OGX despenca 20% com fracasso de negociação; confira o plano da “salvação”

A companhia disponibilizou o documento do "Projeto Olímpico", como é chamado seu plano de reestruturação, que não foi aceito pelos credores

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A OGX Petróleo (OGXP3) negociou bastante com os credores, mas não conseguiu um acordo com eles – encerrando as conversas na última sexta-feira (25). Agora, deverá pedir recuperação judicial entre essa terça e quinta-feira, um processo que deverá durar até 180 dias, nas estimativas da própria empresa. 

A informação fez com que a ação despencasse 20,69%, aos R$ 0,23 – a maior queda do Ibovespa nesta sessão. A perspectiva é que os papéis estão muito próximos da recuperação judicial, que deve ser pedida a qualquer momento – o que assusta os investidores da petrolífera de Eike Batista. Essa queda não se estendeu a OSX Brasil (OSXB3) – cujo destino está intrinsicamente ligado ao da OGX -, que fechou estável aos R$ 0,67. 

No seu site de relações com investidores, a companhia disponibilizou o documento do “Projeto Olímpico”, como é chamado seu plano de reestruturação, que não foi aceito pelos credores. Embora tenha censurado informações que considerava relevantes, a OGX mostrou detalhes do que se passou nesses últimos meses, quando a direção se encontrou com os credores. As informações censuradas podem ser facilmente lidas, caso o investidor “copie e cole” em outro documento. 

Esses próprios credores podem barrar uma recuperação judicial, caso prefiram uma liquidação: para que a RJ seja aprovada, é necessário o apoio de uma maioria simples (50% + 1) dos credores. Outra saída é a recuperação extra-judicial, que também depende da aprovação dos credores, mas é uma saída menos desejada pela gestão da empresa.

Plano de recuperação
Esses credores “perderam a oportunidade” de trocar as suas dívidas pela OGX – a companhia ofereceu 57% da empresa em troca de que eles perdoassem a dívida da empresa. Como a própria OGX se avalia em US$ 2,43 bilhões, isso representaria um perdão de 55% da dívida. Contudo, na Bovespa, a empresa vale “apenas” R$ 809 milhões na cotação de R$ 0,25 – cerca de US$ 375 milhões.

Nesse cenário, a OSX Brasil (OSXB3) seria dona de 14% da empresa – e veria sua dívida cair de US$ 900 milhões para US$ 380 milhões -, enquanto fornecedores e investidores com direitos de oferta ficariam com 9% e 10% da empresa, respectivamente. Os atuais minoritários teriam cerca de 5% da empresa, enquanto Eike ficaria com os 5% restantes.  

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Contudo, há um outro cenário, em que a OSX cobra US$ 2,6 bilhões da OGX. Nesse caso, os credores ficariam com 42% da companhia e a OSX ficaria com 30%. Os investidores com direitos de oferta ficaram com 11% e os fornecedores ficariam com 6%. Os minoritários ficariam com 5%, mesma participação de Eike. 

Novo acordo com a Petronas
Há a expectativa de que a Petronas venha a injetar dinheiro pela compra de 40% do campo de Tubarão Martelo. Embora isto esteja censurado no arquivo, é possível compreender que o acordo ainda está de pé – embora o campo de Tubarão Martelo tenha se provado ter menos petróleo que o esperado, o que levou a discussões sobre o plano. 

No mais, a companhia prevê uma entrada líquida de US$ 150 milhões de setembro de 2013 a fevereiro de 2014, o que garantiria o desenvolvimento da empresa. Os grandes gastos de Tubarão Martelo já foram realizados em outubro, cerca de US$ 103 milhões e a empresa ainda terá custos de US$ 82 milhões com o abandono de Tubarão Azul, estimado para janeiro. 

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Novo plano de negócios
A companhia reajustou seu plano de negócios para a nova realidade – usando uma frase peculiar para descrever seu passado: “otimismo excessivo, petróleo não-suficiente”, admitindo ter tido metas “ambiciosas demais”. Agora, a intenção é “apagar e reformular as ambições”, focando nos campos de Tubarão Martelo e Atlanta. 

Um ponto curioso é o fato da companhia destacar que deverá monetizar suas descobertas, realizando farm-outs mais frequentes. A companhia planeja também vender a OGX Maranhão por cerca de US$ 180 milhões em novembro, informando que tem negociações para a Eneva. 

A companhia destacou que considera o preço-médio do petróleo em US$ 98 – um preço relativamente alto. A companhia previa receitas de US$ 517,4 milhões em 2014, se a companhia sobreviver – já que deve ficar sem caixa em dezembro.