OGX cai 4%, imobiliárias ficam sem rumo e Usiminas avança; veja destaques

Marfrig, MMX e Minerva também chamaram a atenção do mercado nessa sessão; incorporadoras "problemáticas" subiram, "conservadoras" recuaram
Ocean Lexington
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SÃO PAULO – Novo dia volátil para a bolsa brasileira, que terminou em queda de 0,38% para o Ibovespa, indo aos 58.700 pontos. Liderando as perdas desde o início desta segunda-feira (22), as ações da Cielo (CIEL3) tiveram desvalorização de 4,88% a primeira sessão da semana, para R$ 47,12. Na outra ponta, aparecem os papéis preferenciais da Usiminas (USIM5), que subiram 2,80%, fechando a R$ 10,28. 

As ações da operadora de cartões despencaram na sequência da notícia de que, depois dos juros e das tarifas bancárias, os POS (Point Of Sales), as populares “maquininhas de cartões”, poderão ser os próximos alvos do Governo. CIEL3 chegou a registrar queda de 7,31%, sendo cotadas a R$ 45,92. 

De acordo com matéria do O Estado de S.Paulo, a equipe econômica vem avaliando a media de 4% do valor de cada operação nos cartões de crédito e de 6% nos vales refeições. Para o governo federal, essas taxas são “muito elevadas”.

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Segundo a publicação, a presidente Dilma Rousseff cobrou estudos do Ministério da Fazenda e do Banco Central para reduzir essas taxas, em movimento acompanhado de perto pela Casa Civil. Em outra frente, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) pautou essa discussão em um dos conselhos do Brasil Maior e deve apresentar uma proposta até o fim de novembro.

Análise Técnica derruba OGX?
A grande referência negativa para o Ibovespa, porém, foi a OGX Petróleo (OGXP3), que registrou queda de 4,17%, terminando aos R$ 5,05. O terceiro papel com maior peso no índice, representando 5,16% da carteira teórica, voltou a cair forte, estendendo as perdas acumuladas em outubro. “A ação foi buscar um novo patamar de preços, um novo suporte”, avalia Henri Evrard, analista da Infinity Asset. Segundo os conceitos de análise técnica, suporte é uma região de preços com forte concentração de compradores, por isso a perda desse patamar é bastante perigoso para a ação, visto que os vendedores foram maioria até mesmo em uma região de muitos compradores.

Para ele, não há nenhuma notícia que justifique isso – a não ser o próprio gráfico das cotações. “Estava pesando a questão do risco X, mas não vi nada que justifique isso, e quem usa o gráfico estava esperando buscar esse suporte dos R$ 5,00, então talvez tenhamos um momento de reversão para frente”, destaca o analista.

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Tensão pré-balanço faz Marfrig recuar
Já as ações da Marfrig (MRFG3) recuaram 4,30%, terminando o dia aos R$ 11,58. Os papéis operam no vermelho a poucos pregões da divulgação de seu balanço referente ao terceiro trimestre – na quarta-feira (24). “Deve haver uma expectativa por um balanço ruim”, avalia Evrard.

Embora não há nada que também justifique essa queda, os números tendem a definir tendências para as ações e algumas vezes é capaz de que o mercado precifique números ruins pouco antes da divulgação – por vazamento de informação ou por má-fé de diversos envolvidos no processo de divulgação.

Minerva despenca após ofertar ações
Ainda dentre os frigoríficos, as ações do Minerva (BEEF3) registram forte queda depois do anúncio de uma oferta primária e secundária de ações. Nesta segunda, os papéis perderam 6,79%, valendo R$ 10,99. Na sexta-feira, após o fechamento do mercado, a processadora de carne bovina afirmou que pretende vender inicialmente 37,5 milhões de papéis na oferta primária. Cabe lembrar que a queda do preço do papel no mercado é um movimento natural na expectativa de uma venda de ações.

Na avaliação da equipe da Ativa, o anúncio é negativo para BEEF3, uma vez que a companhia pretende reforçar seu caixa em função de sua ainda alta alavancagem. “Apesar da necessidade da empresa, o movimento deve ser mal visto pelos investidores em função da potencial diluição junto aos acionistas minoritários, que se aproximaria de 25,6% após a adição das novas ações”, acrescentam os analistas.

Usiminas sobe após reiteração de call
Na ponta positiva do índice, destaque para a Usiminas. Além dos preferenciais, os papéis ordinários – listados sob o código USIM3 – subiram 2,74%, terminando o dia aos R$ 11,61 – depois de uma reiteração de compra realizada pelo Credit Suisse. “O banco suíço reiterou as siderúrgicas, após elas performarem pior que o Ibovespa no último mês”, afirmou o analista da Infinity.

