Oracle e Deloitte alertam: você possivelmente está na indústria “errada”

Todas as companhias competitivas devem fazer parte da indústria de tecnologia em 2018

Paula Zogbi

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NOVA YORK* – “Por muito tempo dissemos que a tecnologia tinha de falar a linguagem dos negócios. Hoje, os negócios devem falar a linguagem da tecnologia”. Esta foi a conclusão principal de Bill Briggs, CTO (diretor de tecnologia) da Deloitte, no evento Oracle Modern Finance Experience 2018, em Nova York.

Segundo ele, empresas que não têm a tecnologia como prioridade estão basicamente fadadas ao fracasso. “Todas as empresas são empresas de tecnologia”, crava. Caso contrário, estão na “indústria errada” – e não terão forças para seguir competitivas na área que se propuseram a trabalhar desde o início.

Cliente dos serviços em nuvem da Oracle, organizadora do evento, a Deloitte faz parte do chamado Big Four, conjunto das quatro maiores empresas de serviços profissionais do mundo, junto a PricewaterhouseCoopers, KPMG e Ernst & Young. Segundo Briggs, a aplicação da tecnologia ao seu core, ou seja, negócio principal, é essencial para que o crescimento produtivo se mantenha “nas áreas que importam”. Em outras palavras, permitir o acesso da tecnologia em nuvem para otimização é o que garante que cada funcionário tenha tempo para focar em suas atividades principais sem que a empresa perca espaço para outras mais inovadoras.

E isso não ocorre apenas na Deloitte, mas em todos os seus clientes corporativos. “Nos últimos dois anos, em reuniões com diversos CEOs buscando inovação, notei essa mudança. Os funcionários de todas essas empresas precisam entender o que isso [tecnologia] significa”, reiterou.

Entre os efeitos mais relevantes dessa nova percepção, Briggs destaca que o Cyber, ou seja, o digital, que antes era visto como um tópico em separado dos processos empresariais, hoje faz parte de todos os processos: de compliance e reputação a risco e vendas. No evento, o foco principal foi a aplicabilidade em finanças.

Dentro da área financeira, normalmente entre as mais “lentas” e “atrasadas” nas empresas, ele cita algumas utilizações para o digital: oferecer insights para o investimento em novos produtos, através do cálculo em tempo real dos gastos e receitas que  geram; transações mais velozes para melhorar a colaboração entre clientes e empresa; redução de custos com revisão e lentidão em processos, com cálculos computadorizados; análises e balanços em tempo real. Tudo isso passa a permitir novos modelos de negócios, melhorar o compliance, a experiencia do usuário e, finalmente, possibilitar operações on the go pelo mobile.

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Possuir a tecnologia como pano de fundo para os negócios não significa que todos os funcionários devem pensar o tempo inteiro em processos de TI, muito pelo contrário. “Nosso trabalho é facilitar ao máximo a aplicação da tecnologia para que os funcionários das empresas utilizem seu tempo para fazer o que realmente importa: inovar”, complementa Mark Hurd, CEO da Oracle, em outro painel durante o evento.

Em suma, o essencial para manter a competitividade de uma companhia, em qualquer área que seja, é torna-la tão ágil quanto aquelas criadas para revolucionar sua indústria. Para tanto, a Oracle acredita que a nuvem é a única solução possível, levando em conta agilidade nos processos, aplicabilidade da inteligência artificial e da análise de dados em tempo real.

“Acredito que não exista, hoje, uma indústria que não tenha sofrido disrupção”, disse, em seu painel, Douglas Kehring, Vice-Presidente Executivo, Chefe de Equipe e diretor de Desenvolvimento Corporativo da Oracle. Ele é responsável pela transformação dos negócios da própria Oracle para a nuvem, incluindo organizações, sistemas e processos. Parte deste trabalho foi permitir a contratação de serviços de nuvem da Oracle já utilizando a nuvem – o que visa aumentar a confiança do cliente na contratação do serviço.

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“O papel da nuvem é facilitador, equalizador, porque permite a toda a equipe o acesso às mesmas informações e ainda permite economia financeira, porque as pessoas podem sair dos datacenters [já que a nuvem analisa os dados sem a necessidade de mão de obra humana] e focar em outras funções”, resume Kehring.

O tamanho da nuvem

Não é de se espantar a escolha da Oracle em focar fortemente na tecnologia de nuvem. O mercado mundial para serviços de nuvem foi de US$ 260,2 bilhões em 2017, ou 19% maior que o ano anterior. Até 2020, a projeção de uma pesquisa da Gartner é que alcance US$ 411,4 bilhões. Para a empresa, ainda é necessário bater as concorrentes Amazon, Microsoft e Alphabet, que detêm, respectivamente, 44,2%, 7,1% e 2,3% da infraestrutura de nuvem utilizada mundialmente.

Mas esses números não intimidam a organizadora do evento. “Nós vamos ser a primeira empresa em nuvem”, garante de pés juntos Steve Cox, Vice-Presidente de ERP e EPM da companhia. “E não achamos isso sozinhos, todos os nossos clientes sabem que somos os melhores em solucionar problemas com tecnologia”, continua, mantendo a atitude positiva. Não divulga, porém, quanto tempo acredita ser necessário para ultrapassar as concorrentes – apenas repete: “chegaremos ao nosso objetivo”.

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E o que é necessário para tal objetivo? Segundo eles, o primeiro desafio é educativo: “as companhias morrem vagarosamente. Precisamos criar um sentido de urgência na modernização e na adoção de novas tecnologias”, admite o diretor Kehring. “Existe uma ‘síndrome do não foi feito aqui, não tem o que eu preciso’ [que impacta na decisão de contratar um sistema de nuvem terceirizado]”, decorrente da resistência do departamento de TI em abrir espaço para outras empresas e que as fornecedoras de soluções em nuvem também lutam para desmistificar.

Dentro desta estratégia, a opção da Oracle é a de seguir criando, cada vez mais, a possibilidade da personalização e de aplicabilidade fracionada. “Não precisamos revolucionar tudo de uma vez. O papel do diretor será o de habilitar o que for necessário para melhor gerir o negócio pela nossa plataforma sem a necessidade de passar as demandas para o TI”, exemplifica Paulo Guiné, agente de transformação digital na empresa. “Quando houver, por exemplo, uma nova regra tributária, será fácil navegar pela nossa plataforma e solicitar as modificações necessárias – é muito parecido com a experiência mobile”, diz.

Por último, é preciso endereçar a questão da segurança: a Oracle garante que manter dados em sua nuvem é mais seguro, dado que a proteção não precisa mais ser feita internamente à empresa contratante e o monitoramento é realizado em tempo real. O uso de blockchain e de criptografia é a aposta aqui: os dados ficam protegidos por esssa barreira, e não por planilhas acessíveis a parte diminuta dos funcionários. Agora, cabe às companhias apostar nisto com a mesma confiança.

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*A jornalista viajou a convite da Oracle

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney