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A Braskem (BRKM5), maior produtora de petroquímicos do Brasil, apresentou no Investor Day 2024, em São Paulo, sua estratégia para garantir crescimento sustentável e enfrentar os desafios do setor petroquímico. Com a expansão no segmento de produtos biológicos e reciclagem, a companhia disse no evento que projeta uma geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de US$ 600 a 800 milhões anuais até 2030, impulsionada pela demanda crescente por soluções sustentáveis.
Os analistas do JPMorgan e do Santander destacaram as apostas da empresa em sustentabilidade, inovação e diversificação para superar o atual ciclo econômico considerado difícil. A empresa, que já não depende mais do mercado brasileiro como antes, tem explorado novas apostas para sustentar seu crescimento.
De acordo com os analistas do JPMorgan, a companhia adotou uma estratégia forte de diversificação de suas operações, incluindo uma maior presença nos mercados norte-americano e europeu, além de estar investindo fortemente em iniciativas voltadas para a sustentabilidade.
A companhia, menciona o banco, quer reduzir sua dependência de nafta, utilizando etanol e outros insumos renováveis para a produção de polietileno verde, com um objetivo ousado de expandir a produção de 260 mil toneladas para 1 milhão de toneladas até 2030.
No entanto, o Santander alerta que a Braskem enfrenta o aumento da oferta de produtos petroquímicos, especialmente da China, pressionando o mercado global. Para os analistas do banco, esse ciclo de baixa nas margens exige uma racionalização da indústria, com a Braskem projetando uma redução de 20% de sua capacidade no médio a longo prazo para impulsionar a utilização das plantas e, consequentemente, as margens de lucro.
Sustentabilidade e inovação
Entre as estratégias da Braskem, os analistas pontuam o foco em sustentabilidade e inovação como destaque. A empresa já reduziu sua dependência de nafta de 80% para 35%, e busca ser líder no mercado de materiais sustentáveis. O plano da Braskem inclui aumentar a capacidade de reciclagem e bioquímicos, com a meta de atingir 1 milhão de toneladas de conteúdo reciclado anualmente até 2030, além de expandir sua produção de polipropileno verde, conforme o Santander.
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No México, a Braskem também investe em um terminal de importação de etano, que deve aumentar a capacidade e reduzir os custos logísticos. A previsão é que esse projeto seja concluído até o primeiro trimestre de 2025, potencializando a produção e gerando um Ebitda adicional de US$ 70 milhões.
No Investor Day, a empresa disse que o investimento na expansão da planta no país também está sendo considerado, com uma possível elevação de 20% na capacidade de produção de etano, o que poderia resultar em um Ebitda adicional de US$ 100 milhões por ano.
Nos Estados Unidos e Europa, a Braskem disse que segue com suas operações em expansão, aproveitando a flexibilidade na obtenção de matérias-primas e aumentando sua participação no mercado de bioplásticos e reciclagem. A empresa prevê capturar US$ 20 a 30 milhões em Ebitda com suas iniciativas de biotecnologia e reciclagem na Europa.
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Planejamento de desinvestimentos
No Brasil, a Braskem enfrenta a alta entrada de produtos chineses no mercado e a necessidade de otimizar seus custos. A empresa ainda depende em grande parte do mercado sul-americano, que representa 68% de seu Ebitda, e busca formas de reduzir seus custos e melhorar a rentabilidade. Para os analistas do Santander, a empresa está em um processo de racionalização, focando em produtos de maior valor agregado, como os bio-based, para enfrentar a concorrência e garantir a recuperação das margens de lucro.
Outro ponto crítico é o desinvestimento em Alagoas, onde a Braskem tem trabalhado para resolver questões socioambientais relacionadas à sua atividade na região. A empresa projeta concluir as obras de estabilização e compensação até 2027, com uma provisão de R$ 4,8 bilhões para garantir a continuidade do processo.
Os analistas apontam que as iniciativas colocam a Braskem em uma posição favorável para enfrentar possíveis dificuldades e se manter competitiva no longo prazo.