Oncoclínicas desaba mais de 13%, Rede D’Or sobe 3%: os “dois mundos” após o 2T24

Enquanto Oncoclínicas mostrou volumes abaixo do esperado, a Rede D'Or apresentou tendências melhores, com uma taxa de ocupação recorde e Ebitda acima do esperado

Equipe InfoMoney

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Duas empresas do setor de saúde divulgaram seus números do segundo trimestre de 2024 (2T24) na noite da última terça-feira (13), levando a desempenhos bem diferentes nesta quarta (14): Oncoclínicas (ONCO3) desabou 13,58% (R$ 6,30), enquanto Rede D’Or (RDOR3) subiu 2,95% (R$ 30,73) na sessão após os balanços.

Conforme destaca o Itaú BBA, enquanto a primeira mostrou volumes abaixo do esperado, a segunda apresentou tendências melhores, com uma taxa de ocupação recorde e resultado operacional (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) acima de suas estimativas.

Para a Oncoclínicas, o banco ressalta que a companhia reverteu a pressão na margem Ebitda (rentabilidade operacional), apresentando boa expansão sequencial de 16,1% no primeiro trimestre para 18,5% no segundo trimestre. Esse avanço foi impulsionado por melhores provisões para glosas (não pagamento de algum item que compõe a conta hospitalar do paciente atendido) e devedores duvidosos, bem como por esforços de otimização na estrutura de despesas gerais e administrativas.

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No entanto, houve uma perda de 5% em nossas estimativas de faturamento, provavelmente devido a volumes abaixo do esperado, já que o ticket médio estava em linha com nossas expectativas.

“Vale destacar que a companhia incorporou um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão no trimestre, que mais que compensou o aumento orgânico da dívida líquida de R$ 446 milhões. Este incremento foi influenciado pelos pagamentos de aquisições e pré-pagamentos de contratos de locação, resultando em uma relação dívida líquida/Ebitda de 2,5 vezes, conforme definição da empresa”, aponta o BBA, que mantém recomendação de “compra” para ONCO3, com preço-alvo de R$ 11 ao fim de 2024.

A XP ressaltou resultados neutros, com lucro líquido ajustado de R$ 29 milhões, receita subindo anualmente 15,3%, com a aceleração do ticket e dos volumes. A margem Ebitda diminuiu 0,8 ponto percentual na base anual devido a glosas ainda elevadas, mas os analistas observam que a empresa já iniciou um plano de eficiência de despesas para aumentar as margens. A alavancagem (considerando arrendamentos e obrigações de aquisições) foi de 3,1 vezes o Ebitda anualizado, auxiliada pela recente capitalização de R$ 1,5 bilhão, embora também mostre que a tendência orgânica é de queda. O capital de giro apresentou uma melhora significativa nos dias de contas a receber.

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“Acreditamos que (i) a capitalização, (ii) o programa de otimização da estrutura administrativa e de pessoal e (iii) a melhoria do capital de giro podem colocar os resultados novamente em uma trajetória de crescimento”, avalia a equipe de análise.

Sobre a Rede D’Or, o BBA aponta que os resultados da empresa mostraram tendências de volume melhores que as esperadas no segmento hospitalar, apoiadas por uma taxa de ocupação recorde e um forte aumento de leitos operacionais durante o trimestre, além de uma sólida adição de beneficiários de planos de saúde na SulAmérica.

Do lado da rentabilidade, continua observando a redução dos custos com materiais e medicamentos, mas a surpresa mais positiva foi uma melhor sinistralidade na divisão de seguros, fazendo com que o Ebitda consolidado superasse a estimativa do banco em 9%. “Alguns investidores manifestaram preocupação com a ligeira geração de caixa no trimestre. Contudo, não consideramos que esta seja uma questão significativa, uma vez que a empresa ainda está investindo pesadamente, o que pode limitar o fluxo de caixa no curto prazo”, destaca o BBA, mantendo recomendação de “compra” para RDOR3, com preço-alvo de R$ 39 ao fim de 2024.

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A XP também ressalta os números positivos, com a unidade de negócios de hospitais continuando a apresentar crescimento de receita, decorrente de aumentos de preços e de maiores taxas de utilização e ocupação, combinados com alguns ganhos de margem trazidos por melhorias nos custos de suprimentos e de pessoal. A unidade de negócios de seguros manteve a tendência dos últimos trimestres, já que tanto a receita quanto as margens aumentaram, seguindo o forte aumento de preços e as iniciativas de redução de custos da empresa. A redução das despesas com juros contribuiu para o lucro líquido. “Por fim, o ciclo de caixa e as glosas continuam desafiadores. Consideramos que a empresa está bem posicionada para conduzir o cenário atual do mercado e, portanto, esperamos que ela mantenha sua recuperação à frente da curva, o que pode ser positivo no médio prazo”, avaliam os analistas.