Copa do Mundo: o que é verdade e o que é mito sobre o impacto do evento no mercado de ações brasileiro

No final, para os analistas, maior parte dos impactos tende a não ser muito relevante para as empresas, enquanto volume da B3 deve cair durante jogos

Vitor Azevedo

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A Copa do Mundo começou no dia 20 de novembro e irá até o dia 18 de dezembro e, ao mesmo tempo que o ânimo se espalha com os jogos, investidores e empresários tentam entender como o maior evento esportivo do mundo pode impactar seus aportes e os seus negócios.

O Bank of America, em relatório, tentou separar o que é mito e o que é verdade nesta frente.

Talvez o ponto mais polêmico do documento seja que, para os analistas do banco americano, não é verdade que a Copa do Mundo impulsione as vendas de eletrodomésticos – o que melhoraria os resultados de companhias como a Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3).

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“As TVs tendem a ser itens com margens pequenas e a maior parte da lucratividade vem dos financiamentos ao consumidor, com margens mais altas e garantias estendidas”, dizem os especialistas. “Espera-se também que os horários dos jogos reduzam o tráfego de pedestres nas lojas, mitigando qualquer aumento dessa alta das vendas”.

Na mesma linha, o banco afirma acreditar ser um mito que a Copa do Mundo aumentará as vendas de planos de TV por assinatura e de internet, o que poderia beneficiar companhias como a Vivo (VIVT3).

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“Embora possa haver um aumento marginal nas vendas de pacotes, não esperamos que isso tenha um impacto material nas receitas, especialmente porque os consumidores podem tomar vantagem de ofertas únicas de pay-per-view. Além disso, muitos eventos esportivos são transmitidos em serviços de streaming, que podem se adequar melhor à demanda do consumidor”, explica o banco.

O último mito apontado, por fim, acaba sendo positivo para algumas companhias e negativo para outras.

No segmento de saúde, o BofA aponta o que pode ser enganoso para o setor. “É mito que procedimentos eletivos [programados] caiam significativamente durante a Copa do Mundo. Pelo menos pelas medidas de períodos anteriores, não há evidência disso” pontua o banco, citando números disponibilizados pela Fleury (FLRY3) de 2010 a 2018. “Esperamos uma redução temporária em alguns procedimentos específicos, mas não vemos impacto relevante nos fundamentos das empresas”.

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Planos de saúde costumam ser impulsionados positivamente por períodos com menos processos eletivos. Mas, como não há mudança considerável nos números, companhias como a SulAmérica (SULA11) e Hapvida (HAPV3) não devem ver sua sinistralidade cair. Redes de hospitais, como a Rede D’Or (RDOR3), por sua vez, não devem ver seu faturamento recuar.

Entre as verdades, menor volume de negócios e “Brasil parado”

Do lado das verdades, o BofA aponta que a Bolsa brasileira, nos últimos 20 anos, sempre viu seu volume de negócios cair, em média, 17% no período da Copa do Mundo e cerca de 36% nos dias marcados por jogos da Seleção Brasileira.

“Contudo, não esperamos que a queda no volume de negócios durante a Copa do Mundo seja significativa para os resultados da B3 (B3SA3), nem deve puxar o desempenho geral do mercado”, defendem.

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Na frente de serviços públicos, os analistas destacam que é verdade que o Brasil para para assistir aos jogos e que houve, nos últimos eventos, um recuo do consumo de energia de cerca de 20% nos dias marcados por partidas. Isso, porém, também não tem impacto relevante – uma vez que o tempo das partidas representa uma fatia pequena do total de horas do ano.

Quem pode sofrer mais pelo fato de as pessoas ficarem em casa para assistirem aos jogos são os shoppings, as lojas de rua e, até mesmo, o setor de construção civil.

“É verdade que os consumidores ficam em casa e acreditamos que haverá uma redução considerável no tráfego de pedestres mesmo com os shoppings abertos. As operadoras mencionam uma redução histórica de vendas em dias de jogo de até 50% dependendo da categoria e horário de jogo, pois as compras em shoppings tendem a ser oportunistas, o que se estende a construtoras, com estandes vazios”, pontuam. “No entanto, os consumidores, muitas vezes, apenas adiam suas compras e o impacto, para nós, também é limitado”.

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Se a comemoração é negativa para alguns setores, para a Ambev (ABEV3) o BofA vê como verdade que os jogos podem ser benéficos para a companhia, mas com contrapontos.

“Os volumes devem ser sólidos, em parte pelo fato de os jogos estarem sendo disputados, pela primeira vez, durante o verão brasileiro e com a maioria das partidas acontecendo às 16h (horário de Brasília), o que deve fazer os consumidores a lotarem os bares”, defendem. “Ao mesmo tempo, é provável que a Ambev, porém, aumente seus gastos com marketing e latas, com as vendas adicionais tendo efeito marginal na lucratividade”.

Por fim, a última verdade que o BofA apresenta é que as remessas de caixas [de papelão] são maiores em anos de Copa do Mundo.

“As remessas de caixas são 12% maiores em média durante os anos do evento na comparação com os três anos anteriores”, expõe. “A demanda tende a ser impulsionada por vendas mais fortes de produtos como camisas da seleção, bolas de futebol, TVs, alimentos e cerveja”.

Isso, de alguma forma, pode beneficiar, de forma pontual, companhias do setor de celulose como a Suzano (SUZB3) e a Klabin (KLBN11).

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