O que esperar para bancões? Perspectivas de 2025 mais difícil deve ofuscar bom 4º tri

Foco dos agentes estará voltado de fato para as perspectivas presentes nos balanços e declarações de executivos ao comentar os números

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – Os principais bancos brasileiros começam a divulgar na primeira semana de fevereiro seus resultados do último trimestre e de todo o ano passado, mas o foco dos agentes financeiros estará voltado de fato para as perspectivas para 2025 presentes nos balanços e declarações de executivos ao comentar os números.


“Para a maior parte (dos bancos), antecipamos alguma continuação das tendências anteriores – ou seja, alguma cautela na originação, provisionamento controlado e tendência ainda positiva para NII (margem financeira) com mercado – para a última parte do ano (passado)”, afirmaram analistas do Citi.


Mas, destacaram Gustavo Schroden e equipe do Citi, a maioria dos investidores se concentrará em narrativas para 2025, quando os analistas veem a combinação de condições macroeconômicas mais difíceis e um ciclo de crédito estendido reduzindo o espaço para revisões positivas nas previsões para os lucros.


“Nossas discussões com bancos apontaram recentemente para um tom mais moderado em direção a 2025, explicado principalmente por um cenário macro mais desafiador com taxas de juros mais altas e uma potencial desaceleração econômica”, reforçaram em relatório enviado a clientes na semana passada.


O Banco Central começou 2024 reduzindo a taxa Selic, mas reverteu o movimento, terminando o ano com um movimento de alta e sinalizando mais aperto em 2025, o que traz receios sobre o efeito no crescimento econômico e possíveis impactos em variáveis como inadimplência e concessões de crédito.


Economistas do Itaú mantiveram a previsão de expansão do PIB em 2,2% para 2025, mas a taxa representa uma desaceleração ante o crescimento estimado para 2024, de 3,6%. Para 2026, a previsão passou para 1,5%, de 2%, ano em que eles esperam que o efeito defasado da política monetária seja mais pronunciado.

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A equipe chefiada pelo ex-BC Mario Mesquita agora também prevê que a taxa Selic atinja o patamar de 15,75% ao ano ao final do primeiro semestre deste ano, de 15% anteriormente, e permaneça nesse nível até final. Para 2026, calculam queda da taxa de juros para 13,75%. Atualmente, a Selic está em 12,25%.


“Nós esperamos um cenário mais difícil para os bancos em 2025 na sequência de uma contração nas margens guiada pelo aumento dos custos de funding”, reforçaram analistas do Safra, chamando a atenção para a deterioração na perspectiva fiscal brasileira e aumento na inclinação positiva da curva de juros.


Lembrando que, no varejo, os juros dos empréstimos normalmente levam seis meses para se ajustar aos rápidos aumentos da Selic, os analistas do Safra apontaram que, esse atraso, combinado com novos limites impostos em linhas de crédito rotativas, provavelmente agravará a compressão de margem em 2025.

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“Como os ‘incumbentes’ não estavam aumentando agressivamente o portfólio recentemente, acreditamos que a inadimplência aumentará, mas não esperamos que a qualidade dos ativos individuais seja um problema”, acrescentaram Daniel Vaz e Maria Luisa Guedes em relatório no último dia 14.


Na ocasião, eles cortaram a recomendação das ações do Bradesco (BBDC4) para “neutra”, citando pressão em margens e menor visibilidade para a recuperação do ROE. Itaú (ITUB4) permaneceu com “outperform”, assim como BB (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11) continuaram com classificação “neutra”. Todos os preços-alvo foram reduzidos.


O Santander Brasil, como de costume, inicia a temporada de balanços do setor no próximo dia 5, antes da abertura do mercado no Brasil. Itaú Unibanco divulga na mesma quarta-feira, mas após o fechamento. Bradesco reporta no dia 7 e Banco do Brasil em 19 de fevereiro.

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Analistas do Itaú BBA liderados por Pedro Leduc também afirmaram que a safra de resultados quarto trimestre deve ser de modo geral positiva para o setor, uma vez que indicadores macroeconômicos permaneceram aquecidos no final do ano.


“No entanto, não vamos nos empolgar, pois os ventos contrários da atividade estão aumentando. As divulgações do quarto trimestre devem importar muito menos do que os indicadores subjacentes ou comentários da administração para 2025”, afirmaram em relatório neste mês.


Os analistas do Itaú BBA também rebaixaram na ocasião a recomendação para Bradesco, para “market-perform”, enquanto manteve Santander Brasil com “outperform” e BB com “market-perform”.

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Estimativas sobre o resultado do quarto trimestre de 2024 compiladas pela Lseg apontam lucro líquido de 10,882 bilhões de reais para o Itaú, de 5,346 bilhões para o Bradesco, de 9,550 bilhões para o Banco do Brasil e de 3,719 bilhões para Santander Brasil.


Um ano antes, Itaú teve lucro líquido recorrente de 9,401 bilhões de reais, Bradesco registrou 2,878 bilhões, Banco do Brasil apurou 9,012 bilhões e Santander Brasil apresentou 2,204 bilhões.