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SÃO PAULO – Em mais um grande passo para sair da recuperação judicial (RJ), a Oi (OIBR3;OIBR4) vendeu em leilão, nesta segunda-feira (14), a sua operação de telefonia móvel (Oi móvel) para o consórcio formado por Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro por um valor de R$ 16,5 bilhões.
O leilão, organizado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, durou apenas trinta minutos e não teve concorrência, confirmando a expectativa dos investidores de que não haveria disputa por ativos, após o consórcio cobrir a proposta da Highline em meados do ano.
O trio planeja dividir os ativos de telefonia celular da Oi assim que receber aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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A divisão da Oi Móvel entre as rivais trará uma nova configuração ao mercado de telefonia brasileiro. A aposta da consultoria internacional Omdia, especializada em telecomunicações, é que a Vivo saia de 33% para 37% de participação no mercado, a TIM de 23% para 32% e Claro, de 26% para 29%. A Oi, com 16%, desaparece do segmento móvel. Os 2% restantes seguiriam nas mãos de operadoras regionais, como a mineira Algar Telecom. Os números da partilha desenhada pelo consórcio, porém, ainda não foram revelados.
Depois das fortes altas no início do mês, com as ações chegando aos R$ 2,45 na semana passada, os papéis fecharam o pregão desta quarta-feira em queda de 6,78%, aos R$ 2,20. É comum que os ativos caiam logo depois que um evento muito esperado, e que contribuiu para impulsionar as ações, se concretiza. Como diz o velho ditado do mercado: “a ação sobe no boato e cai no fato”.
Mas também pesou para a baixa o fato de que não houve nenhuma proposta concorrente pela fatia móvel da operadora. Ainda que não fossem esperadas outras ofertas, o leilão confirmou as expectativas.
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A Oi reformulou seu plano de recuperação judicial neste ano, que foi aprovado pelos credores em setembro e homologado pelo juiz que cuida da RJ em outubro. A espinha dorsal do novo plano é justamente o leilão de ativos, de onde deve vir o caixa para pagar os credores. Para executar a tarefa, o plano dividiu a Oi em cinco partes, chamadas de Unidades Produtivas Isoladas (UPIs): telefonia móvel (Oi móvel); torres; infraestrutura (ou InfraCo, que inclui a operação de fibra óptica); TV por assinatura; e data centers.
O primeiro leilão, das torres e data centers, aconteceu no dia 26 de novembro e levantou R$ 1,4 bilhão.
O segundo leilão, da operação móvel, foi realizado nesta segunda. Os ativos móveis chegaram a atrair no meio do ano uma oferta acima do valor mínimo estipulado, de R$ 15 bilhões, da Highline, que pertence à empresa global de investimentos Digital Colony, mas o consórcio formado por Vivo, Tim e Claro cobriu a proposta.
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No ano que vem, a Oi deve realizar o leilão para vender a unidade de TV por assinatura, UPI considerada menos relevante.
Na terça-feira (8) da semana passada, Bernardo Winik, vice-presidente de Clientes do grupo Oi, disse em coletiva de imprensa que a empresa espera receber entre janeiro e fevereiro uma oferta vinculante pela fatia de 51% da InfraCo e o leilão deve ser realizado no primeiro trimestre. Em entrevista concedida em agosto ao site TeleSíntese, especializado no setor, o CEO da empresa, Rodrigo Abreu, adiantou que a empresa espera receber no mínimo R$ 9 bilhões pela venda do controle.
Leia também: Afinal, a Oi vai se recuperar? Veja por que os leilões e a fibra óptica podem redimir a operadora
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A fibra óptica é a menina dos olhos da Oi. Diferentemente dos serviços de telefonia móvel, alvo de constantes críticas de clientes, a fibra óptica residencial (mercado conhecido como fiber to the home, ou FTTH) é a operação hoje mais rentável e promissora da operadora.
Perspectivas para a Oi
Na semana passada, o Bradesco BBI reiterou a visão positiva para as empresas de telecomunicações, reforçando a Oi como a principal escolha do setor no Brasil e elevando o preço-alvo de R$ 3,10 para R$ 3,40 para os papéis OIBR3 para o final de 2021, o que configura um potencial de valorização de 44% em relação ao fechamento de sexta-feira.
