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Após rebaixar o Brasil em novembro de overweight (OW, exposição acima da média dentro de América Latina) para neutro em novembro, o JPMorgan voltou a ter exposição acima da média para o mercado doméstico dentro de América Latina. Enquanto isso, o banco americano cortou a recomendação sobre as ações de empresas do México para neutro.
Nas últimas 15 semanas, o México superou o Brasil em 15,4%, com os estrategistas embolsando assim o lucro com essa negociação, elevando agora o Brasil para OW e rebaixando o México de OW para neutro.
“Nosso raciocínio é que os fatores que nos levaram a elevar o México estão agora para trás e novos estão em jogo, o que pode ajudar o Brasil”, apontam Emy Shayo e equipe, ressaltando que ambos têm avaliações bastante atrativas e um posicionamento relativamente baixo.
Os estrategistas avaliam que agora: 1) o cenário global agora beneficia o Brasil (desde que os EUA não entrem em recessão); 2) o Brasil pode estar mais perto do que o esperado do fim do ciclo de alta de juros, o que deve ser um gatilho muito importante para as ações; e 3) o impulso da China deve trazer mais recursos para os mercados emergentes, provavelmente beneficiando mercados mais ligados à China, como o Brasil.
O Banco Central do Brasil deve realizar o terceiro aumento consecutivo de 100 pontos-base na taxa básica de juros em reunião deste mês, levando a Selic a 14,25%, o maior nível em mais de oito anos.
“No entanto, é bem possível que haja uma pausa depois disso (referindo-se à reunião de março)”, acrescentou o JPMorgan.
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A guerra comercial de Trump com a China beneficiará o Brasil, o maior exportador mundial de soja, algodão, carne bovina e carne de frango, e o mercado espera que o país envie mais produtos para a China, já que as empresas do país buscam importações livres de tarifas.
Por último, mas não menos importante, as eleições de 2026 estão longe, mas trazem um elemento de atratividade, embora o risco esteja longe de ser insignificante.
Desaceleração no México
Sobre o México, o banco destaca que o que mais o “incomoda” é a desaceleração muito acentuada do crescimento, que provavelmente afetará o PIB, pelo menos no primeiro semestre do ano.
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Além disso, o México está mais exposto a tarifas dos EUA, que continuam sendo uma questão fundamental e, embora ainda acredite que o jogo final não será mais do que tarifas seletivas, pode levar algum tempo para saber as resoluções finais.
Os investidores locais do México também apareceram como bastante negativos em recente viagem ao país.
No mês passado, dados mostraram que a economia mexicana encolheu no quarto trimestre pela primeira vez em mais de três anos, com o banco central do país esperando, na melhor das hipóteses, um fraco crescimento este ano e economistas vendo riscos severos à frente, incluindo tensões comerciais com o governo de Donald Trump.
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As tarifas de 25% impostas por Trump sobre importações do México e do Canadá entraram em vigor na terça-feira, juntamente com novas taxações sobre produtos chineses. Entretanto, dois dias depois, Trump isentou muitas importações do México e algumas do Canadá por um mês, a mais recente reviravolta em uma política comercial tumultuada.
“É importante observar que vemos essa mudança como tática e não estrutural, considerando que as questões domésticas que nos levaram a rebaixar o Brasil em primeiro lugar (fiscal ruim) estão muito vivas”, aponta o JPMorgan.
Os estrategistas ressaltam que continuam com uma alocação um tanto defensiva em ambos os países, mas preferem agora ficar mais expostos a proxies de títulos no Brasil do que aos exportadores. Também gostam de bancos e serviços públicos – no México, as preferências setoriais permanecem inalteradas: produtos básicos (especialmente engarrafadores), imóveis e finanças.
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(com Reuters)