – Novembro 2008: Primavera de 2009: a crise financeira continua, com emprego em ritmo lento. O Dow Jones caiu para 6.547,05 em 9 de março de 2009, na mínima desde abril de 1997.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.