O que fez o Ibovespa subir 1,46% e superar os 130 mil pontos pela 1ª vez no ano

A força de ações ligadas a commodities direcionou o indicador

Lara Rizério Agências de notícias

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O Ibovespa tocou nesta segunda-feira (17) a importante marca psicológica dos 130 mil pontos, vista pela última vez no final do ano passado, chegando a ultrapassar os 131 mil pontos nas máximas do dia.

O benchmark da Bolsa fechou com ganhos de 1,46%, aos 130.883,96 pontos. Este é o maior patamar de fechamento desde 28 de outubro de 2024, quando encerrou com 131.212,58 pontos (alta naquele dia de 1,02%). Vale (VALE3) subiu 1,44%, Petrobras avançou 1,86% (PN;PETR4) e 2,32% (ON;PETR3) e papéis de grandes bancos tinham ganhos de 3% (como o caso do Itaú Unibanco PN;ITUB4).

A força de ações ligadas a commodities direcionou, em boa medida, o indicador.

Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, o avanço deveu-se a questões externas, sobretudo ligadas à China. “Não é por motivos internos”, diz.

Além de o gigante asiático ter divulgado uma série de dados com resultados acima do esperado, anunciou um plano para aumentar consumo interno e promover crescimento de renda salarial.

“As medidas chinesas tendem a aumentar a demanda e o Brasil está amarrado no para-choque da China. Se o país acelerar, estimula aqui, mas há muita incertezas sobre as tarifas dos Estados Unidos. O mercado não tem um horizonte. Não dá só para ficar em cima só do fator China, é muito pouco. Incerteza é a palavra da vez”, acrescentou Laatus.

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Também impulsionando os ativos emergentes, os preços do petróleo bruto subiram neste pregão na esteira de maiores temores de uma escalada nas tensões no Mar Vermelho, depois que o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, indicou no fim de semana que o país continuará atacando os houthis do Iêmen.

Em relação à guerra na Ucrânia, as notícias eram mais positivas, com os EUA e a Rússia confirmando que os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin conversarão por telefonema na terça-feira, enquanto buscam uma solução para o fim do conflito.

Na frente de dados, o governo norte-americano informou que as vendas no varejo se recuperaram em fevereiro, sugerindo que a economia continuou a crescer no primeiro trimestre, embora a um ritmo moderado.

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Cabe ressaltar que as ações dos Estados Unidos avançaram pela segunda sessão consecutiva nesta segunda-feira, com investidores buscando pechinchas depois que os índices Nasdaq e S&P 500 caíram por quatro semanas consecutivas e analisando os dados econômicos mais recentes para avaliar o impacto das políticas do governo Trump.

IBC-Br acima do esperado e decisão de juros

Na cena doméstica, o Banco Central relatou mais cedo que seu IBC-Br avançou em janeiro, evidenciando que a atividade econômica iniciou 2025 com mais força do que o esperado mesmo em meio a um ambiente de política monetária restritiva.

O índice, calculado pelo Banco Central e considerado um sinalizador do PIB, cresceu 0,9% em janeiro sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado, acima de expectativas no mercado (+0,2%). “O IBC-Br corrobora a nossa expectativa de que a economia brasileira passará por um processo de ajuste gradual”, afirmaram economistas da Genial Investimentos.

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Cabe ressaltar que nesta semana acontece a chamada “Super Quarta”, apelido dado pelo mercado financeiro quando coincidem as datas das reuniões dos comitês de política monetária nos Estados Unidos (Fomc) e do Brasil (Copom). 

A decisão do Copom foi anunciada previamente ainda em dezembro de 2024, quando a diretoria do Banco Central optou por acelerar a alta da Selic em 1 ponto percentual e antecipou que seriam necessários mais dois ajustes de mesma magnitude, em janeiro e em março. Ou seja, a taxa básica deve subir para 14,25%. A dúvida está na taxa final do ciclo.

Já nos EUA, após cortar as taxas de juros em 100 pontos base no final de 2024, o Federal Reserve fez uma parada técnica no final de janeiro, deixando os juros na faixa entre 4,25% a 4,50%. Para esta quarta-feira, é esperado que o Fomc tome uma decisão similar. Outras autoridades monetárias divulgarão as suas decisões nesta semana.

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“O Ibovespa segue indefinido no curto prazo, mas a um passo de retomar a trajetória altista”, afirmaram analistas do Itaú BBA no relatório Diário do Grafista, divulgado antes da abertura do mercado.

“Se conseguir ultrapassar…129.600 pontos, retomará a trajetória de alta e abrirá caminho para seguir em direção a 132.300 e 137.469 pontos”, afirmaram, citando que, do lado da baixa, encontra suportes em 125.300 e 122.000 pontos.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.