Enquanto essas empresas vêem suas ações caírem entre 9,50% a 13% nos últimos 30 dias, o Ibovespa acumula perdas de apenas 4,3%. Quando olha-se mais para trás, o desempenho é significamente pior. “Desde agosto de 2011, na médias elas se mantém estáveis, enquanto outros setores em apuros, como o financeiro, registram altas”, alerta.

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A expectativa de recuperação da economia chinesa também deve fortalecer a posição dessas empresas. “Você deve ter um aumento do preço do aço, que melhora bastante a situação dessas empresas”, destaca. Os papéis de CSN (CSNA3) tiveram alta de 0,79% para R$ 11,50, enquanto os da Gerdau (GGBR4) recuaram 0,44% e terminaram a segunda aos R$ 17,92.

Grupo “1” de imobiliárias recua…
As imobiliárias do Ibovespa terminaram sem rumo nessa sessão – por conta das diferenças internas entre as empresas desse setor. “Você pode dividir as imobiliárias do índice em dois grandes grupos, as mais conservadoras, como MRV Engenharia (MRVE3) e Cyrela (CYRE3) e as que tiveram mais problemas”, diz Evrard. Nesse pregão, piora para as “boas”. As ações da MRV apresentaram desvalorização de 3,15% e terminaram aos R$ 11,70, enquanto a Cyrela viu seu papel recuar 1,32%, aos R$ 17,89. 

Para o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira, o movimento da MRV reflete a decepção dos investidores com a prévia operacional da companhia, publicada na semana passada. “O resultado mostrou que a companhia, dificilmente, atingirá a meta de vendas deste ano. Isso causou um desconforto no mercado”, completou.

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Pelos dados da última quinta-feira, a incorporadora precisará vender R$ 1,7 bilhão nos três últimos meses do ano a fim de cumprir o piso da estimativa traçada para 2012, ou o equivalente a quase 43% do mínimo da meta anual. “A empresa está caindo por conta disso, surge uma dúvida se o guidance vai ser alcançado”, avalia o analista da Infinity.

Esse movimento também se mostra em empresas fora do Ibovespa. “Os dados prévios de Helbor (HBOR3) também não animaram”, afirma Evrard. Ele destaca que caso a empresa estivesse no Ibovespa, certamente estaria no “primeiro” grupo de imobiliárias. “Essas empresas com prêmio deverão ser penalizadas”, finaliza.

…mas grupo “2” dispara
Nessa sessão, vantagem para as problemáticas – que viram os papéis de Brookfield (BISA3) subirem 1,60% para R$ 3,82, as ações da Gafisa (GFSA3) avançarem 1,63%, paraR$ 4,36, e as de PDG Realty (PDGR3) registrarem ganhos de 1,38%, para R$ 3,68. A outra empresa do segundo grupo, Rossi Residencial (RSID3), caiu 2,26% e terminou o dia aos R$ 4,75.

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“Hoje tivemos a capitalização da Rossi confirmada, e das quatro do segundo grupo, só ela não subiu, por conta disso”, diz. O otimismo, lentamente, volta para esse primeiro grupo, e elas deixam para trás as mínimas deixadas nos últimos meses. Conforme o pessimismo atinja o segundo grupo – ou mostre que a diferença entre elas não é tão grande assim – Evrard acredita que a tendência é que elas se equilibrem no longo prazo. 

Eike mostra confiança na MMX
As ações da MMX Mineração (MMXM3) chamaram a atenção ao chegar a 3,37% nesta sessão, antes de perderem fôlego e operarem no negativo. O papel, porém, voltou para o positivo após a Reuters noticiar que o BNDES (Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social) aprovar R$ 900 milhões para um porto da empresa. Com isso, MMXM3 terminou com alta de 0,24%, aos R$ 4,25.

O bilionário Eike Batista aumentou sua participação na MMX Mineração e alcançou 46,1% do capital social da companhia. Pelos dados disponíveis no site da BM&FBovespa, o acionista controlador da MMX detinha fatia de 29,99% nas ações da mineradora até a última sexta-feira. 

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A companhia explica que Eike comprou direta e indiretamente 31.623.700 de suas ações ordinárias no mercado secundário da bolsa, aumentando o total de papéis detidos por ele para 289.737.297 ações. “A compra mostra que o papel está barato e que Eike Batista continua a ter confiança em suas empresas, o que favorece um movimento de recuperação dos papéis”, explica o analista da SLW Corretora, Pedro Galdi. O analista aponta ainda a alta do preço do minério de ferro como um potencial catalisador para o desempenho positivo dos papéis.