Para a equipe de análise do BBI, mesmo após a forte alta de mais de 170% dos ativos no acumulado de 2020 (de 174% para OIBR3 e 185% para OIBR4, até a última sexta), ainda há espaço para ganhos, destacando o valuation atrativo, a competição mais racional, os gatilhos de curto prazo (como a venda de ativos móveis) entre outros. Os analistas destacam ainda o forte avanço no segmento de fibra óptica residencial (ou no jargão do mercado FTTH, do inglês fiber to the home), no qual a Oi já é líder em 13 capitais.
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Os analistas também atualizaram o modelo levando em conta a atualização de endividamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No fim de novembro, o grupo de telecomunicações teve um desconto de praticamente 50% na dívida de R$ 14,3 bilhões de reais devida à União e ainda poderá parcelar o valor remanescente, comunicou a Advocacia-Geral da União (AGU) – veja mais clicando aqui.
Segundo o BBI, um perdão ainda maior da dívida com a União também pode ser um catalisador importante para as ações. Isso porque a empresa ainda pode migrar a dívida para a Nova Lei da Falência, recém-aprovada no Senado e que aguarda sanção presidencial, o que poderia ampliar ainda mais o desconto do valor devido ao governo, para até 70%.
Além disso, eles acreditam que a Oi deve manter o ritmo acelerado de expansão de FTTH, adicionando aproximadamente 140 mil casas conectadas por mês. O plano da Oi de chegar a 14 milhões de casas até 2021, juntamente com receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) e taxa de absorção melhores do que o inicialmente esperado, deve levar a receita a crescer aproximadamente 9% na comparação anual em 2021, bem como a potencial reavaliação dos ativos, que devem receber ofertas vinculativas a partir de janeiro de 2021, avaliam os analistas do BBI.
Cabe ressaltar que a Oi informou na última semana que dobrou sua base de clientes em oito meses. “Saímos de 700 mil clientes ao fim de 2019, para um milhão no começo de 2020 e agora entramos em dezembro com essa boa notícia de dois milhões de clientes totais”, disse Bernardo Winik em coletiva de imprensa, destacando que esse é o pilar central na estratégia da empresa para os próximos anos.
O executivo também destacou que a Oi chegou à marca de 9,2 milhões de casas passadas por fibra ótica em dezembro, um milhão acima da estimativa original da empresa, com 134 cidades sendo atendidas. “O desempenho foi bem acima do esperado quando a gente desenhou o projeto, é um motivo de bastante orgulho para a Oi.” Veja mais clicando aqui.
Os analistas do BBI ainda ressaltam que, “em termos de rentabilidade, com sólido controle de custos e plano de demissão voluntária, com o objetivo de economizar de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões em 2021, espera-se crescimento de Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] de 31% na comparação anual em 2021. Por fim, vemos o término do plano de recuperação judicial no próximo ano, o que pode levar a um maior número de investidores olhando para OIBR3”.
Se o fim da recuperação judicial acontecer em 2021, não vai ser pouca coisa. A Oi entrou em recuperação judicial em junho de 2016, com uma dívida de R$ 64 bilhões – a segunda maior RJ da história, só atrás da Odebrecht, com uma dívida de R$ 98 bilhões.
Fabrício Lodi, professor do Projeto os 10%, escola de traders, também acredita que, com os leilões, a Oi pode zerar suas dívidas e encerrar o processo de Recuperação Judicial até o ano que vem, voltando a ser sustentável a partir de 2022 ou 2023.
Lodi destaca ainda que muito do mérito do novo plano de RJ da Oi pode ser atribuído ao atual CEO da empresa, Rodrigo Abreu, ex-presidente da Cisco e da TIM – e nome respeitado pelo mercado. “Em junho, ele falou que o novo plano teria o objetivo de zerar as dívidas e quintuplicar o valor da Oi, levando as ações para um patamar superior a R$ 5. No momento, os sinais indicam que ele pode conseguir cumprir a promessa.”
Confira a linha do tempo com a história da Oi:
(com informações da Agência Estado)
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