Oi (OIBR3;OIBR4): aprovação de venda de ativos resolveria problemas da companhia, mas não todos

Mesmo saindo da recuperação judicial, operadora teria desafio de rentabilizar operações em mercado mais competitivo

Mitchel Diniz

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No próximo mês de março, fará um ano que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) oficializou o começo da análise da compra de ativos móveis da Oi (OIBR3;OIBR4) por suas concorrentes: TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3 e Claro. A parte de telefonia móvel da operadora em recuperação judicial foi arrematada em leilão judicial por R$ 16,5 bilhões, no final de 2020. A autarquia considera a operação complexa, mas ainda assim teve parecer favorável de sua área técnica, que deixou a decisão para o tribunal do Cade com uma recomendação de aprovação.

As duas reuniões de executivos da Oi com o presidente da autarquia, previstas para o final da tarde de ontem, foram canceladas, conforme informou o Cade ao Infomoney, sem dar maiores detalhes. Um desses encontros seria com representantes de TIM, Vivo e Claro. Com a notícia de que o tema chegou ao gabinete da presidência, as ações da Oi chegaram a disparar 15%.

Existe uma sessão extraordinária prevista para o próximo dia 26 de janeiro e o mercado começou a aventar que a pauta seria a compra dos ativos da Oi, já que a empresa convocou uma assembleia geral de acionistas para o dia seguinte, 27. Oficialmente, o Cade não confirma, nem nega. Mas o mistério não deve durar muito, pois a pauta da sessão está prevista para ser publicada amanhã.

Independentemente da data, o analista Ricardo Schweitzer acredita que o Cade deve impor algumas restrições para mitigar o risco de concentração de mercado da operação, mas avalia que as chances da compra não ser aprovada são mínimas. Em entrevista ao Radar Infomoney desta quarta-feira (veja acima o vídeo na íntegra), Schweitzer explicou que a Oi deve embolsar em breve o valor da compra dos ativos, ganhando capacidade para sair da recuperação judicial e tocar suas operações, que serão focadas em telefonia fixa e banda larga.

“Como a empresa vai ter um recebimento substancial de recursos com a venda da Oi Móvel, haverá condições muito boas de sentar à mesa com os credores pra negociar condições de pagamento de dívida e isso deve se traduzir em uma redução substancial do endividamento”, explicou Schweitzer.

Essa nova empresa, sem a parte de telefonia móvel, já está sendo apelidada de “Mini Oi”. “Uma empresa pouco endividada, com um braço de infraestrutura como sócio estratégico [a V.tal, de fibra óptica] e um braço próprio B2C”, afirma o analista.

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Para Schweitzer, essa conjuntura poderia, enfim, destravar valor para as ações da companhia. “A partir do momento em que a empresa sai da recuperação judicial, ela se torna elegível para o investimento de uma série de investidores institucionais, como os fundos e volta para o radar. Porém, o desafio da empresa, depois de pagar suas dividas, é apresentar melhoras operacionais”, disse ele.

Entre os desafios da Oi pós-recuperação judicial, estão a expansão da base de assinantes da banda larga, um segmento que demanda investimentos e está bastante competitivo. Schweitzer lembra que provedores regionais se capitalizaram ao longo dos últimos anos, acirrando a disputa. “Paralelo a isso, a Oi precisará conseguir mais contratos para a V.Tal, de integração de provedores e 5G, para rentabilizar mais esses ativos”, explica o analista.

Do contrário, a empresa teria ativos com rentabilidade muito baixa e, consequentemente um valuation baixo. “O fato de sobreviver por si só, não é garantia de sucesso. Precisa rentabilizar ativos e isso leva tempo”, conclui Schweitzer.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados