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A temporada de balanços corporativos ganha força nos Estados Unidos nesta sexta-feira (14) e grandes bancos serão os primeiros a apresentar resultados referentes ao quarto trimestre de 2021. JPMorgan, Wells Fargo, Citigroup e Goldman Sachs divulgarão suas demonstrações financeiras pela manhã, antes da abertura dos mercados.
“Com isso, se inicia um novo teste para um mercado abalado pela perspectiva de aumentos mais rápido das taxas de juros pelo Federal Reserve”, escreveram os analistas da XP, que disponibilizou um calendário com as datas dos resultados.
Para Guilherme Zanin, estrategista-chefe da Avenue Securities, o setor financeiro americano deve continuar voando em “céu de brigadeiro”. “A gente deve ver bancos aproveitando o movimento de juros futuros para ganhar dinheiro e diminuindo provisões, o que aumenta o lucro líquido das instituições”, afirma.
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Os analistas também acreditam que a performance de ações do setor, que tiveram bom desempenho no ano passado, teria espaço para obter mais ganhos, caso os resultados do quarto trimestre surpreendam positivamente.
O Credit Suisse projeta alta de 2% no lucro por ação das companhias do setor financeiro e queda de 4% nas margens. Porém, os analistas ressaltam que deve haver grande diferença de desempenho dentro do segmento. Para bancos regionais, a previsão é de aumento de 20% no lucro por ação. Já para bancos de investimento, é esperada uma queda de 8%.
O Morgan Stanley destaca o desempenho da American Express, que deve apresentar resultados no próximo dia 24 de janeiro, com um crescimento de receita superior a 25% na comparação anual. “O crescimento de receita de American Express deve ser manter como o mais forte entre todos os bancos”, escreveram os analistas.
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A equipe de análise do Morgan também acredita que a administração das instituições financeiras deve apresentar perspectivas acima do consenso de mercado para 2022, com o aumento dos juros e uma aceleração nos volumes de empréstimos.
Lucros devem crescer em menor ritmo
O Credit Suisse prevê um crescimento de 13% nas receitas e de 20% no lucro por ação das companhias pertencentes ao S&P500, na comparação anual. Essas altas, porém, devem acontecer em ritmo menor que o do terceiro trimestre de 2021, quando as receitas cresceram 17% e o lucro por ação avançou 39% em relação ao mesmo período em 2020.
Em seu último relatório com previsões sobre a temporada de balanço antes do início da divulgação dos resultados, o Bank of America (BofA) prevê um crescimento de 24% no lucro por ação das companhias, de maneira geral, comparando com o quarto trimestre de 2020. Segundo o banco, os números devem ser impulsionados por dados econômicos melhores que o esperado e também com indicações de vendas de final de ano mais fortes que o esperado em relação ao consenso de mercado.
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“Apesar da pressão do aumento dos custos, as empresas do S&P 500 entregaram outro trimestre forte, mantendo margens em níveis recordes. Mas o quarto trimestre é, sazonalmente, um trimestre mais fraco para margens e vemos sinais de que as companhias contraíram custos adicionais para atender a demanda das festas de fim de ano”, diz o relatório. O BofA destaca o impacto do aumento dos salários, que representam 40% dos custos das companhias.
“As pressões da cadeia de suprimento pode ser mais moderada [em 2022], mas a continuidade no aumento dos salários e uma desaceleração nas condições macroeconômicas poderão pesar sobre as margens”, escreveram os analistas do BofA.
Depois dos bancos, a temporada de balanços vai continuar com os resultados das empresas de tecnologia e consumo. Ainda que o quarto trimestre tenda a ser mais forte em termos de venda, o estrategista-chefe da Avenue acredita que o crescimento não deve ter a mesma magnitude da primeira metade de 2021.
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“O começo do ano passado teve uma recuperação muito forte, com a volta do consumo. O crescimento se deu em cima de uma base de comparação fraca [de 2020, com o começo da pandemia], então é difícil crescer na mesma proporção”, explica Guilherme Zanin.
Impacto da inflação será moderado?
Zanin também afirma que a escalada da inflação nos Estados Unidos não deve ter o mesmo impacto que a alta dos preços produziu nas empresas de consumo no Brasil. Isso porque as companhias do setor de consumo ainda conseguem repassar preços ao consumidor final, sem sentir efeitos tão negativos nas vendas. Porém, a inflação mais alta já deve se refletir nos resultados de empresas do setor imobiliário.
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“Vemos uma alta significativa dos preços dos imóveis nos Estados Unidos e o custo do aluguel aumentou bastante. É um setor que não deve crescer de forma tão forte e as próprias imobiliárias e construtoras já começam a dar sinais que esperam um quarto trimestre mais fraco”, diz Zanin.
Para as ações de setores cíclicos (mais vulneráveis a indicadores macroeconômicos), o Credit Suisse prevê crescimento de lucro por ação robusto, da ordem de 97% e alta de 70% nas margens. Para os setores cíclicos, a previsão é de avanço de 11% e crescimento de margem de 2,6%.
Os analistas do banco preveem ainda um crescimento de lucro por ação de 11% para empresas de tecnologia e uma redução de margem de 2,4%.
De maneira geral, o Credit espera também que o lucro das empresas de valor (negociada a múltiplos baixos) cresça 26% no quarto trimestre. Para empresas de crescimento (negociadas a múltiplos altos), a previsão de alta de 16% nos lucros do quarto trimestre.
Setores fora da curva
Os analistas do Credit também elencam os segmentos que devem ficar fora da curva. O destaque positivo é o setor de energia, que acumulou prejuízo de US$ 393 milhões no quarto trimestre de 2020, de acordo com os cálculos do Credit, e deve registrar lucro de US$ 27,7 bilhões no quatro trimestre de 2021.
Para se ter uma ideia, a expectativa é de que o lucro das empresas do S&P 500 tenha crescido 22% nos três últimos meses do ano passado. Retirando as empresas de energia da conta, o crescimento seria de 14%. Já o setor aéreo deve prejudicar a performance do segmento “industrials”, levando a taxa de crescimento do setor de 52% para 16%.
O segmento de consumo discricionário (não essencial), por sua vez, deve ser impactado pela queda de 65% no lucro por ação das empresas de varejo on-line.
“O e-commerce, que ganhou muito destaque na pandemia, acabou ficando às margens em 2021, mesmo crescendo no período de Black Friday. E nós esperávamos por um crescimento maior, até porque a pandemia não terminou por completo”, acrescenta Zanin, da Avenue.
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