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A equipe de research do banco Santander Brasil rebaixou, em relatório divulgado na última quarta-feira (4), a recomendação das ações ordinárias da Oi (OIBR3) de “manutenção” para “abaixo de mercado” (equivalente à venda). Além disso, atualizaram também o preço-alvo, tirando-o de R$ 0,90 para R$ 0,15 (6,25% abaixo do fechamento da véspera, de R$ 0,16).
De acordo com o banco, a justificativa principal para a movimentação foi a queima de caixa maior do que a esperada nos nove primeiros meses de 2022, além da redução do consenso para os resultados operacionais no curto prazo.
“Embora a Oi tenha apresentado um desempenho significativamente inferior no acumulado do ano (-77% contra o Ibovespa), ainda vemos um risco/retorno pouco atraente para as ações. Acreditamos que a empresa deve continuar enfrentando desafios operacionais nos próximos anos, marcados por um nível ainda elevado de queima de caixa em 2023 (de aproximadamente R$ 2 bilhões”, diz a equipe, composta pelos analistas Felipe Cheng e Cesar Davanço.
No terceiro trimestre de 2022, por exemplo, a Oi queimou R$ 1,4 bilhão de caixa – com destaque, principalmente, para os investimentos no novo negócio da companhia, que deve continuar a trazer gastos e com resultados ainda distantes.
O braço de fibra óptica da Oi deve crescer de forma acelerada, com a empresa esperando praticamente dobrar o número de residências atendidas até 2025, saindo das atuais 18 milhões para 34 milhões. Do outro lado, porém, a venda dos demais ativos, como da Oi Móvel, deve levar a uma queda do faturamento.
“Prevemos que a Oi reporte uma receita líquida de R$ 10,2 bilhões (exclui operações descontinuadas) em 2023, implicando um crescimento baixo de dois dígitos em relação a 2022”, diz o Santander.
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Para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), as projeções também não são animadoras para os próximos anos.
“Em termos de rentabilidade, prevemos que a Oi reporte um Ebitda de aproximadamente R$ 700 milhões em 2023, o que implica uma margem de meio dígito. As tendências de Ebitda fraco são parcialmente explicadas pelos custos mais altos relacionados ao crescimento de FTTH [fiber to the home], já que os custos da Oi com V.tal devem ser elevados nos estágios iniciais e diminuir gradualmente ao longo do tempo”, defendem.
Por fim, além do lado operacional, o Santander vê também a alavancagem financeira da tele como um problema, com a relação entre a dívida líquida, de R$ 18 bilhões, e o Ebitda em dois dígitos, e as despesas com credores ainda elevadas. No terceiro trimestre, a Oi teve R$ 2 bilhões em gastos financeiros.
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“Esperamos que o fluxo de caixa operacional se torne positivo apenas em 2025. Nosso preço-alvo de R$ 0,15 para a Oi é derivado de um modelo de soma das partes, ao qual atribuímos um valor de aproximadamente R$ 11 bilhões para a ClientCo, de R$ 27 bilhões para a V.tal, da qual a Oi detém 34%, e uma dívida líquida de R$ 20 bilhões em 2023”, defendem.
Entre os possíveis gatilhos positivos para o preço da ação ordinária da tele, o Santander, por fim, defende que a Oi pode ganhar créditos tributários na arbitragem com a Anatel (com a companhia esperando um ganho de até R$ 12 bilhões), e uma reavaliação do preço-alvo da V.Tal.
Nesta quinta, por volta das 15h30 (horário de Brasília), as ações ON da Oi operam estáveis, a R$ 0,16. No radar da empresa, está a notícia da Coluna do Broadcast de que a empresa está preparando a separação da Oi Fibra em uma nova companhia independente que poderá contar com sócios em um futuro próximo.
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O projeto prevê a criação de uma nova empresa – batizada temporariamente de ClientCo – que abrigará os ativos da Oi Fibra. Entrarão aí: a base de clientes, os canais de comunicação, vendas e atendimento, e os sistemas para prestação do serviço de banda larga. Procurada pela coluna, a Oi não se manifestou.