ONU defende criação de nova moeda mundial para substituir dólar

Entidade da ONU propõe uma nova moeda global para proteger países emergentes contra influência do dólar

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SÃO PAULO – Em relatório divulgado nesta segunda-feira (7), economistas da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) defendem a criação de uma nova moeda internacional, que substituiria o papel do dólar nas transações comerciais. O objetivo, de acordo com a entidade, é reduzir o impacto da especulação financeira nas economias emergentes.

Para a Unctad, o sistema atual de reserva internacional é um dos culpados pela crise econômica por submeter os países em desenvolvimento aos riscos da dependência do dólar. Para isso, a proposta da entidade é um sistema de reserva mundial que teria como base uma moeda nova, lastreada em uma cesta de divisas de todos os membros.

Reajuste de contas

Para a entidade, a administração de todos os procedimentos de conversão – especialmente as taxas de câmbio – ficaria reservada a um novo banco global, criado especialmente para este fim.

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Desse modo, os países poderiam ajustar os desequilíbrios nos seus balanços de pagamento e reduziriam sua exposição aos choques financeiros externos e aos riscos da dependência do dólar norte-americano.

Ainda segundo o relatório, no novo sistema o ajuste das contas não ficaria apenas a cargo dos países com grande déficit (a exemplo dos Estados Unidos). Os superavitários (como a China) também terão que procurar o equilíbrio do balanço de pagamentos.

Isso reajustaria o modelo atual deflacionário, que obriga os países deficitários a reduzir suas compras quando se encontram sem financiamento ao mesmo tempo em que não estimula os superavitários a aumentar suas importações.

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A necessidade de tamanha intervenção defendida é equivalente à de Bretton Woods ou ao sistema monetário europeu, de acordo com o documento.

Apesar da moeda global, a Unctad explica que os países continuariam com suas próprias divisas.

Recuperação temporária

Para os economistas da entidade mundial, os sinais de recuperação econômica vistos no primeiro semestre de 2009 são temporários. “Nós não vemos uma recuperação real”, afirmou o secretário geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi. “O crescimento sincronizado em diversos mercados que não se movem na mesma direção mostra que o que vimos no primeiro semestre do ano foi dirigido pela especulação”.

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Supachai acredita que a queda nos rendimentos da economia real, refletida nos investimentos no mercado imobiliário e no crescente desemprego, continuará a restringir o consumo privado e os investimentos futuros previsíveis.

Além disso, a Unctad defende que para sustentar o crescimento e combater a deflação os governos e os bancos centrais deveriam manter ou até mesmo fortalecer a expansão das políticas monetária e fiscal. Com isso, “o crescimento mundial poderia voltar ao patamar positivo em 2010, mas não excederia 1,6%”.