Publicidade
Os planos de saúde voltados para o segmento PME (Pequenas e Médias Empresas, com carteiras de até 29 usurários) terão reajustes que foram considerados altos por analistas de mercado, que também veem algumas sinalizações para o setor.
O Morgan Stanley aponta que os reajustes vieram altos novamente e muito acima da inflação esperada para 2024 – em média 17,5% contra 4% de inflação estimada pelo banco.
Além disso, os aumentos trazem algumas indicações. A primeira é que pode-se esperar preços mais elevados para o segmento corporativo para compensação de pressões de custos. Outro ponto é que essas altas podem impactar a acessibilidade de cuidados de saúde privados no futuro e devem gerar uma filtragem nas carteiras.
Continua depois da publicidade
“A competição parece razoável, mas o acesso pode ser limitado. O foco na recuperação das margens brutas por meio dos preços parece ser unânime em todo o setor, mostrando que a competição de preços irracional está fora de questão por enquanto”, destaca o Morgan. Ainda assim, o banco alerta que, se os ajustes acima da inflação viraram nova norma, a tese de crescimento do mercado de saúde privada conforme o país de desenvolve (e, por consequência, a renda se expande) pode ser questionada.
Baixe uma lista de10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
Outro ponto relevante, apresentado pelo Itaú BBA, é que as companhias dependem mais do que nunca dos aumentos, uma vez que os resultados ainda não teriam alcançado o nível desejado pelo índice de sinistralidade (MLR). O indicador MLR ainda permanece acima do patamar pré-pandemia e pressiona os números das companhias, deixando “pouco espaço para lucros operacionais”, na visão do banco.
Continua depois da publicidade
O aumento anunciado pelo BradescoSaúde (divisão de saúde do banco Bradesco [BBDC4]) e pela SulAmérica (incorporada à Rede D’Or [RDOR3] em 2023) é de cerca de 20% em relação ao ano de 2023, e se apresenta na faixa anterior dos ajustes já anunciados pelo setor. A Amil, por sua vez, aumentou seus preços em 22% (menor que o observado no ano de 2023). A Hapvida (HAPV3) anunciou aumento de preço de 16%, que ficou acima do esperado por investidores. O BBA pondera que é possível que o aumento mais expressivo seja resultado de alinhamento com concorrentes no segmento PMEs.
As cooperativas médicas (sistemas Unimeds) apresentaram aumentos considerados dispersos pelo BBA, com reajuste mais alto da modalidade na Unimed Nacional e um dos mais baixos na Unimed Belo Horizonte (+10%). Segundo a análise, a diferença entre valores evidencia estágios diversos de rentabilidade para os operadores. O Bradesco BBI ressaltou que a diferença persiste há três anos consecutivos e segue bem acima dos níveis históricos observados entre 2015 e 2021.
“Essa dinâmica reflete uma realidade onde os preços praticados pelas grandes operadoras permanecem significativamente mais altos do que os praticados pelas Unimeds locais, indicando um desequilíbrio competitivo que pode afetar a oferta e escolha de planos de saúde pelos consumidores”, considera o BBI.
Continua depois da publicidade
O que esperar?
O Morgan destaca que a sustentabilidade e expansão do setor dependem, acima de tudo, do controle de custos e da limitação no repasse de preços. Atualmente, os pagadores já se movimentam em busca de implementação de contratos com coparticipação, redes de provedores mais restritas e negociação de melhores condições com prestadores de serviço. Isso tudo em um contexto no qual os requisitos regulatórios “mais razoáveis”, na visão do Morgan, seriam positivos para o setor, embora difíceis de implementar politicamente.